segunda-feira, 18 de junho de 2012




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COMO CURAR TRAUMAS


Quando Sally ficava longe do filho de oito anos por mais de um dia, sentia-se
ansiosa sempre que pensava nele. Pior ainda se falasse com ele ao telefone. Por isso,
queria reagir melhor a essa situação. Como nos conhecemos durante uma conferência,
longe de onde morava, era mais fácil testar a sua reação. Quando lhe pedi que pensasse
no filho, ela ficou tensa e parou temporariamente de respirar.
Quando lhe perguntei de que forma pensava no filho, ela disse que via uma
imagem tênue, rígida e distante, "com muito ar entre mim e ele". Ao ver a imagem, ela
tinha a impressão de perdê-lo, o que lhe causava a sensação de ansiedade. Quando lhe
pedi que trouxesse a imagem do filho para mais perto, Sally sentiu-se muito melhor.
Podia ter eliminado sua ansiedade modificando diretamente essa imagem da
criança. Entretanto, Sally me havia contado que sua ansiedade fora causada por uma
experiência traumática que tivera aos sete anos, e que continuava a incomodá-la. Seu
pai desaparecera inesperadamente durante cinco dias. Ninguém sabia onde ele estava, se
voltaria ou não, e até mesmo se estava vivo ou morto. Sally disse que se sentira
totalmente abandonada, perdida e assustada. Essa experiência tinha ficado "impressa"
na vida emocional de Sally, e agora ela sentia o mesmo quando se encontrava longe do
filho. 
Se eu mudasse apenas a maneira como ela pensava no filho, somente aquela
experiência isolada seria mudada. Ela continuaria guardando aquela desagradável
lembrança de infância, e era provável que essa lembrança também causasse outras
dificuldades em sua vida. Se mudasse a lembrança de infância, poderia lhe dar toda a
mudança que ela pedia e muitas outras vantagens extras.
Como Sally vê uma experiência positiva
O primeiro passo é descobrir como Sally pensa em uma lembrança forte
e
positiva,
que também afete profundamente seu comportamento. Essas experiências de
impacto são geralmente chamadas de "impressões". "Sally, quero que pense numa
lembrança que seja realmente positiva para você hoje. Pode ter sido agradável ou não
quando aconteceu, desde que com ela você tenha aprendido algo que tenha um impacto
positivo e poderoso na maneira como age hoje em dia. Não importa o que seja, desde
que você a sinta como positiva e poderosa agora. (...) Após ter escolhido a experiência,
quero que pense nela, da mesma maneira que pensa quando ela tem um impacto
realmente poderoso sobre você. Observe a maneira como a vivência."
Quando se lembrou da experiência escolhida, Sally sorriu, sua respiração tornou-
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se mais profunda e suas costas ficaram mais retas. Sem dúvida, era o tipo de lembrança
que eu queria que tivesse.
"Agora, quero que pense numa lembrança normal, sem importância. Pode ser o
momento em que escovou os dentes hoje de manhã, em que se vestiu, ou qualquer outra
coisa do gênero. Em seguida, quero que compare as duas lembranças. Você notará as
diferenças que tornam uma mais forte e a outra mais comum. Por exemplo, uma delas
pode ser um filme, enquanto a outra é uma foto. Uma pode ser em cores, enquanto a
outra é em preto-e-branco. Uma pode ser sonora e a outra silenciosa."
"A lembrança normal é pequena e fixa, como um instantâneo em preto e branco.
A vigorosa me envolve, como se eu estivesse dentro dela. Tem movimento, e suas cores
são suaves e em tom pastel, como num quadro de Monet. Eu as adoro. E o som é
agradável. Já na lembrança normal não há som."
Como criar uma nova impressão positiva
"Agora, quero que deixe temporariamente de lado essas experiências, enquanto
faço uma pergunta importante. Que experiência poderia ter tido
antes
do
desaparecimento de seu pai que a teria tornado mais fácil de suportar? Que experiência
específica poderia ter preparado você para essa situação, para que não sentisse a terrível
sensação de estar perdida e abandonada?"
"Meu pai significava muito para mim naquela época. Acho que se alguém em
quem eu confiasse me dissesse que ele sempre estaria presente e me protegeria, não
importa o que acontecesse, teria sido muito mais fácil para mim. Talvez se meu irmão
me tivesse dito isso..."
"Muito bem. Esse é o tipo de coisa que pode fazer uma grande diferença. Vamos
tentar. Feche os olhos e volte ao momento em que tinha seis ou sete anos, bem
antes
de
seu pai desaparecer.
Crie
uma experiência bem detalhada de seu irmão conversando
com você e tranqüilizando-a. Ao fazer isso, certifique-se de que esta experiência é igual
à da lembrança vigorosa de que falou anteriormente. Crie esta nova experiência de
forma que ela a envolva, com movimentos, sons e aquelas cores postei de que tanto
gosta. Pode ajustar e adequar a experiência como quiser, até transformá-la no tipo de
lembrança que a fará reagir de maneira mais positiva à inesperada ausência de seu pai.
Leve o tempo que for necessário e faça um sinal com a cabeça quando estiver
satisfeita."
Quando começou a criar a nova lembrança, sua respiração se tornou mais
profunda, ela sorriu e suas costas ficaram mais retas, como quando tivera a primeira
lembrança positiva. Isto foi um sinal de que sua
nova
lembrança também seria uma
fonte importante de recursos. Cerca de um minuto depois, ela deu o sinal.
Como usar a nova impressão para operar uma mudança profunda
"Agora, quero que viaje rapidamente no tempo, trazendo com você o impacto
dessa experiência positiva com seu irmão. Ao viajar no tempo, você poderá notar com
todas as suas experiências posteriores modificam-se e são reavaliadas à luz dessa
experiência. Você sabe que grande parte disto está acontecendo a nível inconsciente,
portanto poderá viajar rapidamente no tempo. Ao chegar ao presente, pare e veja-se
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indo em direção ao futuro, perceba de que forma você será uma pessoa diferente graças
a essa experiência com seu irmão. Mais uma vez, leve o tempo que for necessário e abra
os olhos quando tiver terminado".
Cerca de um minuto mais tarde, Sally abriu os olhos. "Foi interessante", disse.
"Viajar no tempo foi parecido com aquela parte final do filme
2001
Odisséia no
espaço,
quando tudo está sendo filmado de ambos os lados. Quando cheguei ao
momento em que meu pai desapareceu, simplesmente passei por ele. (...) E, quando
penso nisso agora é tudo bastante diferente. Ainda estava preocupada, mas sabia que
meu irmão estaria lá. Senti-me maior, de certa forma, mais forte."
"Parece uma boa experiência. Agora pense no seu filho e veja como.se sente"...
"Sinto-me bem agora. Ele não parece mais tão longe. Até tentei criar novamente
aquela imagem pequena, tênue e distante, mas não me afeta mais."
Todo o processo durou cerca de quinze minutos. No dia seguinte, Sally me contou
que havia telefonado ao filho na noite anterior e que se sentira bem. A ansiedade não
voltara.
Embora não tenha entrado em contato com Sally para fazer uma avaliação a longo
prazo, sei, por ter usado este método com muitas outras pessoas, que os resultados são
duradouros e, às vezes, tornam-se ainda melhores com o passar do tempo.
Reação sexual
Beverly estava insatisfeita com o que chamava sua "fobia de sexo" e sua
relutância em ter um envolvimento maior com um homem. Lutava contra essa aversão
ao sexo e um maior envolvimento desde que tivera uma experiência difícil num
relacionamento anterior. Beverly vivia com um rapaz quando ficou grávida
acidentalmente. O rapaz a abandonou e ela teve de enfrentar a situação sozinha. Embora
fosse contra o aborto, teve de tomar a difícil decisão de abortar. A partir dessa
experiência, Beverly evitou se envolver e ter relacionamentos sexuais.
Como o problema de Beverly partia de uma experiência traumática anterior,
utilizei o mesmo processo que usara com Sally. Ao escolher uma experiência positiva
anterior, Beverly optou por uma ocasião em que inadvertidamente havia causado a
morte de um amigo, tendo superado o trauma decorrente das conseqüências de seu erro.
Quando me disse que queria usar essa experiência como recurso, fiquei uni pouco
surpresa, já que a maioria das pessoas escolheria uma experiência "positiva". Depois de
pensar um pouco, vi que ela era mais sábia do que eu. Escolhera exatamente a
experiência que
a
prepararia para lidar com o aborto.
Cerca de dois meses depois, Beverly disse-me que sentia vontade de ter um
relacionamento com um homem, mas ninguém que conhecia parecia a pessoa certa.
Dois meses depois, ela me telefonou e deixou o seguinte recado: "O Príncipe Encantado
chegou e eu o reconheci!" Ela encontrara alguém especial a quem amar e estava
gostando de desfrutar intimidade e de ter um envolvimento sexual, sem sinais do antigo
medo.
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O método
Este processo, chamado de "destruidor de decisões", foi recentemente
desenvolvido por Richard Bandler, um dos co-fundadores da PNL. Parte de um
pressuposto importante que a maioria das pessoas tem a respeito de suas vidas: que o
passado influencia o presente e o futuro. Se as experiências traumáticas do passado
causam problemas mais tarde, também são uma fonte de experiências positivas de
aprendizado, que podem servir como recursos.
Todos nós chegamos a "conclusões" ou tomamos "decisões" baseados em
experiências pessoais. Essas conclusões podem afetar a maneira como reagimos a
experiências posteriores. Muitas de nossas crenças são formadas a partir de uma
experiência significativa do passado. Outras, por uma série de experiências menos 
Por exemplo, Sal tinha tido uma experiência que o fez concluir que era incapaz de
aprender. Quando tinha três anos de idade, pegou um quebra-cabeça da estante e tentou
montá-lo. O quebra-cabeça era para crianças de seis anos, mas Sal não sabia. Ele nem
sequer percebia que crianças de seis anos são capazes de fazer coisas que as de três não
conseguem. Apenas tentou montar o quebra-cabeça, sem resultado.
Os pais de Sal estavam na sala, observando suas tentativas frustradas.
Desconcertados com os seus esforços, não sabiam o que fazer. Finalmente, o pai disse,
sentindo-se também frustrado: "Deixe esse brinquedo de lado. Você nunca vai aprender
nada!" Da próxima vez que tentou montar um quebra-cabeça e não conseguiu, Sal
lembrou-se do primeiro fracasso e do que o pai havia dito. "Ele tem razão, não consigo
aprender", pensou. Então deixou de lado o quebra-cabeça sem tentar de verdade e
passou a uma coisa mais "fácil".
Mais tarde, o jovem Sal tentou desmontar um velho relógio com uma chave-de-
fenda. Gostava de desmontar objetos. Mas é necessário saber por onde começar, e Sal
não sabia. Lembrando suas experiências anteriores de fracasso, Sal nem fez muito
esforço. Simplesmente deixou o relógio de lado, pensando que aquela era mais uma
prova de que não conseguia fazer nada direito.
Nos anos posteriores, muitas outras experiências reforçaram sua decisão de que
nada do que fazia era correto. Baseado em sua primeira experiência, encarava cada uma
de suas dificuldades da mesma forma — como um reforço da sua dedução anterior a
respeito das suas limitações.
Glen, por outro lado, havia tido uma experiência anterior que coloria seu futuro de
ponta a ponta, de maneira muito mais positiva. Quando tinha quatro anos, sua família
mudou-se do deserto para Ohio, onde existem muitas árvores. Glen não estava
acostumado a ver tantas árvores e queria subir em todas. Após ter escolhido seu
primeiro alvo, Glen passou de um galho para outro, empolgado com sua aventura.
Quando estava lá em cima, olhou ao seu redor com prazer e decidiu que estava na hora
de descer. Foi então que olhou para baixo pela primeira vez e ficou aterrorizado.
Agarrando-se ao galho, gritou para a mãe, que estava do lado de fora da casa: "Socorro,
não consigo descer!"
A mãe de Glen veio correndo, um pouco nervosa por vê-lo em cima da árvore.
Entretanto, disse calmamente: "Glen, você está segurando com força, e isto é ótimo. Já
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que conseguiu chegar aí
em cima,
sem dúvida conseguirá descer. Será que consegue
colocar o pé em outro galho e sentir se ele é sólido e pode agüentar seu peso?" Glen
ficou mais calmo só de ouvir a voz da mãe. Percebeu que tinha tido competência para
subir sozinho. Então, decidiu encontrar uma maneira de descer devagar dali por diante,
e com cautela, até atingir o solo com segurança. Embora dali por diante tenha se tornado
mais cuidadoso, Glen adquiriu um sentimento de competência — de que,
por si só,
conseguiria descobrir uma saída para seus problemas.
Essa experiência ficou para sempre com Glen. Quando, na escola, se deparava
com tarefas difíceis, pensava na sua experiência com a primeira árvore e se dava conta
de que podia achar uma solução. Portanto, continuava tentando e fazendo perguntas até
encontrar a solução. Continuava tentando, mesmo quando os colegas haviam desistido.
Cada vitória confirmava que ele era capaz de aprender e ter sucesso.
Quando chegamos a uma conclusão inútil, como no caso de Sal, geralmente é
porque não entendemos que
outras
pessoas também sofrem limitações de alguma
natureza. O pai de Sal certamente não
quis
dizer que ele era um fracasso. Apenas se
sentiu frustrado e sem saber o que fazer. Nessas situações, as crianças sempre pensam o
pior de si mesmas, ao invés de compreender que a outra pessoa é limitada. Se
compreendermos como essas experiências formativas funcionam, saberemos criar
mudanças poderosas nas experiências traumáticas de nossa vida.
Pode ser muito difícil mudar uma experiência traumática diretamente, porque a
pessoa tem uma forte reação ao trauma. É como tentar construir uma casa durante um
terremoto. Mas, se criarmos uma experiência curativa positiva
antes
que o trauma
apareça, a interferência deixa de existir. Se dermos à nova experiência as mesmas
características de uma forte lembrança positiva, ela terá força suficiente para influenciar
positivamente os incidentes futuros. Embora a pessoa saiba, a nível consciente, que
criou a lembrança, essas características têm o poder inconsciente de uma lembrança
real. Em nossa fita cassete "Decision Destroyer", damos outro exemplo completo e
aprofundamos mais o assunto (vide Apêndice II).
Como modificar um passado de maus-tratos
Apesar de Sally e Beverly terem tido apenas uma experiência traumática, este
método é útil sobretudo para pessoas que tiveram uma série de experiências traumáticas
durante um longo período de tempo. A criação de uma nova lembrança poderosa pode
modificar um longo histórico de situações desagradáveis e ser um primeiro passo para a
criação de um ser interior com mais recursos.
Kristen tinha sofrido maus-tratos na infância e queria dissipar seus medos.
Quando tentava pensar em uma nova "impressão" para colocar em seu passado, não
conseguia pensar em algo forte o suficiente para sobrepujar o impacto dos maus-tratos
sofridos. Ao invés disso, ela se imaginou como a pessoa mais sábia e mais evoluída que
desejava ser no futuro. Quando levou essa sensação ao passado e depois voltou no
tempo, teve uma profunda experiência pessoal. Mais tarde, percebeu que seu contato
com as pessoas havia mudado. Antes, quando falava com alguém, era como se a outra
pessoa não estivesse vendo apenas a ela, mas também todas as suas experiências
anteriores de maus-tratos. Krisíen sempre pensou que as outras pessoas a viam como
"aquele tipo de pessoa", e isso era uma limitação em sua vida. Mas, depois da
experiência, Kristen disse: "Agora sinto que as pessoas estão vendo a
mim
e o que estou
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fazendo no momento". Sentiu-se mais livre, sem a limitação de ser "aquele tipo de
pessoa".
Como recuperar a audição
Dick usava um aparelho de surdez em um dos ouvidos, e um diapasão artificial
havia sido implantado cirurgicamente no outro. Mesmo com o aparelho de surdez, Dick
não conseguia ouvir os sons que as pessoas ouviam. Seus problemas de audição haviam
começado alguns anos antes, quando estava voando sobre o golfo Pérsico. O avião
estava a 40.000 pés de altitude quando uma das janelas estourou, provocando uma
imediata despressurização da cabine. O avião não estava equipado com máscaras de
oxigênio, como as aeronaves mais modernas, e por isso o piloto foi obrigado a descer
rapidamente a 10.000 pés, onde o ar é respirável.
A rápida despressurização, aliada à queda brusca de 30.000 pés, foi fatal para os
ouvidos de Dick. Durante a rápida descida, um bolsão de ar ficou preso nas trompas de
Eustáquio. Dick sofreu uma cirurgia que tentou corrigir o problema, um dreno foi
colocado em um dos ouvidos, para escoar a pressão do ar. Mais tarde, os médicos
disseram-lhe que esse procedimento traumatizou ainda mais o ouvido, causando
otoesclerose, ou seja, envelhecimento precoce do ouvido.
Seguindo as recomendações dos médicos, Dick fez outra cirurgia no ouvido
direito, no qual foi implantado um diapasão para substituir a bigorna endurecida. Essa
operação fez com que o nível de audição desse ouvido voltasse ao que era antes do
acidente. Entretanto, ele freqüentemente ouvia ruídos ou sentia dores nos ouvidos.
Com o passar do tempo, o nível de audição do ouvido esquerdo foi diminuindo.
Primeiro ele percebeu que não ouvia bem do lado esquerdo quando escutava música nos
fones de ouvido. Deu-se conta de que precisava aumentar o volume do lado esquerdo
até 9, enquanto o do lado direito continuava no nível l. Um teste de audição revelou que
seu ouvido esquerdo tinha um baixo nível de audição, de 60 a 70 decibéis. Antes do
acidente, Dick fizera vários testes, em que ambos os ouvidos tinham atingido o nível de
10 decibéis — um pouco abaixo da média, mas ainda dentro do que é considerado
normal. Só para se ter uma idéia, o nível de som diante de um alto-falante de um grupo
de rock atinge de 90 a 100 decibéis.
Naquele dia em que eu estava ensinando o método de destruição de decisões para
um seminário adiantado, Dick deixara o aparelho de surdez em casa. Para aprender o
método, cada participante tinha de assumir três papéis: cliente, guia e observador.
Quando chegou a sua vez de ser o cliente, Dick nem pensava em recuperar a audição.
Pretendia obter uma sensação geral de saúde, bem-estar e equilíbrio.
Primeiro, escolheu um momento da sua vida em que sua saúde estava na ápice.
Voltou a um momento da sua adolescência em que estava em ótima forma, tanto física
quanto emocionalmente — um momento de sua vida em que tinha energia, um bom
nível de concentração, aprendia com rapidez e sentia-se forte física e emocionalmente.
Era também um tempo em que ele tinha a capacidade de tomar as decisões certas.
Quando voltou a vivenciar aquele momento, Dick deu a si mesmo instruções não muito
específicas: "... de modo que todas as peças possam se encaixar, reunindo-se como
quiserem". Dick declarou ter visualizado sua experiência de saúde como uma onda.
Teve a visão de uma "escultura" de areia que podia ser moldada de várias formas à
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medida que a areia se combinava em novos padrões. Para ele, a saúde era "rolar com a
onda" de areia.
Quando estava profundamente imerso na experiência, Dick viajou rapidamente no
tempo, trazendo a vivência de uma saúde plena até o momento presente. Então, ancorou
essa experiência no presente, enquanto se via indo para o futuro, sempre mantendo a
vivência de saúde plena.
Quando terminou, Dick ficou surpreso ao ouvir o som de água caindo. Olhando ao
redor, percebeu que próximo dali havia uma fonte que ele não havia notado. Foi então
que se deu conta de que estava ouvindo com o ouvido
esquerdo!
Muitos dos presentes
acharam difícil acreditar que Dick tivesse recuperado a audição de forma tão repentina.
Várias pessoas resolveram testá-lo, sussurrando atrás dele — o que meia hora antes ele
não conseguia perceber. Testes médicos posteriores comprovaram a experiência
subjetiva de Dick. Seu ouvido esquerdo agora percebia 10 decibéis — o mesmo nível de
antes do acidente.
Um ano depois, perguntei a Dick que diferença sentia em sua vida. Ele não
precisava mais usar o aparelho de surdez — tinha-o até perdido. Seus ouvidos estavam
bem. Não ouvia mais ruídos nem sentia dores. "Há pouco tempo, fui a uma conferência
e gostei de poder me sentar na última fila", disse. "Antes eu era sempre obrigado a me
sentar nas primeiras filas, mesmo com o aparelho de surdez. Também participei de uma
peça de teatro amador. Não poderia ter feito isso antes, porque não saberia se minha voz
estava ou não no tom correto.
"E, melhor ainda, agora uso minha voz para me comunicar de uma forma diferente. Uso
a tonalidade e o ritmo da minha voz — ajusto o volume e o tom da minha voz, o que me
permite conseguir melhores resultados nas minhas consultas com os clientes. Não tinha
percebido o quanto isso era importante."
A técnica do "destruidor de decisões" é um dos métodos mais úteis apresentados neste
livro, e o que tem apresentado os resultados mais surpreendentes. É particularmente útil
quando uma pessoa tem um histórico antigo de experiências desagradáveis, como é o
caso de alguém que tenha sofrido maus-tratos durante um longo período de tempo.
Quando a pessoa viaja no tempo trazendo consigo um poderoso recurso, todas as
experiências problemáticas são transformadas de uma única vez, em vez de serem
modificadas uma a uma, como ocorreria numa terapia mais convencional. Além disso, a
pessoa passa a ter um senso maior de si mesma — algo que a ajudará a enfrentar futuros
desafios.
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COMO ELIMINAR REAÇÕES
ALÉRGICAS


Maria foi picada por uma abelha aos onze anos de idade. Para a maior parte das
pessoas, essa seria uma experiência dolorosa, porém sem grandes conseqüências. No
caso de Maria, porém, os incidentes que se seguiram tornaram a experiência
inesquecível. Cerca de dez minutos após a picada, Maria sentiu que a garganta
começava a ficar irritada e parecia estar inchando. Logo, passou a ter dificuldade em
respirar. A família, assustada, levou-a ao hospital mais próximo. Quando chegou lá, ela
praticamente não conseguia respirar. O médico de plantão aplicou-lhe três injeções
diferentes para eliminar os sintomas. E disse que ela provavelmente teria morrido
sufocada caso não tivesse recebido um tratamento imediato. Maria foi aconselhada a
ficar longe de abelhas para evitar um problema que poderia ser fatal, e seguiu o
conselho à risca.
Dez anos depois desse incidente, Maria fez testes para saber se ainda era sensível
à picada de abelhas. O médico que lhe aplicou o teste confirmou a sensibilidade e
aconselhou-a a tomar injeções semanais de antígeno para aumentar a resistência a
picadas de abelhas. Para ficar bem, ela deveria tomar essas injeções pelo resto da vida.
Maria se auto-administrou o tratamento durante doze anos. Quatro anos antes de vir
trabalhar comigo, mudanças na aplicação das injeções tornaram a auto-administração
impossível, de forma que ela decidiu interromper o tratamento.
Ao saber que a PNL tinha um método que possibilitava eliminar as reações
alérgicas, Maria ficou interessada. "Maria, primeiro quero lhe dar uma idéia do que
vamos fazer aqui. Há muitos anos sabe-se que as alergias são basicamente um 'erro' do
sistema imunológico. Quando o sistema imunológico funciona bem, identifica
substâncias realmente perigosas a fim de proteger seu corpo. Esta é a maneira como seu
corpo se protege de bactérias ou vírus nocivos.
"Entretanto, às vezes o sistema imunológico comete um erro e identifica um
agente inofensivo, como um alimento, pólen, poeira ou picada de abelha como sendo
nocivo, quando na verdade não o é. Se o sistema imunológico
pensa
que algo é
perigoso, a pessoa acaba tendo uma alergia, ao invés de receber uma proteção. No seu
caso, o sistema imunológico cometeu um erro que quase lhe foi fatal. E quando
acontece um erro, o certo é corrigi-lo.
"O processo que vamos usar vai treinar seu sistema imunológico para reagir de
maneira mais adequada às picadas de abelha. Assim, seu sistema imunológico saberá
que, apesar de desagradável, não deve se preocupar em demasia com uma picada de
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abelha. Assim que seu sistema imunológico souber que as picadas de abelha são
inofensivas, você estará muito mais
segura,
porque não terá essa perigosa reação
alérgica. Seu sistema imunológico atuará como o faz diante de qualquer outro agente
inócuo.
"Antes de mais nada, gostaria que você sentisse
um pouquinho
a reação que
costuma ter, para que eu saiba como ela é e possa perceber quando ela for diferente."
Como a reação de Maria sempre tinha sido perigosa para a sua saúde, era
necessário que eu tivesse um extremo cuidado em obter apenas uma reação parcial.
Enfatizei a necessidade de apenas uma
pequena
reação e me preparei para observar os
sintomas cuidadosamente e interromper o processo se eles se tornassem intensos
demais. "Gostaria que fechasse os olhos e voltasse ao momento em que tinha onze anos,
logo após ter sido picada pela abelha, quando estava começando a notar os sintomas na
garganta. Pronto, assim está bem! Agora pode
abrir os olhos e olhar para mim,
enquanto sente seu corpo voltando ao normal."
Quando Maria se lembrou da experiência, sua expressão mudou de várias
maneiras. Ela ficou completamente tensa, sobretudo no rosto, que se tornou pálido.
Também demonstrou vários outros sintomas de
stress.
Quando lhe pedi para se lembrar
do estado alérgico, pude observar como ela ficava naquele estado. Esta informação seria
primordial mais tarde, no momento de testar se o estado problemático havia sido
alterado.
"Maria, agora vamos ao próximo passo do processo. Pense em algo semelhante a
uma picada de abelha. Porém, deve ser algo a que o seu sistema imunológico
já sabe
reagir de maneira adequada.
O que pode ser? Como reage a picadas de formigas, por
exemplo?"
"Que tal picadas de vespas?", perguntou Maria. "Já fui picada por vespas, antes e
depois de ter sido picada por uma abelha e nada senti além de ardência, vermelhidão e
inchaço."
"Perfeito. Como seu corpo já sabe reagir adequadamente às picadas de vespa,
usaremos essa reação como um recurso para treinar novamente seu sistema
imunológico. Agora, feche de novo os olhos e pense numa ocasião em que foi picada
por uma vespa. Ao sentir a picada, e vivenciar como foi, poderá observar que seu
sistema imunológico sabe exatamente como reagir de forma adequada a essa situação.
Observe o que acontece."
Enquanto Maria imaginava como era ser picada por uma vespa, sua postura e sua
expressão mudaram. Suas costas ficaram mais retas, sua respiração continuou regular
etc. Enquanto observava essas mudanças não-verbais, coloquei minha mão de maneira
delicada, porém firme, em seu ombro, de forma que o toque ficasse associado à reação
adequada.
"Maria, vou manter minha mão em seu ombro para estabilizar a reação saudável
que está tendo agora. Seu corpo já sabe reagir adequadamente a uma picada de vespa.
Quero que abra os olhos e imagine que há um vidro grosso à sua frente, do teto até o
chão. Você está aqui, completamente segura, protegida de qualquer coisa que possa vir
a acontecer do outro lado do vidro.
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"Agora veja a si mesma do outro lado do vidro. Veja a Maria que reage à picada
de vespa, seu sistema imunológico reagindo de maneira normal e adequada...
"Agora você poderá observar que a Maria que está daquele lado
reage da mesma
forma a uma picada de abelha.
Assim como faz diante de uma picada de vespa, o
sistema imunológico dela sabe exatamente o que fazer."
Fiquei observando cuidadosamente Maria, para ver se sua reação não-verbal
continuava sendo a reação normal à picada de vespa, e não a reação que vi no início,
quando ela se lembrou da picada de abelha. Se ela tivesse voltado a ter a antiga reação
alérgica, eu a teria interrompido, voltado atrás e recomeçado o processo.
' 'Agora retire o vidro que a separa da Maria que está do outro lado, estenda os
braços e traga-a de volta para você, para assimilar o seu conhecimento de como reagir
adequadamente à picada de abelhas. (...) Agora, como seu sistema imunológico sabe o
que fazer, imagine que está sendo picada por uma abelha aqui mesmo e observe como
se sente tendo os recursos necessários a uma reação apropriada. Sinta-se grata pelo fato
de seu sistema imunológico ter aprendido algo tão importante rapidamente e desfrute
essa nova reação."
Ao fazer isso, Maria revelou na expressão não-verbal que continuava com
recursos. Manteve a mesma reação normal quando começou a pensar que estava sendo
picada por uma abelha. Durante todo o processo, mantive constante essa reação,
colocando minha mão em seu ombro. Depois, quis verificar se ela conseguiu reagir da
mesma forma sem o meu apoio, e retirei a mão. Quando lhe pedi para fechar os olhos e
imaginar detalhadamente estar sendo picada por uma abelha, sua expressão não-verbal
continuou a indicar a reação normal. Fui um pouco adiante no teste. "Maria, agora
imagine que está levando com você este recurso do seu sistema imunológico que sabe
reagir de forma adequada de volta à ocasião em que tinha onze anos. Como teria sido
isso, agora..." Quando Maria refez o processo, não havia mais a antiga reação de
stress.
Em seu lugar, vi todos os sinais não-verbais da reação normal. Todo o processo levou
cerca de dez minutos.
Quando terminamos, Maria não estava convencida — como outras pessoas, aliás
— de que havia mudado. Entretanto, vi uma diferença marcante na sua reação não-
verbal no final do processo, de forma que eu tinha certeza de que o resultado fora
positivo. Dada a gravidade de sua antiga reação alérgica, recomendei que, ao invés de
testar os resultados diretamente com uma picada de abelha, ela fizesse um teste de
alergia. Mas, pouco depois, a vida se encarregou de proporcionar-lhe um teste real.
Cerca de dois meses depois, ela foi picada por uma abelha quando estava sozinha
em casa. Ficou assustada e imediatamente telefonou a uma clínica, para saber se deveria
usar a epinefrina que tinha acabado de adquirir. Não queria usá-la a não ser que fosse
absolutamente necessário. Por isso, chamou uma amiga, a quem explicou a situação e
com quem ficou conversando durante uns vinte minutos. Fora a vermelhidão e o
inchaço, normais no caso de uma picada de abelha, não houve qualquer outra reação.
Embora tenha ficado contente, Maria ainda não acredita totalmente na cura, e sempre
que sai leva consigo a epinefrina, como medida de segurança.
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O método
Esse processo foi adaptado por dois colegas nossos, Tim Hall-bom e Suzi Smith, a
partir de um método desenvolvido originalmente por Robert Dilts, um dos mais antigos
e mais competentes companheiros de Bandler e Grinder.
Uma longa experiência clínica comprovou que este processo de alergia é
completamente eficiente em aproximadamente 80% dos casos, quando o alérgeno
específico foi identificado. Ele também funciona bem no caso de muitas'
'sensibilidades" a metais, produtos químicos e outros. O vídeo'
'Eliminating allergic
responses''
(1) inclui três sessões completas dirigidas por Tim e Suzi, com entrevistas de
acompanhamento. Nesse vídeo vemos três clientes perderem sua alergia ou
sensibilidade a gatos, trigo e produtos químicos de revelação fotográfica. Como a
maioria das pessoas necessita de ajuda de alguém especializado, ficamos surpresos
quando algumas pessoas declararam terem eliminado suas alergias após assitirem à fita.
Um senhor telefonou dizendo:
"Coloquei a fita para minha esposa e duas outras pessoas que sofriam de alergia.
Depois de verem a fita, os três observaram que suas alergias haviam desaparecido!
Minha esposa era alérgica a um tipo de flor do campo e a muitas outras coisas, e me
surpreendeu colocando um buquê dessas flores em cima da mesa".
Alergias não-específicas
Esse método funciona bem menos em casos como a "febre do feno", na qual o
alérgeno específico é desconhecido, talvez porque é mais difícil identificar uma situação
semelhante onde a reação foi normal. Entretanto, conseguimos alguns bons resultados
mesmo nesses casos.
Anna, que sofria de asma desde pequena, observou que os sintomas asmáticos
aumentavam bastante durante a primavera e o outono, época de queda do pólen das
flores. Achava que sua asma era devida a uma reação alérgica. Quando usei o processo
de alergia com ela, Anna não conseguiu pensar em
nada
que com certeza
não
lhe
causasse uma reação alérgica. Então, pedi-lhe que pensasse
numa época da sua vida em
que não tinha sintoma algum.

"Olhe aquela Anna, a que sabe reagir a uma variedade de coisas — pólen, fungo,
poeira e outras coisas. O corpo daquela Anna simplesmente reage automaticamente de
maneira apropriada." Isso provocou uma reação positiva, e ela parecia ter muitos
recursos ao pensar "naquela Anna".
Vários dias depois do processo, Anna telefonou bastante satisfeita para contar que
os sintomas da asma tinham se reduzido a um terço do nível anterior. Como ela era
enfermeira diplomada e tinha um profundo conhecimento sobre a asma e os remédios
adequados, sentiu que podia reduzir a ingestão de medicamentos.
E se o método não funcionar?
Como mencionamos anteriormente, por razões ainda não muito claras, este
método não funciona com cerca de 20% das pessoas que sofrem de alergias específicas.
O método depende da habilidade de usar as palavras corretas para provocar estados
específicos no cliente. A congruência não-verbal também é um fator essencial, como em
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todos os métodos da PNL. É possível que em alguns casos o método não funcione por
falta de capacidade verbal e não-verbal da pessoa que o esteja aplicando.
Outro fator, comumente chamado de "ganhos secundários", também pode explicar
por que o método, às vezes, não dá resultados. "Ganho secundário" é o mesmo que dizer
que todos os nossos comportamentos têm objetivos específicos. Por exemplo, quando
uma pessoa é alérgica a açúcar, muitas vezes essa alergia tem uma função positiva
(ganho secundário) de evitar que a pessoa engorde. Se a alergia fosse eliminada, a
pessoa teria de enfrentar um novo problema: comer açúcar em excesso e engordar. Se
um lado da pessoa reconhece este fato, ele sabiamente se oporá à eliminação da alergia.
A solução para esse conflito seria ensinar à pessoa
maneiras alternativas mais
eficientes
de controlar o peso. A partir daí, a alergia deixará de ser necessária como
função positiva e não haverá mais resistência. Da mesma maneira, uma pessoa pode,
inconscientemente, continuar alérgica ao cigarro simplesmente por não possuir outra
maneira de pedir que os outros não fumem, ou porque sua alergia é a única forma de
chamar a atenção dos demais. Pode ser difícil dizer: "Prefiro que não fume perto de
mim", ou "Gostaria que prestasse mais atenção em mim", e nesse caso a alergia "fala"
pela pessoa. Se alguém que não quer ter gatos em casa deixar de ser alérgico a eles,
talvez não tenha mais como impor sua vontade.
Quando a função positiva (ganho secundário) é conhecida, pode-se geralmente
encontrar meios alternativos eficientes de alcançá-la. Mas nossas funções positivas são
em geral inconscientes. Se não forem identificadas, podem tornar-se poderosos
obstáculos à mudança, qualquer que seja o método utilizado. No capítulo 8, mostramos
uma maneira de identificar essas funções positivas de maneira afirmativa e respeitosa,
para que possamos encontrar melhores soluções alternativas.
O embasamento científico
Nos últimos anos, muitas provas científicas têm comprovado a profunda inter-
relação anatômica e bioquímica entre o sistema nervoso e a reação imunológica, o que
levou à criação de um novo campo, a "psiconeuroimunologia". Havia evidências de que
as emoções, o humor e o
stress
afetavam a reação imunológica. Entretanto, acreditava-
se que a ligação era apenas hormonal e não-específica.
O livro de Bernie Siegel,
Love, Medicine and Miracles
(2), e o de Stephen Locke,
The healer within
(3), são fontes excelentes de uma evidência cada vez mais concreta —
tanto do ponto de vista de relatos como do ponto de vista científico — da capacidade da
mente em afetar o sistema imunológico.
Para quem desejar ter acesso a algumas das fontes relativas aos fatores
psicológicos da atividade do sistema imunológico, recomendamos a leitura de artigos
recentes da revista
Science,
da AAAS. Um relatório publicado em 1985 (4) resume as
descobertas do Primeiro Seminário Internacional de Neuroimunomodulação, realizado
pelo Instituto Nacional de Saúde. O artigo afirma que:
"Pesquisas demonstraram que o
stress,
tanto profundo quanto leve, altera as
reações imunológicas, e que o clássico condicionamento pavlovia-no, que é uma forma
de aprendizado, também as influencia. Além do mais, existem entre os sistemas
imunológico e nervoso ligações anatômicas e químicas que podem servir para integrar
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as atividades dos dois sistemas. Não apenas o sistema nervoso pode influenciar as
reações imunológicas, mas também, como demonstram recentes pesquisas, as reações
imunológicas podem alterar a atividade das células nervosas. Na verdade, as células do
sistema imunológico podem ter uma capacidade sensorial, repassando ao cérebro
estímulos que não seriam detectados pelo sistema sensorial mais clássico, como a
invasão de patogenias estranhas".
Em 1984, durante uma experiência (5), cobaias receberam uma proteína estranha
para estimular a reação imunológica, e as injeções eram acompanhadas por uma
fragrância. Depois da quinta aplicação conjunta, das proteínas mais a fragrância,
constatou-se que a reação alérgica dos animais, medida pela liberação de histamina, era
estimulada apenas pela fragrância. Os níveis médios de histamina em reação àquela
determinada fragrância eram trinta vezes maiores do que os níveis causados por uma
fragrância neutra. Em outro estudo mais específico (6), ratos foram treinados para ter
uma reação alérgica à luz e ao som. O nível da enzima.específica essencial à reação
alérgica foi aproximadamente quatro vezes maior que o nível obtido com animais não
treinados.
Alguns pesquisadores acham que este é o processo que ocorre
com pessoas
que
adquirem alergias. Um incidente ou uma reação emocional pode disparar a reação do
sistema imunológico na presença de um gato, fumaça de cigarro, pólen ou qualquer
outro "alérge-no". Da mesma maneira que as cobaias aprenderam a ter uma reação
alérgica a uma fragrância, a pessoa aprende a ter uma reação alérgica à substância que
por acaso estava presente no momento em que ocorreu o fato traumático.
O método descrito neste capítulo também usa uma técnica simples de
condicionamento para modificar a reação imunológica. Imaginar uma situação na qual a
reação imunológica é normal provoca uma reação fisiológica normal, que em seguida é
substituída por uma reação alérgica imprópria. A etapa intermediária, em que o cliente
se vê com a nova reação desejada, não é necessária em todos os casos. Essa etapa torna
mais fácil aprender a nova reação, ao mesmo tempo que reduz a possibilidade de que a
antiga reação alérgica volte a se manifestar.
Como a reação imunológica humana, às vezes, pode ser recondicionada em
questão de minutos, esse método tem profundas implicações no tratamento de inúmeras
doenças nas quais a reação imunológica é inadequada. Usando-se o mesmo tipo de
processo, pode-se reduzir ou eliminar reações imunológicas destrutivas em
enfermidades como a esclerose múltipla, a artrite reumática e o lúpus. Nossa
experiência com esse método tem revelado indícios cada vez mais concretos de que
também é possível estimular psicologicamente a reação imunológica a outras doenças,
tais como o câncer.
Cuidados e sugestões
Se o leitor estiver interessado neste método, deve tomar dois cuidados básicos.
Primeiro, se a alergia que deseja eliminar tiver conseqüências fatais — como no caso de
Maria —, use o método apenas sob orientação médica. Assim, caso ocorra
acidentalmente uma reação alérgica profunda, o médico poderá cuidar das
conseqüências. Sugerimos às pessoas que possuem qualquer tipo de alergia que sigam
uma orientação médica paralelamente à utilização deste método.
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Em segundo lugar, gostaríamos de lembrar que este método baseia-se na
capacidade do corpo de condicionar e descondicionar uma reação alérgica. Se alguém o
aplicar de maneira descuidada, poderá condicionar a reação alérgica a outras causas, em
vez de eliminá-la. Provavelmente, foi isso o que aconteceu com pessoas que são
alérgicas a vários estímulos. Embora isso jamais tenha acontecido conosco, pode
ocorrer com alguém que não tenha sido suficientemente treinado.
Caro leitor, se a leitura deste capítulo o estimulou a curar uma alergia de maneira
fácil e automática, como já aconteceu com outras pessoas, agradeça à sua mente
inconsciente. Se desejar um "guia" para ajudá-lo a eliminar uma reação alérgica,
recomendamos que procure alguém que saiba utilizar bem o método. E, antes de tentar
ajudar outras pessoas, submeta-se a um treinamento, de forma a poder proteger as
pessoas que está ajudando.
Referências
(1)  "Eliminating Allergic Responses", vídeo (vide Apêndice II).
(2)
Love, Medicine and Miracles,
de Bernie Siegel, 1986.
(3) 
The healer within,
de Stephen Locke, 1986.
(4)  "The Immune System 'Belongs in the Body'." Profundas ligações anatômicas e
bioquímicas entre o sistema imunológico e o sistema nervoso ajudam a explicar como a
mudança de humor influencia a suscetibilidade à doença.
Science,
8 de março de 1985,
pp. 1190-1192.
(5)  "Learned Histamine Release".
Science,
17 de agosto de 1984, pp. 733-734.
(6)  "Pavlovian Conditioning of Rat Mucosal Mast Cells to Screte Rat Mast Cell
Protease II,
Science, 6
de janeiro de 1989, pp. 83-85.
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