segunda-feira, 18 de junho de 2012


                                                                 
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COMO REAGIR DE FORMA
POSSITIVA A CRÍTICAS


Todos nós somos por vezes criticados. É a maneira como reagimos a essas críticas
que pode melhorar de forma positiva nossas vidas ou tornar-nos deprimidos e
ressentidos. É fácil levar a crítica "para o lado pessoal" ou exagerar sua importância.
Neste capítulo, demonstraremos um processo específico que já ajudou muitas pessoas a
reagir de forma positiva a críticas.
Randy, um professor universitário, observou que qualquer tipo de crítica o
irritava. "Sempre encontrei maneiras de evitá-las", disse ele. "Escolhi uma profissão
onde não há muitas possibilidades de crítica. Mas minha esposa, que é uma pessoa
extremamente crítica, não fica intimidada com minhas credenciais. A crítica que recebo
em casa me chateia bastante. E também provoca brigas entre nós. Sinto como se ela
estivesse me atacando, mas ela diz que tem coisas importantes a me dizer e que não a
escuto. Esperava que ela viesse comigo para aprender a ter um pouco mais de tato, mas
ela não quis. Então, vim para saber se ainda assim vocês podem me ajudar."
Minha primeira tarefa era desviar o foco da atenção de Randy para algo
possível
para ele.
Talvez ele tivesse razão em dizer que a mulher era crítica demais e devia
aprender a ter mais tato. Entretanto-, mesmo que ela não quisesse modificar sua atitude,
Randy poderia ter uma reação diferente. Se fosse capaz de ouvir o que ela tinha a lhe
dizer sem levar a crítica para o lado pessoal, poderia sentir-se melhor e ser mais
indulgente com as limitações dela.
Há anos, quando começamos a estudar a maneira como as pessoas reagem à
crítica, uma das primeiras coisas que percebemos foi que certas pessoas conseguem
reagir bem a críticas, enquanto outras se sentem arrasadas ao menor sinal de desacordo.
Quando estudamos as pessoas que reagiam bem a críticas, tomamos o cuidado de
selecionar pessoas que podiam examinar se havia alguma informação útil na crítica que
estavam recebendo. Não queríamos uma atitude de simplesmente ignorar as críticas e
sentir-se bem. Queríamos ajudar as pessoas a se sentirem bem enquanto examinavam se
havia alguma informação válida na crítica. Também escolhemos pessoas que
mantinham um sentimento de indulgência e boa vontade em relação à pessoa que as
criticava. Há pessoas que só conseguem manter sua auto-estima se "contra-atacarem".
Após a crítica, sentem-se bem, mas insultam ou rebaixam a pessoa que as criticou.
Quando se contra-ataca, não há como tirar partido da crítica. Por outro lado, até uma
crítica severa pode ser benéfica se conseguirmos nos sentir bem conosco enquanto
pensamos: "O que posso aproveitar disto que estou ouvindo?"

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Descobrimos uma diferença primordial entre as pessoas que reagiam bem às
críticas e aquelas que se sentiam arrasadas: trata-se da maneira
como se vê o significado
da crítica.
As pessoas que continuavam sentindo-se bem viam-se a si próprias fazendo
aquilo que estava sendo criticado. A crítica ficava "adiante", "a uma certa distância"
delas. Com esse distanciamento, elas conseguiam fazer sua própria avaliação da crítica,
perceber o que havia de útil nela e decidir o que fazer.
Por outro lado, as pessoas que se sentem arrasadas "interiorizam" a crítica.
Imaginam que o "significado negativo" da crítica vai literalmente direto para dentro de
seu peito, como uma flecha.
A partir dessas constatações, desenvolvemos uma "estratégia para reagir a
críticas", que pode ser facilmente ensinada. Este método tem sido útil para muita gente,
e parecia apropriado a Randy.
"Randy, imagino que muitas das críticas de sua mulher são feitas de forma
negativa. E sei que é desagradável ter de ouvir muitas críticas. Você gostaria de se sentir
bem, mesmo quando ela usar um tom de voz desagradável ou apontar o dedo para
você?"
"Claro, se for possível."
Ensinamos a Randy a estratégia de reação a críticas, que descreveremos em
detalhes mais adiante. Quando terminamos, ele via e sentia de maneira diferente as
críticas da esposa.
Quando conversamos com Randy vários meses depois, ele estava muito satisfeito
com os resultados. "Notei a diferença imediatamente", ele nos disse. "Quando cheguei
em casa, logo após a sessão, minha mulher reclamou do meu atraso e do fato de eu não
ter lhe dito o que pretendia fazer, para que ela pudesse planejar o seu dia. Antes, eu
simplesmente teria me irritado. Dessa vez, parei para refletir e me dei conta de que
havia algo que podia fazer da próxima vez. Ela ficou surpresa quando lhe perguntei de
que partes da minha agenda ela desejava ter conhecimento. Esta estratégia tem dado tão
certo para mim que a ensinei a alguns dos meus alunos. Acho que muita gente sairia
ganhando com ela. Outra coisa que notei", continuou, "é que minha mulher parece mais
delicada quando me critica. Não sei se sou eu que ouço o que ela diz de outra maneira
ou se ela realmente mudou, mas é realmente interessante."
Randy notou algo que muitas pessoas observam quando passam a ter novas
opções: de repente, aqueles que nos rodeiam parecem tornar-se mais sensatos e capazes.
Muitas pessoas comentam que, após criarem novas opções, a convivência com os pais,
amigos e colegas parece mais fácil. Em geral, quando uma pessoa ganha mais opções,
os outros parecem também reagir de forma mais positiva.
Esboço para reagir bem a críticas
É muito fácil e rápido aprender este processo. Antes de começar, certifique-se de
que não será interrompido durante meia hora. Sugerimos que procure um lugar calmo e
confortável.
O básico neste processo é manter a distância entre si mesmo e a crítica. Você pode
fazer isso mantendo as críticas a uma distância confortável, talvez atrás de uma barreira
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de vidro. Assim, poderá enxergar os acontecimentos objetivamente, como se estivesse
assistindo a um filme. Isso evitará que se sinta mal, permitindo-lhe avaliar calmamente
o significado da crítica
antes
de reagir a ela.
Ao passar por esse processo, é importante manter o sentimento de capacidade o
tempo todo. Antes de começar, pense num momento em que se sentiu especialmente
capaz, ou num período em que se sentiu amado e seguro, ou ainda em qualquer outro
momento que tenha um significado especial. Imagine-se de
volta
àquela experiência e
vivencie-a
novamente durante alguns minutos, para recuperar os sentimentos positivos e
mantê-los durante todo o processo. Se a qualquer momento começar a se sentir
desconfortável, simplesmente interrompa o processo e volte a reviver a experiência,
para voltar a sentir as emoções positivas, antes de ir adiante.
Etapa nº 1: Ver-se a distância. Veja-se à sua frente. Não precisa
realmente
se
ver, basta fingir que está se vendo, ou "sentir como se" estivesse se vendo. Essa pessoa à
sua frente (você) vai aprender uma nova forma de reagir às críticas. Como esse outro
"você" está ali à sua frente, fora de você, qualquer sentimento com relação à crítica
também estará fora de você. Se quiser, pode imaginar que há um vidro entre você,
sentado confortavelmente na cadeira, e aquele outro "você" à sua frente. Embora saiba
que o vidro é uma forte barreira de proteção, você poderá ver e ouvir através dele.
Ao passar por cada uma das etapas do exercício, sinta-se bem por estar
aprendendo algo que lhe será útil daqui por diante.
Continue a observar aquele outro "você" à sua frente, certificando-se de que ele
também se sinta confortável e capaz durante todas as etapas do exercício.
Etapa nº 2: Ver-se sendo criticado. O outro "você" está prestes a ser criticado.
Observe como ele
se vê sendo criticado.
Isso pode parecer um pouco estranho, já que
não é o que as pessoas fazem normalmente. Você está observando "você" à sua frente,
enquanto este "você" se observa sendo criticado. É como se você pudesse ver as
imagens que "ele" está vendo. É um pouco difícil no início, mas insista. As coisas mais
fáceis são, em geral, aquelas que menos nos ajudam. Aprender a fazer isso lhe dará um
instrumento poderoso.
Certifique-se de que aquele "você" à sua frente continua se sentindo capaz
enquanto vê a si mesmo sendo criticado. Caso ele não se sinta capaz o suficiente,
diminua a imagem "dele" sendo criticado e afaste-a, até ele se sentir capaz de enfrentar
a situação.
Quando pedimos a Randy que iniciasse o processo, ele viu outro "Randy" à sua
frente, e esse "Randy" viu sua esposa criticar um terceiro "Randy". Portanto, você estará
vendo um outro "você" que vê um terceiro "você" sendo criticado. Caso não consiga
formar imagens, apenas finja que consegue.
Etapa nº 3: Ver-se imaginando o porquê da crítica. Agora veja aquele "você" à
sua frente enquanto ele imagina o
porquê da critica.
Por exemplo, a esposa de Randy às
vezes o criticava por ser muito indulgente com as crianças. Ele viu o outro Randy criar
um filme
à sua frente,
onde sua esposa lhe dizia isso. Ele se viu também disciplinando
seus filhos.
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Diminua bastante o tamanho do filme e afaste-o para que possa vê-lo de maneira
confortável, sentindo-se uma pessoa capaz, talvez com uma ponta de curiosidade.
Observe se consegue criar uma imagem completa do que a outra pessoa quer dizer ou se
a imagem está fora de foco ou é incompleta. Se a outra pessoa diz apenas "Você é uma
pessoa grosseira", ou "Você tem sempre um ar de superioridade", ainda não é possível
saber realmente o que ela quer dizer. Você não pode criar uma imagem completa do que
isso significa, a não ser que faça perguntas. Sempre se dirija com respeito à outra
pessoa: "Isso que está me dizendo me preocupa" ou "Estou feliz que tenha levantado
essa questão". E então pergunte: "O que eu fiz para que você me ache uma pessoa
grosseira?"
Veja o outro "você" à sua frente fazer essas perguntas, até que consiga ver
claramente o que a pessoa quis dizer. Lembre-se de verificar que o outro "você" esteja
se sentindo confortável e capaz.
Descubra realmente o que a
outra
pessoa quer dizer e não "crie"
suas próprias
respostas. Randy, por exemplo, podia imaginar o que, para ele, significava "muito
indulgente", mas era necessário saber o que a
esposa
queria dizer com isso. Como
antigamente Randy sentia-se mal quando ela dizia isso, simplesmente não lhe pedia
maiores detalhes. Só quando se viu assistindo a um filme pouco claro de como era
"muito indulgente" com as crianças, percebeu que precisava perguntar à esposa o que
ela queria dizer. Portanto, na sua imaginação, viu-se perguntando a ela: "Quero saber o
que fiz que você considera muito indulgente. O que fiz ou disse, e o que deseja que eu
faça?" Então, imaginou o que ela lhe responderia.
Enquanto Randy ensaia o processo em sua imaginação, não importa que ele
adivinhe o que a mulher poderia dizer. Depois que aprender o processo, ele irá
perguntar diretamente a ela, que lhe dirá o que pensa.
Etapa nº 4: Decidir o que pensar. Agora que já tem todos os elementos e
continua mantendo a sensação de que é capaz, você poderá decidir com que parte da
crítica concorda e de que parte discorda. A maneira mais fácil de fazer isso é comparar
o filme que criou sobre a crítica com outros "filmes" sobre os mesmos incidentes.
Observe o outro "você" enquanto ele assiste aos "filmes". Ele precisará assistir a eles
confortavelmente, para poder compará-los.
Preste atenção enquanto o outro "você" verifica se os filmes são comparáveis. Isso
permitirá que "ele" saiba se concorda inteiramente com a crítica ou não. Em geral,
existe pelo menos uma parte da crítica com a qual concordamos. Se sua lembrança do
que aconteceu é muito diferente do que aquilo que a pessoa que o criticou está dizendo,
faça-lhe mais perguntas. Preste atenção ao "outro" à sua frente, pedindo mais
informações. Por exemplo, talvez a pessoa que o critica tenha reclamado: "Você não
quer saber a minha opinião". Depois de lhe perguntar o que ela quer dizer com isso,
talvez você descubra que ela acha isso porque você olhou para o outro lado enquanto ela
estava falando. Talvez você concorde que olhou para o lado, mas foi para pensar melhor
no que ela estava dizendo — na verdade, uma demonstração de interesse.
Etapa nº 5: Decidir que resposta dar. Por enquanto, você apenas reuniu
informações, reconheceu a importância do que a outra pessoa lhe disse, mantendo ativos
seus recursos interiores. Agora, já dispõe de todas as informações para decidir o que
fazer. Sabe com o que concorda e do que discorda. Sua resposta vai depender dos seus
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objetivos pessoais, seus valores, seu relacionamento com a outra pessoa etc. Observe
que é mais fácil escolher uma resposta que respeite tanto você quanto o outro se, ao
invés de se sentir agredido, estiver se sentindo bem e com recursos. A seguir, cito
algumas respostas possíveis:
a. Diga à pessoa o que acha correto.
"Que bom que chamou minha atenção para
isso. Não tinha notado o impacto do que eu estava fazendo e agora saberei agir melhor
da próxima vez."
b. Sua resposta pode incluir uma desculpa.
"Sinto muito. É verdade que não tive
muito tato e fui egoísta." Um pedido sincero de desculpas melhora o relacionamento,
sobretudo se você realmente deseja agir de outra maneira no futuro.
c. Depois de concordar ou se desculpar, é bom explicar seu ponto de vista.
"Obrigado por ter sido franca comigo sobre este assunto que a está chateando. Sei que
olho em outras direções quando falam comigo. Isto me ajuda a pensar melhor sobre o
que você está me dizendo. Na verdade, quanto mais acho que o que está dizendo é
importante,
mais
olho em outra direção, pois quero entender direito."
"Concordo que tenha sido indulgente com as crianças. Não tinha me dado conta
do que isto significa, pois só chego em casa à noite, enquanto você fica com elas o dia
inteiro. Achei que, você devia cuidar da disciplina delas, pois não sei o que aconteceu
durante o dia. Acho que pode ser bom se combinarmos quem deve tomar conta delas a
cada noite. Assim, quando for a minha vez, cuidarei da disciplina, se for necessário."
d. Pergunte o que pode fazer para melhorar a situação.
"O que gostaria que eu
fizesse para esclarecer essa questão?" Isso não significa que tenha de seguir o conselho,
mas com isso você pode conseguir informações valiosas. Às vezes, as pessoas nos
pedem coisas difíceis ou impossíveis. Mas geralmente o que a pessoa deseja de nós
geralmente é mais simples do que pensávamos.
e. Diga à pessoa como vai agir dali por diante.
"Tem razão, planejei nossas férias
sem consultá-la. Vamos deixar esses planos de lado e fazer outros. E, da próxima vez
que tiver que fazer planos desse tipo, sem dúvida consultarei você."
f. Se não concordar de jeito nenhum com a outra pessoa, mesmo depois de prestar
atenção ao que ela disse, pode lhe dizer isto:
"Obrigada por me dizer o que acha. Mas
penso que..." "Temos opiniões diferentes a respeito desse assunto, e com certeza cada
um de nós tem direito de pensar da maneira que acha melhor."
g. Pode acontecer que você ache o ponto de vista da outra pessoa tão diferente do
seu que não vale nem a pena conversar.
"Como temos opiniões muito diferentes, não
acho que valha a pena continuar essa conversa."
Etapa nº 6: Usar a informação recebida para poder agir de outra maneira.
Na etapa número 5, talvez você já tenha decidido fazer algo diferente dali por diante. Se
não for o caso, veja o outro "você" fazendo-se a seguinte pergunta: "Quero usar a
informação para agir de maneira diferente daqui por diante?" Se for o caso, primeiro
veja o outro "você" decidindo o que vai fazer da próxima vez e depois como "ele" se
comporta diferente. Repita esses seis passos várias vezes, em situações diferentes. É
útil
usar esse processo com pessoas diferentes e vários tipos de crítica. Por exemplo, pode-
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se fazer uma crítica muito vaga, para treinar as perguntas que vão lhe esclarecer o que a
outra pessoa quis dizer. Use exemplos em que concorde inteiramente com a crítica e
também em que discorde de toda a crítica ou parte dela.
Selecione exemplos de criticas
difíceis de serem aceitas.
Algumas pessoas acham mais difícil aceitar as críticas dos
amigos íntimos ou da família, enquanto outras têm mais dificuldade com as críticas dos
colegas de trabalho, do patrão ou dos subordinados. Normalmente, três ou quatro
"ensaios" são suficientes para que este processo seja automaticamente incorporado ao
seu comportamento.
Etapa nº 7: Incorporar a sua parte interior que aprendeu o processo. Pode
parecer um pouco estranho, mas trata-se de um passo muito importante. Você acaba de
observar uma parte interior sua aprender uma nova maneira de reagir a críticas. Agora,
você deve trazer para dentro de si aquele "outro você", para que o processo se torne
automático. Primeiro, dissolva o vidro que os separa. Agradeça ao "outro" por tê-lo
ajudado neste processo. Agora, estenda os braços e abrace aquele "outro" e traga-o para
dentro de você. Leve o tempo que achar necessário, para que todo o conhecimento
recém-adquirido esteja imediatamente à sua disposição quando receber uma crítica dali
por diante.
Muitos dos que aprenderam este processo, seja durante um seminário, lendo um
de nossos livros anteriores (1) ou assistindo a um de nossos vídeos (2), testemunharam
como isso foi importante para eles. Alguns comentaram que, além de ajudá-los a aceitar
as críticas de outros, este processo também tornou mais fácil lidar com a autocrítica.
Eles simplesmente o aplicaram ao que diziam a si mesmos.
Este processo também pode ser aplicado a elogios, tornando a pessoa menos
influenciável a opiniões bajuladoras. Após avaliar o elogio, pode-se agradecer com
cortesia. Se o alvo do elogio for algo muito importante, pode-se reagir com mais
sentimento.
Uso do método com ex-combatentes
Peter Gregory, psicólogo do Veterans Administration Medicai Center, em Fort
Harrison, Montana, nos telefonou há pouco tempo para agradecer pelos métodos de
PNL que aprendera conosco, pois estavam sendo úteis no seu trabalho com ex-
combatentes. Antigo chefe de equipe de uma associação de ex-combatentes em outro
Estado, Peter tem trabalhado com centenas de ex-combatentes, desde 1973. Ele disse:
"Além do método de cura de fobia, uso bastante a estratégia que aprendi com
vocês para reagir a críticas. Além de valiosa para dessensibilizar a reação das pessoas à
autoridade, é extremamente útil para pessoas com tendências violentas. Alguns dos
homens com que trabalhei tornaram-se capazes de ouvir uma crítica da esposa sem
terem reações violentas. Já não se ofendem com facilidade. E muitos me dizem: 'Eu nem
me dava conta de que estava reagindo com agressividade.' "
Aprender a reagir positivamente a críticas é apenas uma das inúmeras habilidades
que tornam nossa vida mais fácil. Cada uma dessas habilidades aumenta nossa auto-
estima, coloca mais opções à nossa disposição e permite-nos ter um melhor
relacionamento com outras pessoas.
Referências
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(1) Andreas, Steve & Andreas, Connirae.
Transformando-se — mais coisas que você
não sabe que não sabe,
cap. 8, "Uma estratégia para lidar com críticas" (Summus
Editorial).
(2) "A Strategy to Responding to Criticism", vídeo (vide Apêndice III).
Não me aborreço com críticas,

mesmo quando, por força de um argumento,

elas deixam de corresponder à realidade.

WINSTON CHURCHILL
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FOBIAS, TRAUMAS E MAUS
TRATOS


Quando Lori tinha onze anos, caiu numa casa de vespas e recebeu mais de cem
ferroadas. Seu corpo inchou tanto que seus anéis tiveram de ser cortados. Não entrava
em nenhum de seus vestidos e durante vários dias teve que usar o
robe
do pai. Desde
então, desenvolveu uma profunda fobia a abelhas. Como ela mesma diz: "Se uma abelha
estiver na minha casa, é porque
eu
não estou!" Se uma abelha entrar no carro enquanto
ela estiver dirigindo, Lori encosta o carro, desliga a ignição, abre as portas e espera até
que a abelha vá embora. Um dos participantes de nosso seminário conhecia a fobia de
Lori e lhe perguntou se ela gostaria de fazer uma demonstração para o resto do grupo.
Embora vários outros exemplos deste livro estejam parcialmente resumidos para a
conveniência do leitor, oferecemos uma transcrição completa desta sessão, para quem
quiser conhecer todos os detalhes. A sessão com Lori está também incluída em nosso
vídeo "Cura rápida de fobia e trauma" (1).
Lori, a quem eu não conhecia, entrou na sala pouco antes de eu lhe pedir que
viesse à frente. Para enfatizar o método, não contei ao grupo qual a sua fobia. O método
funciona com várias fobias específicas, pouco importa qual seja o problema. Comecei a
conversar, para deixá-la à vontade. • "Lori, nunca tínhamos conversado antes."
Lori: "Não".
"Mas você conversou com Michael."
Lori: "É..."
"Não sei que promessas exageradas ele lhe fez" (sorrindo).
Lori: (rindo) "Não vou lhe contar. Não direi o que ele prometeu
"Bom, mas você tem uma reação fóbica, que não contaremos ao grupo, está bem?"
Lori: "Está".
"Trata-se de algo bem definido, certo?"
Lori: "Certo".
"É um único objeto ou um grupo de objetos?."
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Lori: "Um único objeto".
"Apenas um. O que vou pedir a você é que pense nesse objeto agora. Se um deles
estivesse voando pela sala agora..."
Lori: "Ahhhh!" (Ela gira a cabeça, rindo de maneira nervosa.)
Depois de ter visto o tipo de reação fóbica de Lori, vou poder saber quando a
reação tiver mudado. Entretanto, neste momento, preciso
tirá-la
deste estado antes de
passar à técnica. Foi o que fiz, com instruções bem claras, distraindo-a, acalmando-a e
perguntando-lhe sobre seu amigo Michael.
"Isto é o que chamamos de 'teste prévio'. Muito bem, volte para cá. (Lori ainda
está rindo de maneira nervosa.) (...) Olhe para as pessoas do grupo. (...) Olhe para mim.
(...) Segure minha mão."
Lori: "Obrigada. Estou bem agora".
"Não faremos mais esse tipo de coisa, está bem?"
Lori: "Está bem. Nossa mãe!"
"Agora, olhe para as pessoas à sua volta. Como se sente diante delas? (Lori olha
para o grupo.) "Sente-se nervosa por estar na frente deles?" (Lori inspira profundamente
e diz "Nem tanto".) "Está se sentindo bem?"
Lori: "Estou, sem problema".
"Tem um amigo no grupo, não é?"
Lori: "Tenho, sim".
"Ele tem um lindo sorriso."
Lori: "É verdade. É um grande amigo".
"Perfeito."
Agora que Lori voltou ao seu estado normal, posso iniciar o processo. "O que
gostaria que fizesse, antes de mais nada... Quero esclarecer que este método é muito
simples e que você não terá de se sentir mal ou coisa parecida. Mas precisamos nos
preparar. Portanto, quero que, antes de começarmos, imagine que está dentro de um
cinema."
Lori: "Tudo bem".
"Talvez seja mais fácil se fechar os olhos..."
Lori: "Tudo bem". (E fecha os olhos.)
"Agora, quero que veja uma imagem de si mesma na tela — uma foto em preto-e-
branco. Pode ser uma foto sua como está agora, sentada, ou em casa, ou no trabalho...
Consegue ver uma foto de si mesma?" (Lori faz que sim.) É fácil para você se imaginar
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numa foto?"
Lori: "É..."
"Ótimo."
"Agora, quero que deixe a foto em preto-e-branco lá na tela, saia do seu corpo,
que está sentado aqui nesta cadeira, e vá até a cabine de projeção do cinema. Consegue
fazer isso? Vá no seu ritmo..."
Lori: "Consegui".
"De agora em diante, quero que fique na sala de projeção. De onde está consegue
ver-se, sentada na sala do cinema? (Lori sorri levemente e faz que sim). E também
consegue ver o retrato em preto-e-branco na tela?"
Lori: "Consigo".
"O retrato de si mesma?"
Lori: "Isso mesmo".
"Muito interessante". (Lori ri e diz: 'Uma boa foto!') Sabe que poderia participar
de um seminário sobre 'viagens fora do corpo' e pagar 250 dólares para aprender o que
acabou de fazer?" (Lori ri.)
"Muito bem, agora quero que fique em pé na cabine de projeção e veja-se sentada
no cinema e também a sua foto em preto-e-branco na tela."
Lori: "Está bem".
"Entendeu o que estou lhe pedindo?"
Lori: "Entendi".
"Ótimo, quero que fique de pé, dentro da cabine de projeção, até que eu lhe diga
para fazer outra coisa."
Lori: "Está bem".
"Quero que se veja através da abertura da cabine de projeção. Há uma abertura no
vidro para que possa ver o filme que vamos passar daqui a pouco. Então, quero que
passe um filme de si mesma num momento ruim, em que reagia àquele objeto, naquele
momento específico. Quero que passe o filme do início para o final e que continue
dentro da cabine de projeção. Pode colocar os dedos no vidro e sentir sua textura. Mas
passe o filme até o final. Veja-se entrando em pânico ao reagir a uma das tais situações.
Isso mesmo. Leve todo o tempo que quiser e diga-me quando tiver terminado."
Observei Lori para ver se havia sinais não-verbais de que ela estivesse tendo a
reação fóbica novamente, mas ela continuou com recursos.
Lori: "É difícil chegar ao final".
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"E por que é difícil?"
Lori: "Porque simplesmente pára. É como se tudo recomeçasse. (Faz um gesto
circular com a mão direita.) Aquele incidente recomeça sem cessar e não parece ter um
final, apesar de eu saber que terminou".
"Então parece recomeçar sem cessar."
Lori: "Isso mesmo".
"Vamos acelerar o filme. Quantas vezes acha que deverá recomeçar, até chegar ao
final?"
Lori: "Umas seis vezes, talvez".
"Então vamos recomeçar umas seis vezes, para que possa chegar ao final... E
quando eu disser 'fim!', isto é, depois que tudo aconteceu e você estiver se sentindo bem
de novo..."
Lori: "Está bem".
"Chegou ao final?"
Lori: "Cheguei".
Apesar de não ter observado nenhum sinal da reação fóbica, acho melhor
perguntar a ela: "Sentiu-se à vontade ao observar toda a cena?"
Lori: "Um pouco desconfortável, mas não foi ruim".
"Um pouco desconfortável, mas não ruim. Não foi como quando aconteceu de
verdade".
Lori: "Não".
"Ótimo. Daqui a um minuto, vou pedir-lhe que faça uma coisa. Não quero que a
faça até que eu lhe dê um sinal. Quero que saia da cabine de projeção e também da
poltrona da sala de projeção e entre no filme bem no finalzinho, quando tudo está bem
de novo e você está se sentindo à vontade. Então, quero que passe o filme do final para
o início, inclusive aquelas seis vezes que foi necessário repetir. Já viu um filme ser
passdo de trás para frente quando estava na escola, por exemplo?"
Lori: "Já".
"Perfeito. Quero que passe o filme do final para o início,
em cores,
e que esteja
dentro
dele, de forma que a experiência seja real para você. Mas quero que a vivencie
do final para o início, e que faça isso em um segundo e meio. De forma que a sensação
seja 'biiiiiiiiizzzzuuuuurrrrrpppppp', e pronto!"
Lori: "Tudo bem".
"Então, faça agora".
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Lori respira fundo, estremece diz: "Nossa!"
"Muito bem. Conseguiu sair do outro lado sem problemas?"
Lori: "Consegui!" (rindo)
"Você deve ter-se sentido um pouco estranha, no meio daquela situação, não é?"
Lori: (mexendo a cabeça e continuando a rir) "Nem me diga!"
"Bem, agora quero que repita mais umas duas vezes, só que mais rápido. Vá até o
final e, bem no finalzinho, entre no filme e volte para o início, revivendo toda a cena..."
A maioria das pessoas precisa passar o filme do final para o início apenas uma
vez, mas, como Lori sentia-se muito desconfortável, achei que deveria refazer a cena
algumas vezes. Dessa vez, sua reação foi bem menos intensa, apenas um leve suspiro no
final.
"Repita uma terceira vez, mais rápido ainda..."
Lori: "Tudo bem".
"Acha que foi mais fácil, da terceira vez?"
Lori: "Foi, sim".
"Então, acho que basta."
Lori abre os olhos, parecendo
muito
cética. Agarra a cadeira com ambas as mãos e
começa a rir alto. Depois de oito segundos de uma boa risada, diz:
"Ainda bem que essa
consulta foi de graça!",
e continua a rir por mais doze segundos. Embora Lori tivesse
cooperado de bom grado durante todo o processo, sua reação demonstra que ela não
acredita no que acabamos de fazer. Conhecemos bem o tipo de ceticismo de Lori.
Mesmo tendo ajudado literalmente centenas de pessoas,
nós mesmos
ainda ficamos
surpresos em ver como um processo tão simples pode ter um impacto tão poderoso. Os
comentários que faço a seguir visam demonstrar que percebo sua atitude de descrença
permitir que ela se recupere antes de testar novamente sua reação a abelhas.
"Está tudo bem. Nós também adoramos fazer piadas. Aliás é uma das melhores
formas de dissociação. Pense nisto. Quando brincamos, quando temos uma reação bem-
humorada a algo, somos obrigados a manter um certo distanciamento da situação e a
nos vermos numa nova moldura, uma moldura engraçada. É uma maneira muito valiosa
de nos dissociarmos. Acredito que a dissociação é a essência do humor — não de todos
os tipos de humor, claro, pois existem diferenças entre eles. Mas é sem dúvida uma boa
coisa."
"Agora, Lori, quero que imagine que uma dessas pequenas criaturas está
chegando perto de você."
Faço um gesto com um dedo em direção a Lori, imitando o vôo de uma abelha.
Ela fica quieta, um pouco preocupada, depois pensativa,
mas não
volta a ter a reação de
medo que demonstrara no início da sessão.
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Lori: "Tudo bem".
"E como se sente?"
Lori: "Bem... é que..." Lori não consegue se expressar direito e começa a rir.
"Bem..."
"Ainda sente aquilo (a fobia)?"
Lori: (olhando para baixo, surpresa) "Não!" Ela ri e coloca a mão no peito.
"É uma boa resposta, porque parece "Como foi isso?" Conscientemente, ela estava
esperando sentir a (antiga) reação. Ela a sentiu durante... Quanto tempo mesmo você
sentiu aquela reação?"
Lori: "Vinte anos".
"Ela tinha a certeza de que teria aquela reação durante vinte anos. Era uma reação
muito forte e desagradável. Trata-se de uma expectativa muito forte. E que tipo de
expectativa consciente ela teve agora? 'Ai, vai ser horrível...! e, de repente, 'Como foi
isso?' "
Lori: "É verdade!"
"Agora vamos experimentar algo pior ainda. Imagine que uma abelha veio pousar
na sua mão. (Lori olha para a mão.) Consegue imaginar?"
Lori: "Sim". Ela balança a cabeça, sem acreditar. "Nossa mãe!"
"Como se sente?"
Lori: "Bom... (Ela sacode os ombros, indiferente.) É como se eu tivesse uma
abelha pousada na mão".
"É uma resposta típica. É o mesmo que dizer: 'É como estar dentro de um
elevador'. Não é meio estranho?"
Lori: "É verdade. Foi isso que aconteceu um ano depois do incidente. Uma abelha
veio pousar na minha mão. Meu Deus!"
"E sua reação foi bem diferente da de agora, certo?"
Lori:
"Muito" !
(Olha de novo a mão.)
Esta sessão, realizada em janeiro de 1984, durou menos de sete minutos. A reação
não-verbal de Lori a abelhas foi nitidamente diferente no final da sessão. Várias vezes,
durante o verão, perguntamos a ela se havia visto abelhas, pois queríamos conhecer sua
reação numa situação real. Ela sempre nos disse que não vira nenhuma abelha.
Finalmente, no mês de dezembro de 1984, levamos um vidro cheio de abelhas à sua
casa. Na entrevista de acompanhamento, gravada em vídeo, ela calmamente segurou o
vidro, examinando as abelhas com atenção. Depois, soltamos as abelhas e ela as
observou voando pela sala sem esboçar nenhuma reação. Havia uma abelha dentro da
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52
sua casa e, dessa vez, ela também estava lá. Cinco anos se passaram desde a sessão e
Lori nunca mais prestou atenção a abelhas, embora admita: "Mas acredito que algumas
passaram por mim".
É bastante comum que as pessoas não prestem atenção ao que antes era um
estímulo fóbico. O que as amedrontava torna-se tão normal que nem lhes chama a
atenção. Quando entrevistamos uma senhora algumas semanas após ter eliminado sua
fobia de elevador é que ela se deu conta de que já havia tomado várias vezes o elevador,
sem ter notado!
Quando usar o método contra a fobia
Este método foi criado por Richard Bandler2, a partir de um método anterior
criado por ele juntamente com John Grinder (3). Funciona muito bem em qualquer caso
de fobia na qual a pessoa reaja instantaneamente a um estímulo específico: insetos,
medo de altura, pássaros, cobras, água, locais fechados, elevadores etc. Embora tenha
funcionado em alguns casos de agorafobia, não é o método ideal para esse problema.
As reações fóbicas são caracteristicamente
instantâneas
a uma situação ou
estímulo específico. Outras reações de medo, muitas vezes chamadas de "ansiedade",
desenvolvem-se mais lentamente, num período de minutos ou horas. Este método nem
sempre é eficaz nos casos de reações de ansiedade. Para esses casos, o padrão
swish
(vide capítulos 17 e 18) geralmente funciona bem.
Além das fobias específicas, este método pode ser eficiente para eliminar muitos
problemas que nem sempre são considerados fobias, desde que sejam reações
automáticas a lembranças desagradáveis. Neste conceito está incluída uma ampla gama
de reações traumáticas a acidentes, maus-tratos, doenças graves,
flashbacks
de drogas e
experiências de guerra, inclusive a maioria dos distúrbios de
estresse
pós-traumático
(DSPT).
                                                          
2
 Método rápido de cura de fobia: resumo
Escolha uma lembrança desagradável, uma fobia ou uma experiência traumática que deseje
neutralizar. Reveja o exemplo da Lori, para obter uma descrição mais detalhada de cada etapa.
1.  Imagine que está numa sala de cinema.
Veja-se
fazendo algo neutro numa pequena tela em
preto-e-branco.
2.  Saia fora do seu corpo e veja-se olhando a si mesmo na tela.
3.  Nesta mesma posição, assista a um filme em preto-e-branco de
si próprio
passando pela
experiência que deseja "neutralizar".
4.  Após ter acabado de se ver no filme, quando tudo voltou ao normal, pare o filme, como se
fosse uma fotografia. Então, entre
dentro
da foto, torne-a colorida e volte o filme de trás para
diante rapidamente. É como se você estivesse assistindo a um filme do fim para o início, com
você
dentro
dele, como se o tempo tivesse invertido seu curso normal.
5. Agora, teste. Pense no incidente ou na lembrança e observe se consegue se sentir mais
confortável. Se conseguir, não precisa fazer mais nada.
Senão, repita o processo ou peça ajuda a alguém com experiência.
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53
Embora pessoas com experiências profundamente traumáticas necessitem da
ajuda de um profissional experiente, muitas pessoas conseguiram aplicar em si mesmas
esse método para neutralizar medos. O processo será descrito mais adiante.
Sugerimos que este método seja usado com uma ou várias experiências
levemente
desagradáveis, para que se possa aprender as etapas do processo e verificar sua eficácia.
Munida de conhecimento e prática, a pessoa poderá lidar mais facilmente com
experiências mais graves.
Distúrbios de estresse pós-traumático (DSPT)
Um rapaz com quem trabalhei, John, vinha lutando contra o DSPT há doze anos.
Havia tentado vários tipos de terapia, incluindo a análise transacional, gestalt, terapia da
realidade e terapia da emoção verdadeira. John havia sido fuzileiro naval no Vietnã. Ao
retornar aos Estados Unidos, descobriu — como tantos outros ex-combatentes da
Guerra do Vietnã — que não conseguia esquecer a experiência. John tinha pesadelos
nos quais se via de volta ao Vietnã e acordava gritando e se debatendo na cama. Às
vezes, a esposa era obrigada a dormir em outro quarto para não se machucar. Depois de
uma noite dessas, acordava dez vezes mais cansado do que quando fora se deitar. Se
alguém se aproximava dele pelas costas e o tocasse ou falasse com ele, John dava um
salto e tinha que se controlar para não reagir de forma violenta.
John evitava qualquer coisa que lhe lembrasse a Ásia, pois isto lhe provocava
pesadelos. Chegou até a ter um pesadelo de olhos abertos. Num mercado de pulgas,
ouviu vozes falando em vietnamita e viu uma família de dez vietnamitas caminhando
em sua direção. "Isto me fez reviver o incidente mais violento por que passei no
Vietnã", ele contou. Quando olhou à sua volta,
"todas as pessoas
haviam se
transformado em vietnamitas". John entrou em pânico e saiu correndo.
Trabalhei com John durante cerca de 40 minutos. Gastei a maior parte desse
tempo tentando convencê-lo a experimentar o método. Como havia passado por muitas
terapias sem sucesso, estava relutante em tentar novamente.
Um mês após a sessão, numa entrevista gravada em vídeo (1), John declarou que
finalmente atingira o resultado desejado. Estava conseguindo dormir bem e acordar
descansado. Tinha até se tornado amigo de dois asiáticos e ido a um restaurante japonês
e pedido a refeição em japonês, idioma que não usara nos últimos doze anos. Bastante
comovido, disse o quanto estava agradecido por ter recuperado a capacidade de se
relacionar com asiáticos, como amigos, em vez de ver neles apenas lembranças dos
tempos de horror do passado.
No dia seguinte à sessão, ele viajou com a esposa para participar de um seminário
de dois dias. No final do segundo dia, a esposa comentou: "O que está acontecendo com
você? Está diferente. Antigamente, você dava pulos quando alguém chegava por trás de
você e agora não está mais fazendo isso". Só então ele se deu conta de que ela tinha
razão, só que nem tinha notado.
Chegou até a rever um filme sobre o Vietnã,
The boys from Company C,
sem
nenhum problema. Da primeira vez, tinha sido "um horror durante duas semanas".
Esse relato indica claramente uma mudança ocorrida em um profundo nível
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inconsciente. Há pouco tempo, cinco anos depois da nossa sessão, telefonei para John e
ele disse-me que se sentia bem. Para fazer um teste suplementar, pedi-lhe que me
descrevesse o pior incidente que lhe acontecera no Vietnã. Com uma voz normal, ele
contou que estava numa feira-livre em Pleiku, esperando para reunir o pelotão, quando
uma criança tentou roubar sua carteira. Ao agarrar a mão da criança, ele ouviu alguém
gritar "Granada!" atrás dele e sentiu algo rígido às suas costas. Ao voltar a si, estava
encostado em uma árvore, ainda segurando o braço da criança. "Era só o braço que eu
segurava, pois o resto do corpo havia explodido." Para finalizar, ele disse: "Ainda sinto
um pouco de ansiedade. Isto me faz lembrar que sou um ser humano. Quero manter essa
sensação". John tornou-se um conselheiro sobre problemas de dependência de drogas e
álcool. É uma pessoa que vive profundamente sua vida.
John passou por experiências terríveis — experiências que não desejaríamos a
ninguém. Quando coisas desse tipo acontecem às pessoas, ficamos contentes em poder
ajudá-las a vencer o horror. Ninguém merece passar por esse tipo de experiência. Menos
ainda continuar a revivê-las pelo resto da vida.
Abusos sexuais e maus-tratos físicos
Com base neste último método contra a fobia desenvolvemos outro método que
tem um papel importante no nosso trabalho com pessoas que sofreram abusos sexuais
ou maus-tratos físicos. Recentemente, a sociedade começou a reconhecer que há um
número imenso de pessoas que sofreram algum tipo de maus-tratos e os problemas que
podem surgir daí. Algumas pessoas conseguem superar o impacto emocional dessas
experiências, enquanto outras precisam de ajuda para se libertar desses traumas.
O passado de Leroy estava tão cheio desse tipo de experiências que muitas delas
simplesmente tinham sido eliminadas de sua memória. Se alguém conversasse com ele a
respeito de suas experiências anteriores, ele imediatamente pensava em outra coisa ou
ficava tão assustado que ia embora. Leroy queria tanto evitar a dor que sua atitude
chegava a interferir no seu dia-a-dia. Desejava fazer alguma coisa para resolver o
problema.
Contei rapidamente a Leroy como funcionava o método que usávamos para ajudar
as pessoas a se recuperarem de experiências traumáticas do passado e perguntei-lhe se
estava disposto a experimentá-lo. Ele queria muito tentar.
Primeiro, guiei Leroy pelo processo de fobia, usando três incidentes desagradáveis
do passado, mas não tão traumáticos a ponto de ele os ter apagado da lembrança. Com
isso, ele conseguiu pensar naquelas experiências de maneira confortável.
Em seguida, expliquei-lhe: "Leroy, você passou por experiências profundamente
desagradáveis. Algumas foram tão ruins que você as eliminou de sua memória, para se
proteger contra sentimentos dolorosos. É muito bom que seu inconsciente queira
protegê-lo. Este processo pode ensinar ao seu inconsciente uma maneira de protegê-lo.
Você não tem de se lembrar dessas experiências de forma consciente, porque podemos
guiar sua mente inconsciente para que ela as recodifique de forma que, a nível
inconsciente, não se sinta mais incomodado por elas. É melhor deixar que essas coisas
permaneçam no passado. Seu inconsciente continuará conhecendo essas experiências,
de forma que você possa aprender com elas e evitar que algo parecido aconteça
novamente, mas você se sentirá confortável ao se lembrar delas, mesmo no nível do
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inconsciente. E seu inconsciente pode decidir se e quando é apropriado ter acesso a
essas informações de forma consciente".
Recodificação de experiências desagradáveis do passado
"Primeiro, vou pedir à sua mente inconsciente que selecione todas as suas
experiências, em nível inconsciente, separando aquelas que foram desagradáveis das
neutras ou agradáveis. Vamos fazer algo especial com suas experiências desagradáveis.
Seu inconsciente pode lhe dar um sinal que lhe permita saber quando acabou de separar
os dois tipos de experiência. Talvez escute ou veja algo internamente, apenas sinta que
já terminou."
Leroy fechou os olhos e entrou num estado alterado de consciência. Como era
difícil falar comigo nesse estado, pedi-lhe que acenasse com a cabeça "sim" ou "não".
Quando Leroy fez que "sim", passei à etapa seguinte.
"Agradeça ao seu inconsciente por estar separando essas experiências. Agora é
hora de recodificá-las, para que possa manter o que deseja como aprendizado, porém
com novos sentimentos em relação a elas. Você já sabe o que aconteceu quando
recodificou as três experiências desagradáveis de fobia com as quais trabalhamos há
poucos minutos. Quando
você
se
viu
à distância passando por aquelas experiências ,
sentiu-se confortável, como se aquilo estivesse acontecendo com outra pessoa ou como
se estivesse assistindo a um filme. Essas experiências aconteceram há muito tempo.
Você passou pelo método de eliminação de fobia, tanto consciente quanto
inconscientemente. Agora, seu inconsciente pode usar este mesmo método de
eliminação de fobia para todas as experiências desagradáveis do passado. É bom que
seu inconsciente saiba usar o método de eliminação de fobia, porque tudo acontece
muito mais rápido no nível inconsciente.
"Não sei exatamente com que rapidez sua mente inconsciente vai recodificar todas
as suas experiências desagradáveis do passado, transformando-as em pequenas imagens
nas quais você se vê à distância. E você verá que a cor vai desaparecendo dessas
lembranças à medida que elas se afastam cada vez mais. No nível inconsciente, você
poderá notar que, embora essas experiências tenham ocorrido em seqüência, agora pode
vê-las de uma só vez. Elas já não parecem tão importantes, pois
seu inconsciente agora
sabe lidar com coisas desagradáveis."

Enquanto eu falava, Leroy me dava sinais profundos de que estava entendendo
tudo o que eu dizia. Os movimentos de seus músculos revelavam que ele estava
passando por uma grande reorganização interna. Quando terminou, continuei: "E há
mais uma coisa que seu inconsciente pode fazer para que você se
afaste completamente
dos sentimentos que
tinha
a respeito dessas experiências. Os sentimentos desagradáveis
devem ficar na lembrança, não em você. Qualquer sensação desagradável que ainda
esteja
ligada a você deve ir para a sua
memória.

"Para que isso seja possível, seu inconsciente colocará todas as suas experiências
passadas em seqüência, umas atrás das outras. E todas as experiências desagradáveis
que você acabou de recodificar podem ser destacadas, talvez alinhadas ao lado das
outras...
"Agora, perceba que a fila de todas as suas experiências passadas se encontra
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atrás
de você. Você está no presente e, quando se sentir pronto, poderá
voltar atrás,
passando rapidamente por
todas
as experiências desagradáveis, e desligar-se de todas
elas à medida que cada uma delas se desfaz rapidamente." Como este é um processo
inconsciente ou semiconsciente, a reorganização da experiência é muito rápida. Na
verdade, se for feito devagar, em geral não funciona. Leroy passou por todo o processo
em cerca de cinco segundos.
Como fazer a religação com os recursos do passado
O próximo passo serviu para nos dar certeza de que Leroy tiraria o melhor
proveito de suas experiências passadas agradáveis. Muitas das pessoas que sofreram
maus-tratos tentam esquecer
todo
o passado, eliminando as experiências agradáveis
junto com as desagradáveis.
"É importante também ter certeza de que você consegue sentir e apreciar
profundamente todas as experiências
agradáveis
que tenha tido no passado. Comece a
perceber agora, seja a nível consciente ou inconsciente, todas as suas experiências
agradáveis anteriores. Pouco importa, na verdade, que uma experiência agradável tenha
durado um dia inteiro, um minuto ou apenas uma fração de segundo. Todas as
experiências agradáveis são suas, e você merece conservá-las de forma a se
sentir
ligado a elas
a nível inconsciente, mesmo que não se lembre delas conscientemente.
"Quando tiver selecionado todas as suas experiências agradáveis do passado,
transforme-as em filmes grandes e bem coloridos, para que possa sentir o seu impacto.
E também poderá estar
dentro
deles, saboreando plenamente a experiência. Mesmo
quando pensa em todas as suas experiências agradáveis de uma só vez, pode sentir-se
ligado a cada uma delas, como se estivesse em cada uma delas, pois trata-se de suas
experiências, e uma parte importante do aprendizado é poder apreciar a forte sensação
de capacidade que elas fornecem."
Leroy ficou radiante. Seu rosto estava quase em êxtase quando ele entrou de novo
em contato com as partes agradáveis do seu passado. Além de agradável, esta
capacidade de
sentir profundamente
nossas experiências passadas nos permite
reconhecer o nosso próprio valor.
"Leroy, para que você possa entrar
ainda mais
em contato com as experiências
agradáveis do passado, sua mente inconsciente deve colocar novamente em seqüência
todas suas experiências passadas, desde o momento de sua concepção até agora... Dessa
vez, você estará prestando uma atenção especial às experiências agradáveis, porque
ainda precisa fazer mais uma coisinha com elas...
"Quando todas as suas experiências agradáveis do passado estiverem alinhadas,
flutue para fora do seu corpo, vá até o momento em que foi concebido e entre de novo
no corpo. Quando estiver pronto, sinta a experiência completa de passar rapidamente
da
primeira à última dessas experiências,
a partir do momento da sua concepção, ligando-
se aos recursos de cada uma delas com todo o seu ser, de forma que a sensação de
capacidade penetre em cada célula do seu corpo. Faça isso como se estivesse reunindo
esses recursos dentro de si mesmo, para que, ao passar de uma experiência a outra, a
sensação de capacidade permaneça dentro de você..."
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Recodificação do presente
"Você acaba de passar por uma profunda reorganização do seu passado. E poderá
trazer essa reorganização para o presente, de forma que, se algo desagradável acontecer,
você se sinta como se aquilo estivesse acontecendo com
outra pessoa.
Isso lhe permitirá
sentir-se capaz de lidar com qualquer coisa que lhe aconteça... E quando algo agradável
estiver acontecendo com você, é claro que poderá desfrutar plenamente a sensação de
estar mergulhado na experiência." À medida que Leroy seguia minhas instruções, sua
cabeça deixou de voltar-se para a esquerda e passou a olhar diretamente à frente,
indicando que ele estava entrando na linha de experiências do presente (ver Capítulo 18,
sobre as Linhas do Tempo).
Como levar o aprendizado para o futuro
"Todos nós sabemos de coisas que poderão nos acontecer no futuro, de forma que
você poderá também codificar o futuro, como fez com o passado. Mesmo não sabendo o
que irá nos acontecer no futuro, e mesmo que estejamos tomando atitudes para que
nossa vida se torne cada vez mais positiva, sabemos que teremos experiências
agradáveis e desagradáveis. Mesmo sem sabermos exatamente o que acontecerá,
qualquer experiência desagradável pode parecer menor, em preto-e-branco, enquanto a
imagem inconsciente de um futuro positivo se torna maior e mais colorida." Enquanto
eu falava, Leroy voltou-se levemente para a direita, indicando que estava pensando no
futuro.
Respeito à ecologia interna
Após haver completado o processo, perguntei a Leroy se algum lado seu tinha
objeções ao que acabávamos de fazer. Sua resposta foi negativa. Como esta é uma
recodificação importante da experiência, é importante estar atento a uma possível
necessidade de ajuste. 'Por exemplo, às vezes as pessoas têm crenças a respeito de si
mesmas que não valem a pena ser mudadas.
"Leroy, dê a si mesmo o tempo que for necessário para integrar completamente
esta recodificação, certificando-se de que sua nova codificação o respeita plenamente
enquanto pessoa, e aos seus relacionamentos, porque para sua mente inconsciente
é
sempre possível fazer os reajustes necessários,
para que a nova codificação funcione
ainda melhor. Sua mente inconsciente pode integrar esta nova experiência aos sonhos
que terá hoje à noite, permitindo-lhe acordar amanhã sentindo-se em forma e bem
descansado. E se seu inconsciente precisar de ajuda, poderá enviar-lhe um sinal, como,
por exemplo, um formigamento na base da espinha, ou talvez uma imagem, para que
você perceba o que ele quer."
Na manhã seguinte, Leroy teve uma sensação de bem-estar e não precisou de
nenhuma outra ajuda. Alguns meses depois, contou que conseguia lembrar-se do
passado de forma mais confortável e que a sensação de bem-estar ainda permanecia.
"Outras questões importantes surgiram, e consegui lidar com elas com maior
facilidade", disse-nos.
O impacto
Esse método neutraliza as intensas sensações negativas que geralmente
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acompanham as lembranças de maus-tratos e faz com que se tomem as medidas
necessárias, se for o caso. Quando uma pessoa tem uma reação fóbica a maus-tratos de
que foi vítima, como no caso de Leroy, esse método consegue resolver completamente o
problema da sensação ruim. Além do mais, Leroy conseguiu entrar novamente em
contato com suas capacidades internas do passado, o que também é muito importante.
Muitas outras pessoas nos fizeram relatos semelhantes aos de Leroy após terem
usado esse método. "Sinto-me mais capaz, mais equilibrado". "Consigo pensar no
passado sem que isso me incomode." Às vezes, as pessoas se lembram de incidentes
passados dos quais, por serem tão traumatizantes, nem conseguiam lembrar-se antes de
aprenderem a "vê-los à distância". Mesmo em estado de inconsciência, esses incidentes
podem criar crenças limitadoras a nosso respeito, de forma que tê-los à mão pode ser
muito útil. (Ver Capítulo 3, onde ensinamos um método para transformar crenças
limitadoras decorrentes de experiências traumáticas.)
Como funciona
Para entender como esse método funciona, precisamos conhecer alguns fatos
importantes sobre nossas imagens mentais. Quando imaginamos algo grande, claro,
colorido e próximo a nós, geralmente isso provoca em nós uma forte sensação. Foi por
isso que pedimos a Leroy que recodificasse todas as experiências
nas quais se sentia
capaz
dessa forma, para que tivesse sentimentos plenos e fortes a respeito de cada uma
delas.
Por outro lado, quando imaginamos uma cena pequena, distante, em preto-e-
branco, e
nos vemos dentro dela,
como se estivéssemos nos vendo na televisão, não
temos as sensações da experiência. Ao contrário, sentimo-nos mais "objetivos" em
relação a ela, como se fôssemos observadores. Foi por isso que pedi a Leroy que
recodificasse todas as suas experiências desagradáveis ou traumáticas dessa forma.
Reviver as experiências traumáticas de trás para a frente também provoca um
impacto previsível. A maioria das pessoas diz que suas experiências perdem a cor. Às
vezes, dizem que suas experiências tornam-se transparentes, sem cor, ou ainda que
"caem" da sua linha de tempo pessoal (ver Capítulo 18). Passar rapidamente por
experiências agradáveis, do início para o fim, em geral fortalece as experiências
positivas e dá cor e intensidade às lembranças.
Embora o processo se torne muito mais fácil quando se conta com a ajuda de uma
pessoa experiente, é possível realizá-lo com sucesso sozinho. O esquema a seguir
servirá para quem quer tentar sozinho. É necessário ter antes uma boa experiência com
o método de eliminação de fobia da Etapa 1. Se surgir alguma objeção interna, dê ao seu
inconsciente instruções para recolocar tudo no lugar em que estava e leia o Capítulo 7,
para aprender a lidar com as objeções, antes de continuar.
Outros métodos para se lidar com maus-tratos3
                                                          
3 Como se recuperar de maus-tratos e traumas: resumo
Este processo permite reprocessar rapidamente múltiplas experiências de maus-tratos ou outro tipo de
trauma. O exemplo de Leroy oferece instruções mais completas para cada uma das etapas.
Etapa nº 1. Preparação. Execute o método rápido de eliminação de fobia com três experiências
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Quem sofreu maus-tratos na infância em geral tem outras dificuldades, como, por
exemplo, continuar a ser maltratado na idade adulta. Em geral, essas pessoas precisam
de ajuda extra para saberem em quem confiar no futuro. A partir do momento em que
conseguem olhar de maneira confortável para suas lembranças antigas, podem perceber
os "sinais de alerta" com os quais devem tomar cuidado. No caso de terem sido
maltratadas física ou sexualmente, precisam conhecer as pistas que devem observar para
se protegerem no futuro. A identificação desses sinais de alerta ajudará a pessoa que
sofreu maus-tratos não só a estar mais segura, mas também a
se sentir
mais segura no
presente.
Outros métodos descritos neste livro podem ser usados para resolver outras
conseqüências de maus-tratos. Além das lembranças desagradáveis, muitas pessoas
experimentam sentimentos de vergonha ou de baixa estima. Nos Capítulos 3 e 4
apresentamos outros métodos para eliminar a baixa estima e, no Capítulo 14, uma forma
de se recuperar do sentimento de vergonha. A PNL tem uma variedade de métodos que
podem ser úteis para desenvolver sentimentos mais fortes de auto-estima, que fazem
com que as pessoas não queiram mais ser maltratadas no futuro.
Algumas pessoas que foram maltratadas passam a maltratar as outras quando
chegam à idade adulta. Para algumas delas, esta é a única forma de interação familiar
que conhecem. Talvez desejem conhecer maneiras mais carinhosas de se relacionar,
mas nunca tiveram outras opções. Uma pessoa pode maltratar os outros por causa de um
conflito mal resolvido, ou devido a uma "divisão" entre as imagens internas de
                                                                                                                                                                         
desagradáveis do passado, para formar uma base para o que fará na etapa n? 3. (Ver o resumo do Método
Rápido de Eliminação de Fobia, neste capítulo.)
A maioria das pessoas acha mais fácil fazer cada uma das próximas etapas se antes fechar os olhos,
relaxar e entrar em um estado de espírito meditativo.
Etapa nº 2. Classificação das lembranças. Peça ao seu inconsciente para separar suas experiências
agradáveis das desagradáveis.
Etapa nº 3. Recodificação das experiências desagradáveis do passado.
a. Peça ao inconsciente que use o método de eliminação de fobia para tornar todas as suas experiências
desagradáveis do passado menores, menos coloridas e mais distantes. Seu inconsciente também poderá
lhe oferecer a perspectiva visual de se ver passando por essas experiências, ao invés de vê-las a partir do
seu ponto de vista inicial.
b. Coloque todas as suas experiências em ordem cronológica e indique as que são desagradáveis. Fique de
costas para o passado e então passe, de
frente para trás,
muito rapidamente por todas as experiências
desagradáveis, para se desligar totalmente delas. Volte ao presente.
Etapa nº 4. Como entrar novamente em contato com as experiências positivas do passado.
a. Peça ao seu inconsciente que recodifique todas elas, tornando-as maiores e coloridas, e entre
dentro
delas, ao invés de manter a posição de observador externo, para que possa vivenciá-las de maneira plena.
b. Coloque todas as suas experiências em ordem cronológica e indique as que são agradáveis. Volte para
trás, passando por todas elas, e entre dentro de seu corpo no momento de sua concepção. Passe
rapidamente por todas as experiências agradáveis, entrando em cada uma delas, até chegar de volta ao
presente.
Etapa nº 5. Como trazer o aprendizado para o presente. Traga para o presente sua maneira de pensar
sobre os incidentes agradáveis e desagradáveis.
Etapa nº 6. Recodificação do futuro. Leve para o futuro sua maneira de pensar sobre os incidentes
agradáveis e desagradáveis.
O processo está completo. Agora você pode apreciar uma maior integração dessa nova maneira de
processar suas experiências em sua vida.
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"perseguidor" e "perseguido". Este conflito pode ser resolvido com o método indicado
no Capítulo 13.
Há quem acredite ser "escravo do passado" e que as "feridas psíquicas marcam
para o resto da vida". Tenho várias cicatrizes físicas que nunca me incomodam. Elas
apenas me lembram do que aconteceu no passado e me ajudam a saber o que evitar no
futuro. Felizmente, a mente pode se curar mais rapidamente e de maneira mais completa
do que o corpo. Esperamos que esses exemplos possam ter mostrado como incidentes
do passado podem ser transformados em recursos para o bem-estar o presente e futuro.
Referências
(1)  Vídeo "The Fast Phobia/Trauma Cure". (Vide anexo II)
(2) 
Usando sua mente
as coisas que você não sabe que não sabe,
de Richard
Bandler, cap. 3, pp. 37-48 (edição brasileira, Summus Editorial).
(3) 
Sapos em príncipes,
de Richard Bandler e John Grinder, cap. 2, pp. 109-125.
(edição brasileira, Summus Editorial).
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