segunda-feira, 18 de junho de 2012


             7
INTENÇÕES POSITIVAS


Durante a Segunda Guerra Mundial, no auge da expansão japonesa no Pacífico,
havia pelotões de japoneses em milhares de ilhotas espalhadas por uma imensa área do
oceano. Quando a guerra tomou outro rumo, muitas dessas ilhotas foram invadidas e
ocupadas. Algumas, porém, nem foram visitadas. Em muitas dessas pequenas ilhas,
grupos de soldados, ou sobreviventes isolados, esconderam-se em cavernas inacessíveis.
Alguns anos depois, a guerra terminou. Porém, como nem sequer tomaram
conhecimento do fato, alguns desses sobreviventes continuaram a lutar, mantendo suas
armas enferrujadas e uniformes rasgados da melhor maneira que podiam, totalmente
isolados, na esperança de voltar a se reunir ao seu batalhão.
Nos anos que se seguiram à guerra, muitos desses soldados foram descobertos por
terem atirado em pescadores ou barcos cheios de turistas, ou foram encontrados pelos
moradores das ilhas. À medida que os anos passavam, eram descobertos cada vez
menos soldados. O último foi encontrado há quinze anos, cerca de trinta anos após o
término da guerra.
Imaginem a posição desse soldado. O governo de seu país o havia chamado,
treinado e enviado para uma ilha selvagem, para defender e proteger seu povo contra
uma ameaça externa. Como cidadão leal e obediente, ele sobreviveu a inúmeras
privações e batalhas durante os anos da guerra.
Com o fim do conflito, ele foi deixado para trás, sozinho ou junto com alguns
poucos sobreviventes. Durante todos aqueles anos, levou adiante a batalha como podia,
passando por terríveis privações. Apesar do calor, dos insetos e das chuvas tropicais, foi
em frente, obedecendo às instruções que lhe foram dadas tantos anos antes.
Como deveria esse soldado ser tratado ao ser encontrado? Seria fácil rir dele e
chamá-lo de estúpido por ter continuado a lutar numa guerra que terminara há trinta
anos.
Sempre que um desses soldados era descoberto, porém, o primeiro contato era
sempre feito com muito cuidado. Algum ex-oficial de alta patente tirava do armário seu
velho uniforme e sua espada de samurai e tomava um antigo navio militar até o local
onde o soldado havia sido localizado. O oficial entrava pela mata, chamando o soldado,
até encontrá-lo. Quando se viam frente a frente, o oficial, com lágrimas nos olhos,
agradecia ao soldado sua lealdade e sua coragem por continuar a defender o seu país
durante todos aqueles anos. Em seguida, pedia-lhe que contasse suas experiências e
dava-lhe as boas-vindas. Somente algum tempo depois, com muita delicadeza, contava-
se ao soldado que a guerra tinha terminado, que o país estava novamente em paz e que

Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
Acesse – www.megacursos.com.br -
62
não era necessário que ele continuasse a lutar. Ao voltar para casa, o soldado era
recebido com honras militares, desfiles e medalhas. A multidão agradecia-lhe sua luta
árdua e comemorava sua volta ao seio do seu povo. (Agradecemos a Greg Brodsky, que
nos contou essa história em 1977.)
Quem são os soldados?
De um ponto de vista, os soldados perdidos agiram de forma estranha e louca, por
terem continuado a lutar uma guerra que terminara há muito tempo. Porém, sua intenção
era positiva: proteger e defender o seu país. Embora dessem o melhor de si e apesar da
utilidade inicial do seu comportamento, não havia mais razão para lutar, já que a guerra
havia terminado.
De vez em quando, todos nós somos como esses soldados perdidos. Temos
sentimentos e comportamentos que serviam a um propósito útil quando éramos jovens e
continuamos a mantê-los mesmo quando não são mais necessários.
Há pessoas que se surpreendem lutando com seus pais muito tempo após a morte
deles. Às vezes nos pegamos usando no local de trabalho comportamentos criados para
lidar com um irmão mais velho, ou com o chato da escola. Pessoas que sofreram maus-
tratos aprendem tão bem a desconfiar dos outros que têm dificuldade em confiar
naqueles que as amam profundamente.
Todos nós às vezes temos atitudes que consideramos estúpidas ou limitadoras —
que atrapalham nosso caminho. Às vezes, ficamos zangados ou sem graça mesmo
quando sabemos que não vale a pena nos sentirmos assim. Por vezes, também vemos
nossos inimigos e parentes agindo de forma estranha e estúpida e pensamos: "Se eles
pudessem compreender melhor..."
Em geral, tentamos "nos livrar" desses comportamentos ou sentimentos e nos
criticamos profundamente. "Ora, você deveria ser capaz de parar de fumar!" "Não há
razão para não ter mais confiança em si próprio." "Fico tão chateado por ter essas
enxaquecas!" Normalmente não conhecemos a utilidade original que está por trás desses
sentimentos e comportamentos. Apenas sabemos que essas reações nos atrapalham.
Ao invés de simplesmente "tentar" mudar, é possível agora usar um método de
PNL chamado de "Remodelagem em Seis Etapas". Seu aspecto mais importante é que
partimos de um pressuposto pouco comum: o de que
todo comportamento ou
sentimento, mesmo que pareça estranho ou estúpido, tem algum propósito ou intenção
positiva.

Há quem ache isso ridículo, mas é um pressuposto poderoso, que possibilita
grandes curas internas. Ele nos ajuda a transformar problemas e limitações em pontos
positivos e aliados, e constitui a base para uma mudança comportamental. Também nos
ajuda a entrar mais em contato com todos os "lados" que compõem o nosso ser.
Remodelando uma pseudo-endometriose
Quando estávamos aprendendo este método, há alguns anos, fiz um trabalho com
uma moça, Martha, que tinha sintomas físicos que não capitulavam ante os esforços
médicos. Os médicos de Martha descreviam seus sintomas como uma "pseudo-
endometriose", porque, apesar de parecerem com uma endometriose, eram ligeiramente
                                   Este arquivo compõe a coletânea STC
                                www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br

Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
Acesse – www.megacursos.com.br -
63
diferentes. O que acontecia era que seu período menstrual nunca parava ou começava de
verdade. Ela tinha leves sangramentos o tempo todo e sua pressão sangüínea era
elevada. Os médicos queriam que ela fizesse uma histerectomia, caso os sintomas não
desaparecessem logo.
Depois de ter-me certificado de que ela estava usando todos os recursos médicos à
sua disposição, passei a trabalhar partindo do princípio de que algum lado dela estava
criando aqueles sintomas. Usando o método que descreveremos mais detalhadamente a
seguir, descobri que havia um lado dela que não desejava mais ter filhos. Este lado
queria que ela gozasse plenamente a vida e deixasse de cuidar tanto dos outros.
Martha sempre havia sido uma "super-mãe", cuidando de um marido deprimido e
da filha de dez anos. Um anos antes, tinha pensado em ter um segundo filho, mesmo
estando separada e sabendo que teria de criar esse filho sozinha. Entretanto, na época
estava acima do peso e não queria ficar grávida enquanto não voltasse ao peso normal.
Tratou de emagrecer e, quando chegou ao peso ideal, começou a pensar seriamente em
ficar grávida. Foi então que os sintomas começaram. Eles a impediriam de engravidar,
pois não queria que isso acontecesse enquanto sua menstruação estivesse anormal. Era
até provável que esses sintomas tornassem a gravidez impossível.
Enquanto digeria a mensagem de que já tinha responsabilidades em excesso e que
era chegada a hora de desfrutar melhor sua vida, Martha deu-se conta de que esse seu
lado tinha razão. Apesar dos prazeres e satisfações de criar um filho, existiam também
muitas outras atividades nas quais ela poderia se divertir plenamente sem assumir novas
responsabilidades. Esse seu lado havia sido mais sábio, e ela concordou com ele.
Na semana seguinte, durante uma visita médica de rotina, sua pressão sangüínea
havia caído, surpreendendo Martha e os médicos. Duas semanas depois, sua
menstruação regularizou-se e permaneceu normal. Da última vez que a vi, cinco anos
depois, ela contou que nunca mais tinha tido os sintomas.
Embora tenhamos tido sucesso com este método em vários outros sintomas
físicos, insistimos com as pessoas que utilizem plenamente os recursos médicos. Com
outra moça que tinha sintomas semelhantes, a Remodelagem em Seis Etapas não os
alterou. Entretanto, produziu algumas mudanças valiosas em seu bem-estar geral. Ela
entrou em contato com um lado seu que queria que ela cuidasse melhor de si mesma.
Depois da remodelagem, ela ficou contente em se ver reagindo às suas necessidades de
maneira mais natural e automática. Os médicos conseguiram finalmente identificar uma
rara deficiência em vitamina K, que é responsável pela coagulação do sangue e pela
convalescência. Injeções dessa vitamina conseguiram eliminar totalmente os sintomas.
Lados internos
Quando falamos em "lados internos" ou simplesmente "lados" de uma pessoa, é
importante compreender que não estamos falando em pequenas criaturas que habitam
dentro de nós ou de um lado específico do nosso corpo. "Lado" é apenas uma maneira
de descrever a experiência que todos nós sentimos quando estamos divididos, ou em
conflito. Queremos fazer uma coisa, mas também queremos fazer outras. Por exemplo,
queremos parar de perder a paciência, porém ficamos automaticamente muito zangados
em certas ocasiões. Como ainda
tenho
paciência, é como se um "lado" meu menos
consciente continuasse a ficar zangado, enquanto outro lado, mais consciente, não
                                   Este arquivo compõe a coletânea STC
                                www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br

Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
Acesse – www.megacursos.com.br -
64
gostasse de agir assim. Se desejo parar de fumar e não consigo, é como se um lado meu
quisesse fumar, enquanto outro lado não gosta de fumar. Sempre que alguém passa por
esse tipo de conflito, podemos usar a palavra "lado" para definir um grupo de
sentimentos ou comportamentos que representa um lado nosso, sem entretanto
representar todo o nosso ser.
Como superar a timidez
Jerry queria sentir-se mais seguro com as mulheres. Era um rapaz tímido e
nervoso quando havia mulheres por perto — sobretudo se elas fossem atraentes. Queria
encontrar alguém de quem realmente gostasse, casar-se e formar uma família. Isso
parecia impossível, a não ser que conseguisse se libertar da timidez. Ele raramente
chegava à etapa número l — sair com uma moça —, a não ser que alguém arranjasse o
encontro.
Durante anos, Jerry tentara vencer sua timidez. Achava-se "nervoso" e "inseguro".
E, no entanto, era sem dúvida um homem inteligente, que tinha muito a dar.
Ao trabalhar com Jerry, primeiro conversei com ele sobre como encarar sua
timidez de forma mais positiva. Sugeri que o lado dele que o fazia sentir-se tímido na
verdade tinha um propósito positivo importante. Era um lado que queria algo valioso e
útil para ele, mesmo que ainda não soubéssemos do que se tratava. Até então, Jerry
havia apenas lutado contra esse seu lado e vivia dizendo a si mesmo o quanto se achava
estúpido. E agora eu lhe dizia que esse seu lado tinha uma certa sabedoria, valiosa de
alguma maneira. O lado de Jerry que o fazia sentir-se tímido sentiu-se reconhecido e
gostou do que eu dissera.
Ao guiar Jerry através da Remodelagem em Seis Etapas (que será descrita mais
adiante neste capítulo), logo vimos que seu lado que o fazia sentir-se tímido realmente
queria que ele não fizesse papel de bobo diante de mulheres atraentes. Esse seu lado
tinha medo de que ele dissesse ou fizesse algo "estúpido". Quando perguntei a esse seu
lado: "E o que você está, tentando fazer
por Jerry,
que seja
positivo
e evite que ele faça
papel de bobo? O que você quer que ele faça?", a resposta foi: "Quero que ele se sinta
mais íntimo das pessoas". Jerry ficou surpreso ao ouvir isso. Embora conscientemente
estivesse lutando contra esse seu lado, parecia que ele queria exatamente o que Jerry
queria conscientemente — maior intimidade. A
maneira
como Jerry tentava se
aproximar dos outros — espremendo-se contra as paredes e sentindo-se tímido — não
estava funcionando muito bem. Entretanto, tínhamos recebido um sinal consciente e
inconsciente a respeito do objetivo desejado. No nível da
intenção,
o conflito havia
desaparecido.
Um dos aspectos mais poderosos da Remodelagem em Seis Etapas é que ela
fornece uma maneira de se chegar a esse acordo inconsciente e consciente. Mesmo
que
façamos
exatamente o oposto daquilo que queremos, ao vermos
o propósito positivo
que têm esses nossos lados, eles passam a ser aliados valiosos e poderosos. Em geral,
esses lados se desenvolveram quando éramos crianças. Embora tenham objetivos
positivos, seus
métodos
são geralmente infantis, anacrônicos e contraproducentes.
Quando se chega a um acordo sobre a intenção positiva, é possível encontrar novas
opções de comportamento e sentimento para atingir melhores resultados. Toda a energia
usada no conflito é redirecionada de uma maneira mais produtiva.
                                   Este arquivo compõe a coletânea STC
                                www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br

Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
Acesse – www.megacursos.com.br -
65
Esta foi a próxima etapa de Jerry. Conhecíamos a intenção positiva daquele seu
lado que o fazia sentir-se tímido, e Jerry estava totalmente de acordo com essa sua
intenção. Agora, era só uma questão de usar seus recursos inconscientes para gerar
novas e melhores soluções. Perguntei a Jerry se tinha consciência de um lado criativo
seu, e ele respondeu que sim. O próximo passo seria gerar comportamentos alternativos
para atingir a intenção positiva.
"Jerry, vá para dentro de si mesmo e peça a esse seu lado que deseja ser mais
íntimo das pessoas que vá ao encontro do seu lado criativo e peca-lhe para criar outras
maneiras possíveis de conseguir essa intimidade. Algumas dessas maneiras não
funcionarão, outras talvez sejam apenas medíocres, enquanto outras serão muito
eficientes. A função do seu lado criativo não é julgar a eficácia dessas formas, mas
simplesmente criar opções. O seu lado que costumava ser tímido e quer se aproximar
mais das pessoas selecionará
apenas
as opções que funcionem pelo menos tão bem ou
melhor
do que a que o fazia agir com timidez. Ele lhe dará um sinal afirmativo quando
obtiver três novas opções."
Com um pouco mais de orientação, o lado de Jerry logo deu o sinal, indicando que
tinha três novas formas mais eficazes de se aproximar das pessoas do que a timidez.
"Isto é bem interessante", disse Jerry. "Uma das idéias que me veio à mente foi a
de simplesmente pensar no que poderia fazer quando visse uma mulher atraente. É
como se eu assistisse a um filme em que me aproximasse e fizesse alguma coisa. Antes
eu pensava nela franzindo as sobrancelhas ou algo parecido. A segunda idéia foi a de
uma voz interior dizendo-me para me apresentar e dizer alguma coisa. A terceira levou
um pouco mais de tempo, e gosto muito dela. É a de rir de mim mesmo. Não rir em voz
alta, mas adotar uma atitude diferente sobre o fato de cometer pequenos erros.
"Nada disso parece muito intelectualizado", completou, "mas acho que pode dar
certo. Sinto-me bem diferente a esse respeito."
O que Jerry disse faz sentido. O que faz com que o método funcione não são
idéias profundas, mas o fato de o "lado de Jerry que antes era tímido" ser redirecionado
para encontrar melhores formas de satisfazer suas intenções. Este lado não está mais
limitado pela timidez — que antes era a sua única opção. Passou a ser "bem recebido" e
a ter opções mais atualizadas. A mente consciente de Jerry talvez tivesse tentado essas
mesmas opções anteriormente, porém, como o lado inconsciente teria se oposto, não
havia como levá-las a cabo. Até que o lado inconsciente de Jerry estivesse integrado ao
seu comportamento, mesmo uma boa solução seria desperdiçada.
Posteriormente, Jerry avisou que estava conseguindo sair com mulheres, sentindo-
se à vontade e aprendendo a conhecê-las.
Quando a Remodelagem em Seis Etapas pode ser usada
A remodelagem pode ser aplicada a praticamente qualquer comportamento ou
sentimento que a pessoa gostaria de modificar.
1. Comportamentos e hábitos. Todos nós fazemos coisas de que não gostamos.
Algumas pessoas têm hábitos de fumar, beber ou comer em excesso que causam
problemas.
                                   Este arquivo compõe a coletânea STC
                                www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br

Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
Acesse – www.megacursos.com.br -
66
2.  Sentimentos ou emoções. Ocasionalmente, reagimos com sentimentos de que
não gostamos: zanga, depressão, intimidação, impaciência, ressentimento etc.
3. Sintomas físicos. A Remodelagem em Seis Etapas também é muito eficaz
quando os sintomas físicos contêm uma mensagem. Às vezes, uma dor nas costas, por
exemplo, pode ser um recado para diminuirmos nosso ritmo de trabalho. Uma dor no
ombro pode significar que estamos fazendo mais do que deveríamos. Uma enxaqueca
pode estar querendo nos dizer para irmos mais devagar e descansarmos mais. Muitas
pessoas que aprenderam a Remodelagem em Seis Etapas nos contaram que se tornaram
mais saudáveis, porque agora têm uma forma de prestar mais atenção às mensagens do
seu corpo. Reagem a essas mensagens reduzindo a tensão física — descansando,
fazendo mais exercícios físicos, cuidando melhor de si mesmas etc. Evidentemente,
sempre que surgir um sintoma físico, recomendamos que sejam usados os recursos
médicos adequados.
Como usar a Remodelagem em Seis Etapas
Para desfrutar das vantagens da Remodelagem em Seis Etapas, sente-se em uma
cadeira confortável e siga as etapas indicadas a seguir. É provável que você consiga
resultados completos ao seguir este processo. Mesmo quando não chegam ao final, as
pessoas sempre sentem os resultados benéficos das etapas que conseguem completar.
Em geral, é mais fácil alcançar resultados com a ajuda de alguém que conheça o
método. Outras instruções sobre como fazer com que o método funcione estão
disponíveis em nossos livros anteriores (l, 2).
Algumas das etapas do processo podem parecer um tanto estranhas. Nós as
achamos estranhas no início. Sempre dizemos: "A única razão para fazermos algo tão
estranho é que alcançamos resultados — em geral, de maneira fácil e rápida". O pior
que pode acontecer é nada, e com freqüência as pessoas obtêm novas opções para
problemas que as incomodaram durante anos.
Etapa nº 1. Escolha um comportamento ou sentimento de que não gosta. Talvez
você fume, coma demais, deixe tudo para a última hora ou sinta-se incapaz ou chateado,
as vezes, ou ainda sofra de algum problema físico. Escolha algo específico (X) e depois
pense "naquele seu lado que o faz fazer X".
Etapa nº 2. Inicie uma conversa com esse seu lado. Primeiro, vá para dentro de si
mesmo e peça desculpas a esse seu lado por não lhe ter dado a devida importância
antigamente. Diga-lhe que agora percebe que ele deseja fazer algo importante e
positivo
por você,
ao fazer X, mesmo que ainda não saiba exatamente qual seja esse propósito
positivo. Quanto mais delicado e educado você for com esse seu lado, mais ele estará
receptivo para se comunicar com você.
Agora, feche os olhos e faça em silêncio a seguinte pergunta:
"Será que este meu
lado que me faz fazer X estaria disposto a se comunicar agora comigo, de maneira
consciente?"
Após ter feito a pergunta, observe o que vê, ouve ou sente. Isso pode
parecer estranho, mas não há problema; apenas observe o que acontece. Geralmente,
recebemos vários sinais do nosso lado inconsciente: a imagem de uma pessoa ou de um
animal que sacode a cabeça, uma cor ou uma forma, sons ou palavras. Muitas pessoas
sentem uma sensação no corpo — um repuxamento na espinha, calor nas mãos ou no
rosto, um aumento dos batimentos cardíacos, ou algo diferente.
                                   Este arquivo compõe a coletânea STC
                                www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br

Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
Acesse – www.megacursos.com.br -
67
Talvez você sinta algum aspecto da antiga reação em relação ao problema. Por
exemplo, se estiver trabalhando com um lado que o faz sentir-se zangado, talvez sinta
um ponto de tensão no estômago ou um aperto no coração. Alguns sinais são tão
específicos e surpreendentes que
sabemos
imediatamente que há um outro lado nosso
que está se comunicando conosco. Às vezes, o sinal pode se parecer com os nossos
pensamentos e imagens normais. Assim que conseguir obter um sinal, pare para
agradecer ao seu lado por estar se comunicando.

Como a remodelagem funciona com os lados "inconscientes" das pessoas, é muito
importante que o sinal seja tal que
não possa
ser repetido através de um esforço
consciente. Isso lhe dará a certeza de que não está enganando a si próprio. Tente imitar
conscientemente o sinal que recebeu. Se não for possível, o sinal é válido, e você pode
passar à etapa seguinte. Se
for possível
repetir o sinal, diga simplesmente ao seu lado
interior: "Para que eu possa ter certeza de que estou me comunicando com você, preciso
receber um sinal que esteja realmente fora do meu controle. Como consegui repetir o
sinal que você acabou de me enviar, por favor escolha um outro que eu não consiga
repetir", e espere por uma nova resposta. A cada vez que o lado interior se comunicar,
agradeça-lhe a resposta — mesmo que ainda não a compreenda bem.
O que quer que veja, ouça ou sinta como resposta à sua pergunta, é necessário
saber o que significa o sinal — quando o lado que está se comunicando está dizendo
"sim" ou "não". Você deve ir para dentro de si mesmo e perguntar:
"Para que eu possa
saber exatamente o que você quer dizer, se isto é um sim, se está disposto a se
comunicar comigo em nível consciente, por favor aumente o sinal"
(luminosidade,
volume ou intensidade).
Se você quer dizer não, que não está disposto a se comunicar,
por favor diminua o sinal"
(luminosidade, volume ou intensidade).
Normalmente, o sinal deve aumentar ou diminuir, e não importa qual seja a
resposta. Se o seu lado interior mandar um sinal de que não deseja se comunicar,
ainda
assim é um tipo de comunicação.
Quase sempre, esta mensagem quer simplesmente
dizer que existe um tipo de
informação
que esse seu lado não quer comunicar, e nesse
caso não há necessidade de comunicação.
Etapa nº 3. Separar o comportamento da intenção positiva. Este é o momento de
distinguir entre o comportamento ou reação do lado interior e o seu
objetivo ou intenção
positiva. É
importante lembrar que partimos do princípio de que, mesmo que o lado
interior esteja fazendo algo de que não gostamos, ele o está fazendo com
algum
propósito positivo importante.

Vá para dentro de si mesmo e pergunte a esse seu lado:
"Você está disposto a me
informar o que há de positivo quando me faz fazer X?"
Ele pode lhe responder com o
mesmo sinal de sim ou não criado na etapa nº 2.
Se seu lado interior disser que sim, agradeça-lhe e pergunte-lhe se deseja
esclarecer o motivo. Se ele disser não, agradeça-lhe também e diga-lhe que você está
partindo do princípio de que ele deve ter suas razões para não lhe esclarecer o motivo
agora. Então, pode passar à etapa nº 4, mesmo que não saiba conscientemente qual a
intenção positiva.
É muito importante
não
tentar "adivinhar" os motivos do lado interior, achando
que sabe o que ele está querendo nos dizer. A re-modelagem nos fornece um meio de
                                   Este arquivo compõe a coletânea STC
                                www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br

Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
Acesse – www.megacursos.com.br -
68
obter a resposta
diretamente do lado interior.
Se não tiver certeza do que ele está
dizendo ou mostrando, pode usar o sinal de sim ou não para saber. Por exemplo, pode-
se dizer mentalmente: "Acho que sua intenção positiva é me ajudar a ser bem-sucedido.
Por favor, dê um sinal de sim, se for verdade, ou de não, se eu estiver enganado". Cada
pessoa recebe mensagens que são válidas apenas para ela e que podem ser completa-
mente diferente das mensagens recebidas por outras pessoas. A enxaqueca pode conter
uma mensagem diferente para cada pessoa. (Pior ainda é tentar adivinhar o que querem
dizer os lados interiores de outras pessoas e dizer o que achamos que pode ser
propósito.)
Se receber um "propósito positivo" que não lhe agrade ou lhe pareça negativo,
agradeça ao seu lado pela informação. Em seguida, pergunte: "O que quer fazer por
mim de positivo com essa atitude?" Continue a fazer esta pergunta até obter um
propósito positivo com o qual esteja de acordo.
Até aqui, chamamos o seu lado interior de "o lado que faz você fazer X". Agora,
passaremos a chamá-lo "o lado que quer Y", pois estaremos reconhecendo e aceitando
sua intenção positiva.
Etapa nº 4. Descobrir novos comportamentos ou reações. Peça mentalmente ao seu
lado que use o sinal de sim/não para responder à seguinte pergunta:
"Se houvesse outras
maneiras que você
(o lado que quer Y)
achasse positivas, gostaria de usá-las?"
Se seu
lado interior compreender o que você está dizendo, sua resposta será sempre sim. Você
está lhe oferecendo
melhores
opções para conseguir o que deseja,
sem eliminar a sua
antiga maneira de agir.
Se obtiver uma resposta negativa, isso significa apenas que o
lado não entendeu o que você está lhe oferecendo. Neste caso, explique-lhe de maneira
mais clara, para que ele possa entender e concordar.
Agora, pare um instante para perceber o seu lado criativo. Todos nós temos um
lado criativo. É importante esclarecer que não estamos falando de criatividade artística.
Trata-se apenas do nosso lado que descobre uma nova maneira de distribuir os móveis
ou imagina uma maneira diferente de se divertir. Se preferir usar uma palavra diferente
no lugar de criativo, perfeito. Qualquer que seja o nome que você lhe dê, esse seu lado
vai gerar maneiras alternativas de satisfazer a intenção positiva.
Vá para dentro de si mesmo e peça ao seu lado que quer Y que
"Entre em contato
com o lado criativo e diga-lhe qual é sua intenção positiva, para que ele possa
entender".
Depois, convide seu lado criativo a participar, da forma que esses lados mais
gostam de fazer:
"Assim que entender qual é a intenção positiva, por favor comece a
criar outras possibilidades para atingir esse propósito e as comunique ao lado que
deseja Y".
Algumas dessas possibilidades não vão funcionar, outras talvez funcionem
em parte, enquanto outras funcionarão às mil maravilhas. A função do lado criativo é
examinar rapidamente as possibilidades, de forma que o outro lado possa escolher a que
julgar mais conveniente.
"O lado que deseja Y poderá então selecionar novas maneiras
tão boas ou melhores do que X para alcançar o seu propósito positivo. A cada vez que
selecionar uma escolha melhor, ele me f ara um sinal de sim, para que eu saiba.''

Quando tiver recebido três sinais positivos, pode passar à etapa seguinte.
Agradeça tanto ao seu lado criativo quanto ao lado que deseja Y a ajuda que acaba de
receber, mesmo não sabendo conscientemente quais são suas três novas opções.
                                   Este arquivo compõe a coletânea STC
                                www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br

Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
Acesse – www.megacursos.com.br -
69
Etapa nº 5. Comprometimento e teste do processo. Pergunte ao lado que deseja Y:
"Você está realmente disposto a usar essas novas opções nas situações apropriadas,
para descobrir como elas vão funcionar?"
Peça ao lado que responda com o sinal de
sim ou não. Se a resposta for sim, passe à etapa nº 6. Se for não, descubra qual é a
objeção. Talvez tenha de voltar à etapa nº 5, para obter novas opções que satisfaçam à
objeção.
Etapa nº 6. Verificação da ecologia interna. O lado que deseja Y está satisfeito, pois
tem três novas opções. Agora, pergunte mentalmente aos seus
outros
lados:
"Algum de
vocês tem alguma objeção quanto às novas opções?"
Se não receber nenhum sinal
interior, o processo está completo.
Se receber algum sinal — seja vendo, ouvindo ou sentindo algo dentro de você
, é preciso saber se é uma objeção real ou se simplesmente um lado seu está empolgado
por ter novas opções. Diga: "Se tiver alguma objeção, por favor
aumente
o sinal de sim;
se não tiver objeção,
diminua-o,
para que se torne um não. "Se houver um lado com
objeção, você poderá retomar o processo de Remodelagem em Seis Etapas com o novo
lado
e
com o lado que deseja Y, para encontrar três novas opções que satisfaçam as
intenções positivas de
ambos os lados.

Se receber vários sinais de objeção, volte à etapa nº 2 e peça a
todos
os seus lados
que tenham objeções que formem uma "comissão" que irá identificar as intenções
positivas de cada um dos lados e selecionar novas opções dentre as geradas pelo lado
criativo. É importante ter certeza de que cada uma das novas opções satisfaça
todos
os
lados em questão. Um consenso, ao invés de um voto por maioria, resultará numa
mudança duradoura e tranqüila. A partir do momento em que
todos
os lados estejam de
acordo, você irá automaticamente agir de maneiras novas e mais eficientes.
Como aprender a amar e respeitar todos os nossos lados
O processo de Remodelagem em Seis Etapas é uma maneira rápida e elegante de
provocar mudanças úteis de comportamento e sentimento. Mais importante do que obter
a solução de um problema específico, a função da remodelagem é criar uma nova
atitude
positiva em relação a nós mesmos e aos outros.
Durante séculos, os santos e sábios nos ensinaram que amar a nós mesmos é
importante, pois nos capacita a viver de maneira mais produtiva e a amar ao próximo.
Entretanto, poucas pessoas conhecem
maneiras
específicas e eficientes de se amarem
mais. Acredita-se que essa atitude decorra da força de vontade ou de uma graça
especial.
Depois de usar a Remodelagem em Seis Etapas inúmeras vezes em nós mesmos e
em outras pessoas, vimos que este método oferece
uma forma
de nos amarmos. Não há
dúvida de que, se olharmos apenas os comportamentos e sentimentos que nos
desagradam, é fácil não gostarmos de nós mesmos e dos outros. A remodelagem nos
mostra como sermos receptivos a cada um desses comportamentos e sentimentos, graças
aos seus propósitos positivos. Se nos sentimos infelizes, culpados, zangados ou
embaraçados, ao invés de nos criticarmos por termos esses sentimentos, podemos
aceitá-los e descobrir qual o propósito positivo de cada um deles. À medida que
descobrimos outras formas de atingir esses
objetivos positivos,
não mais precisaremos
ter sentimentos desagradáveis ou comportamentos problemáticos.
                                   Este arquivo compõe a coletânea STC
                                www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br

Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
Acesse – www.megacursos.com.br -
70
Outros exemplos
Usamos a Remodelagem em Seis Etapas para ajudar pessoas a . atingir uma série
de objetivos e metas pessoais. Quando Elna decidiu parar de fumar, a Remodelagem em
Seis Etapas facilitou o processo. A sessão feita com Elna, com introdução, discussão e a
entrevista de acompanhamento, está disponível em vídeo (3).
Jack queria ajuda, pois tinha medo de perder a esposa. Era um homem de
negócios muito bem-sucedido, porém queixava-se de que sua vida pessoal não ia bem.
A esposa acusava-o de estar sempre julgando e criticando os outros. Jack não queria ser
assim, mas não conseguia mudar. As críticas simplesmente saíam de sua boca. Mesmo
quando se controlava, Jack ainda parecia e sentia-se crítico, e a esposa percebia isso. Ela
sabia quando o marido adotava uma atitude crítica, mesmo quando não dizia nada. Jack
também ouvia uma vozinha interior que vivia criticando-o, e por causa disso se sentia
incapaz e imperfeito.
A Remodelagem em Seis Etapas ajudou Jack a criar um novo relacionamento com
sua voz interior de crítica. Ele descobriu que a voz queria que sua vida fosse melhor, e
— como fazem tantos pais — o único método que conhecia para melhorar a vida de
Jack era a crítica. Depois do processo de remodelagem, a voz tornou-se uma aliada de
Jack, oferecendo-lhe sugestões e idéias positivas num tom delicado e convidativo, ao
invés de usar um tom crítico. Jack transformou-se em alguém mais positivo em relação
à esposa e às outras pessoas também.
Anna foi criada em um lar muito religioso e conservador. Apesar de ter-se casado,
ainda sentia-se culpada sempre que tinha relações sexuais com o marido. Ter relações
parecia errado e pronto. Ela se deu conta de que estava evitando ter relações para
aplacar o sentimento de culpa e confusão. Queria desfrutar uma boa vida sexual com o
marido, mas a tática de lutar contra o sentimento de culpa não havia funcionado. Não
sabia mais o que fazer. Com o processo de Remodelagem em Seis Etapas, Anna entrou
em contato com o seu lado interior que a fazia sentir-se culpada. O objetivo dele era que
Anna fosse uma pessoa de bem e se respeitasse. No processo de remodelagem, surgiu
um outro lado de Anna — um lado que na adolescência tinha se revoltado contra sua
criação serena e a tinha feito levar uma vida promíscua durante algum tempo. Esse lado
queria que Anna vivesse sua própria vida — que fosse mais independente. Durante a
remodelagem, descobrimos novas opções que se adequavam às intenções positivas de
ambos os lados, para que Anna se sentisse mais à vontade e pudesse desfrutar da vida
sexual com o marido.
Uma das nossas funcionárias tinha a fama de ser uma pessoa "fechada", porque
não cumprimentava ninguém quando chegava ao trabalho. Descobrimos que sua
intenção positiva era respeitar o horário de trabalho dos colegas. Ela não queria
perturbar a concentração de ninguém.
Como melhorar o relacionamento dentro da família
Esse processo também é útil ao relacionamento familiar. Na verdade, a base desse
processo foi desenvolvida por Virginia Satir, uma das pioneiras da terapia familiar. Ela
usou esse método durante muitos anos, antes e depois de Bandler e Grinder terem criado
o processo de Remodelagem em Seis Etapas. O Capítulo 8 descreve uma variação dessa
abordagem com crianças.
                                   Este arquivo compõe a coletânea STC
                                www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br

Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
Acesse – www.megacursos.com.br -
71
Quando percebemos quais são suas intenções positivas podemos lidar melhor com
adultos que agem de maneiras que nos chateiam. A pessoa que grita conosco no meio de
trânsito está usando a única maneira que conhece para expressar sua frustração e tentar
sentir-se melhor. A pessoa que nos passa a perna acredita que tem de fazer isso para
sobreviver num mundo que, segundo a sua ótica, é caótico e pouco confiável.
Convidamos nossos leitores a experimentarem partir do pressuposto de que todas
as pessoas têm uma intenção positiva. Observe como se sentirá e agirá de outra maneira
se partir do pressuposto de que a pessoa que fez algo que o chateou tem algum objetivo
positivo para seu comportamento. Mesmo que ainda não conheça esse objetivo, pode
partir do princípio de que ele existe. E faça o mesmo consigo. Cada um dos seus
sentimentos também tem um objetivo positivo, que você poderá aceitar e transformar
num aliado.
Referências
(1) 
Sapos em príncipes,
de Richard Bandler e John Grinder, cap. 3 (edição brasileira,
Summus Editorial).
(2) 
Resignificando: Programação neurolingüística e a transformação do significado,
de Richard Bandler e John Grinder (edição brasileira, Summus Editorial).
(3)  "Six Step Reframing", vídeo, Connirae Andreas (vide Anexo II).
Será que você deixará

que sua cabeça sobrepuje

a sabedoria do seu coração?

LAO-TSÉ
                                   Este arquivo compõe a coletânea STC
                                www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br




Nenhum comentário:

Postar um comentário