segunda-feira, 18 de junho de 2012





COMO CRIAR OS FILHOS DE
FORMA POSITIVA


Muitos dos métodos deste livro servem para sanar ou melhorar certos problemas
depois que eles já se instalaram. No entanto, é possível utilizar os mesmos princípios
para ajudar os filhos a começarem bem a vida. Os princípios da PNL tornam a tarefa de
criar filhos mais agradável e mais eficiente. Nós mesmos tiramos muito proveito dos
métodos específicos da PNL e de outros métodos mais gerais criados para ajudar as
pessoas a entrar em contato com a sua sabedoria interior e pedir-lhe ajuda.
Criar filhos pode parecer uma tarefa opressiva. Faz com que procuremos ajuda de
especialistas, que apenas nos farão "seguir as boas regras de criação dos filhos".
Entretanto, mais importante do que seguir o conselho de especialistas é saber como usar
nossa própria experiência — nosso especialista interior. Todos nós temos mais
informações do que imaginamos a respeito do estado em que se encontram nossos
filhos. Ter acesso a esse conhecimento, mesmo não tendo consciência dele, nos ajuda a
encontrar possíveis soluções para os problemas que possam surgir.
Como ter acesso à nossa sabedoria paterna
Antes de mais nada, procure um lugar calmo, onde não possa ser incomodado por
algum tempo. Primeiro, relaxe e encontre uma posição confortável.
Etapa nº 1. Pense numa situação difícil com seu filho. Talvez seu filho esteja se
comportando de uma maneira com a qual você não saiba lidar ou que o leva à loucura.
Você está preocupado ou chateado com algum aspecto da personalidade dele? Pode
escolher algum comportamento ou algo que diga respeito aos sentimentos da criança.
Você obterá melhores resultados se escolher algo que aconteça com freqüência.
Etapa nº 2. Veja um filme sobre a situação, do seu ponto de vista.
Revivencie o episódio. Imagine que você está vivendo novamente a situação com
seu filho. Comece pelo início, vendo tudo através dos seus próprios olhos, revivendo o
que aconteceu. Observe que tipo de informação está disponível para você, como se
sente e o que pode ver e ouvir. Se for algo que não "consegue" visualizar, não há
problema. Apenas "sinta" que está revivendo a situação do seu ponto de vista e o
método funcionará da mesma forma. Talvez queira rever vários exemplos da mesma
situação.
Etapa nº 3. Reviva a mesma situação, porém do ponto de vista do seu filho.
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Veja os filmes da mesma situação, porém do ponto de vista do seu filho. Volte ao início
da situação escolhida na etapa nº 2. Pare o "filme" um pouco antes de começar. Antes
de rever o filme,
desta vez
olhe para seu filho. Observe a postura dele, a maneira como
anda, respira etc. Ouça o som da sua voz. Agora, entre na pele do seu filho. Torne-se o
seu filho. Agora, você anda como ele, respira como ele, sua voz parece-se com a dele,
vê o que ele vê e sente o que ele sente. Viva profundamente esta experiência enquanto
revê o filme. Se não tiver certeza de que está sendo "realmente" seu filho, não há
problema. Simplesmente deixe-se levar e observe o que pode aprender.
Leve o tempo que for necessário para reviver a situação
como se fosse seu filho
e
observe que novas informações obtém. Percebe agora sentimentos de seu filho que não
percebia do seu ponto de vista de adulto? O que mais pode aprender sendo seu filho?
Qual a sua sensação a respeito do que seu filho está vivendo em seu mundo e da
maneira como ele está lidando com isso?
O que observa em seu próprio comportamento, ao ver a situação do ponto de vista
de seu filho? Seu comportamento lhe parece diferente desse novo ponto de vista? Se
achar que parte do seu comportamento parece inadequado, fique contente por ter obtido
uma informação nova e útil. Se aprender algo sobre a maneira como seu filho está se
sentindo, alegre-se também.
Etapa nº 4. Reviva a situação como "observador". Reveja o mesmo filme,
porém de um ponto de vista externo. Ouça e veja a experiência de um ponto de vista que
lhe permita ver
tanto
você
quanto
seu filho ao mesmo tempo. Observe a experiência
como se estivesse assistindo a um filme como espectador.
Observe o que aprende a partir desse ponto de vista. Consegue notar algo sobre a
maneira como você e seu filho reagem um ao outro? Como parecem as coisas quando
você está do ponto de vista do observador? O que consegue ver mais claro sobre você e
seu filho?
Etapa nº 5. Como usar a informação. Você acabou de observar a situação
problemática de três posições diferentes e muito importantes. Dispõe agora de alguma
informação que não conseguia perceber antes? Que idéias tem a respeito de seu filho e o
que imagina fazer a partir dessa nova informação?
Os pais geralmente obtêm informações muito interessantes quando entram na pele
dos filhos, da forma como foi indicada na etapa nº 3. Às vezes, percebemos o que a
criança sente ou quer de maneira diferente. Essa informação é uma mina de ouro para os
pais.
Ao mesmo tempo, recomendamos muito cuidado ao usar as informações obtidas
com este processo. Ninguém sabe com certeza o que outra pessoa está pensando ou
sentindo; portanto, sempre estamos "pressupondo", e é necessário verificar
cuidadosamente a nossa impressão. Este processo pode ser de grande utilidade para
desenvolver a intuição sobre os sentimentos de outras pessoas, mas não devemos
esquecer que são
elas
que sabem mais sobre si mesmas.
Por exemplo, se descobrir que seu filho quer se sentir seguro, talvez queira criar
um ambiente de maior segurança para ele. Dedique-lhe alguns momentos de
tranqüilidade à noite, ponha-o no colo, nine-o. Então observe como ele reage. Parece
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mais calmo e confortado? Seu comportamento muda no dia seguinte, da maneira como
você esperava? Se for o caso, talvez você decida continuar com o ritual até que a
criança perca interesse por ele. Mas, se seu filho preferir pular do seu colo e brincar no
chão, talvez seja necessário tentar outra coisa.
Quase nunca funciona dizer à criança o que acha que ela sente. Mesmo que esteja
com a razão, geralmente a criança fica chateada (da mesma forma que um adulto
ficaria) quando alguém fica dizendo como ela está se sentindo.
A pessoa, o outro e o observador:
o caminho da sabedoria em muitas situações
A base deste método é levar as pessoas a adotarem três "posições" ou "pontos de
vista" básicos em suas vidas. Podemos vivenciar qualquer incidente como nós mesmos
(self),
como a
outra
pessoa que participa da experiência
(o outro)
ou como uma
terceira
pessoa (o
observador).
Em geral, vivemos as experiências do nosso ponto de vista. Isso
nos dá acesso a um certo nível de informação, porém não a todas as informações
disponíveis. Se pararmos para observar as informações disponíveis quando nos
tornarmos "o outro", ou quando nos tornarmos "o observador", conseguimos reunir mais
informações sobre as quais basear nossas ações e nossos sentimentos. Basicamente,
tornamo-nos mais "sábios" à medida que temos acesso a uma maior quantidade de
informações. Ser capaz de fazer isso é muito útil não apenas para a educação dos filhos,
mas também para criar uma intimidade duradoura com outra pessoa e para construir
relacionamentos de negócios baseados no respeito e fadados ao sucesso.
Talvez algumas dessas posições nos sejam mais familiares do que outras. E esta
também pode ser uma informação valiosa. Algumas pessoas quase nunca ou jamais
adotam o ponto de vista do "observador". Neste caso, a maioria das informações novas
virá dessa posição. Muitas pessoas gostam de falar sobre suas dificuldades com um
amigo, para obterem uma "perspectiva de fora". Quando adotamos o ponto de vista do
"observador", podemos nos oferecer essa perspectiva.
Algumas pessoas raramente ou nunca adotam o ponto de vista do "outro". Em
geral, são consideradas pessoas grosseiras ou que não sabem "viver em sociedade". Às
vezes, trata-se apenas de não saberem se colocar na posição do "outro" para que possam
perceber como seu comportamento está afetando os outros. Uma pessoa assim sairá
ganhando se adotar o ponto de vista do "outro" com mais freqüência, porque é a partir
dele que outras informações estarão disponíveis. Sempre se disse o quanto é valioso "se
colocar no lugar do outro". Este processo nos fornece uma forma direta de adotar essa
posição. Com um pouco de prática, isto se tornará uma capacidade harmoniosa de
observar a reação dos outros.
Por mais estranho que pareça, existem pessoas que quase nunca vivem a vida
como elas mesmas. É como se fossem sempre observadoras, o que as faz parecer
"distantes" ou "frias" aos olhos dos outros. Parecem estar sempre pensando a partir do
ponto de vista de outra pessoa, nunca do seu próprio. Essas pessoas poderão aproveitar
melhor a vida se aprenderem a viver a partir do seu próprio ponto de vista.
É bom observar qual das posições é menos conhecida e adotá-la com mais
freqüência. Quando conseguimos um maior equilíbrio em nossa capacidade de adotar as
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três posições, temos três vezes mais informações e sabedoria do que se ficarmos apenas
com um dos pontos de vista.
Relacionamento não-verbal com a criança
A maioria dos pais deseja ter um relacionamento profundo com seus filhos, e
alguns conseguem isso. É possível usar um processo não-verbal para criar um
relacionamento com seu filho — com o lucro adicional de outros ganhos positivos.
Logo que a PNL começou a se desenvolver, descobriu-se que
pessoas que estão
profundamente em contato com outras em geral imitam umas às outras não-
verbalmente.
Por exemplo, quando duas pessoas estão sentadas num restaurante,
profundamente envolvidas uma com a outra, geralmente têm a mesma postura corporal,
a mesma cadência e o mesmo tom de voz. Se uma delas começasse de repente a falar
muito mais alto, mais baixo, mais rápido ou mais devagar do que a outra, o ritmo
uniforme da comunicação seria interrompido.
O bebê que está na fase de "emitir sons" ficará contente em "conversar" com
alguém que use os mesmos sons, o mesmo ritmo e a mesma cadência. Quando uma
criança está passando pela fase da timidez, é muito fácil criar um relacionamento com
ela fingindo-nos também de "tímidos". Quando a criança se esconde atrás da mãe ou do
pai, podemos nos "esconder" atrás das mãos. Depois, podemos olhar para ela de
maneira desconfiada e voltar a esconder a cabeça atrás das mãos, assim que a criança
nos notar. Normalmente, a criança passa a se interessar pela
nossa
timidez, em vez de
prestar atenção à sua
própria.

Com certeza, você deve imitar seu filho algumas vezes. Seria interessante
experimentar fazer isso mais vezes a nível não-verbal, para ver que impacto tem sobre o
relacionamento de vocês. Pode parecer estranho no início, mas depois torna-se
automático. Muitos pais sentem-se de certa forma mais ligados à criança. Pode-se
reproduzir a respiração da criança, seu tom de voz e seu movimento corporal.
Quando o adulto se comporta assim, a criança inconscientemente sente estar
sendo levada em consideração. Todos nós já passamos pela experiência de receber um
"sim" quando o comportamento não-verbal da pessoa gritava "não". Não há nada
melhor do que ver uma pessoa aceitar não-verbalmente o que dizemos e também
todas
as nossas comunicações — a maneira como respiramos, falamos e nos movemos.
Quando reproduzimos a maneira de se comunicar de nosso filho, é como se
estivéssemos lhe dizendo: "Eu percebo você. Estou reagindo a você. Reconheço em
você uma pessoa especial e diferente de qualquer outro ser humano — e estou reagindo
a isso. Estou deixando de ser quem sou neste momento para reproduzir o que
você é.
Estou
com você,
de uma forma muito básica e essencial".
Já participei de várias reuniões de pais em que, quando não se sabe mais o que
fazer, se recomenda "ficar mais com a criança". É um conselho excelente. E quando
sabemos como reproduzir o comportamento não-verbal da criança, temos uma
maneira
específica de estar com ela, uma maneira que cria um grande elo de respeito pela pessoa
que ela é. Nesses momentos, não estamos fazendo nada para a criança, nem tentamos
mudá-la. Estamos apenas reconhecendo que ela é. E que melhor demonstração de
aceitação do que ser seu filho, tornando-se um espelho da sua respiração, de seu tom de
voz etc.?
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Convite à mudança gradativa
A partir da ligação e da aceitação que surgem do espelhamento não-verbal, a
criança pode sentir-se mais receptiva a pequenas mudanças de comportamento. Você
estará em melhor posição para estimular mudanças no comportamento de seu filho.
Quando nossos filhos eram bebês, com freqüência os carregávamos no colo e
reproduzíamos sua respiração, para estabelecer um relacionamento com eles. É difícil
respirar tão rápido quanto um bebê, por isso geralmente colocávamos a mão na
barriguinha ou nas costas do bebê e deixávamos que ela acompanhasse os movimentos
da sua respiração. Às vezes, acariciávamos sua cabecinha ou suas costas,
acompanhando o
ritmo da sua respiração,
pressionando a mão a cada expiração.
Estávamos reagindo ao bebê de forma não-verbal — fazendo-o saber que estávamos
"com ele". Em geral, isso tinha um efeito calmante evidente. Quando o bebê chorava, ou
ficava agitado, começávamos por reproduzir sua respiração. Gradativamente, nossos
movimentos tornavam-se mais leves e lentos, levando a criança a um estado de calma.
Se ela não quisesse seguir nosso ritmo, não insistíamos.
É possível reproduzir a respiração e o movimento dos recém-nascidos. Quando a
criança fica mais velha, podemos reproduzir a cadência e o tom de sua voz, e outros
movimentos também. Às vezes, basta apenas reproduzir. Porém, se quisermos ajudar a
criança a passar para um estado emocional mais calmo ou mais
capaz,
podemos
primeiro reproduzir seus movimentos e depois lentamente ir modificando o
comportamento dela, levando-a a um estado mais criativo e calmo. Deve-se mudar o
comportamento num ritmo que a criança possa acompanhar. Quando a criança passa a
nos imitar, entrando num estado de espírito mais calmo e criativo, ela sente o seguinte:
"Já entendi, ele está reproduzindo o que estou sentindo. E o que estou sentindo deve ser
bom, já que ele está me imitando. Agora, ele está mudando um pouquinho e estou
gostando de imitá-lo. Se ele pode ser eu, então posso ser ele, e também segui-lo a um
estado de espírito novo".
Como descobrir as intenções positivas da criança
No capítulo anterior, vimos como funcionava o método da Remodelagem em Seis
Etapas, e que descobrir propósitos e intenções positivos, mesmo nos comportamentos
mais "negativos", pode nos ajudar a encontrar novas opções.
Isso é muito importante e útil na criação dos filhos. Quando nossos filhos se
comportam mal, é muito fácil pressupor que há uma intenção negativa. Nos nossos
cursos para pais, ouvimos às vezes os pais dizerem: "Meu filho está em uma luta de
poder comigo — ele simplesmente quer ter poder". Ou: "Às vezes, parece que meu filho
faz de propósito. Ele faz exatamente aquilo que sabe que vai me chatear". É fácil rotular
o comportamento da criança como intratável, agressivo ou até mesmo "mau". Se
acharmos que nossos filhos têm más intenções, nos tornaremos seus adversários.
Por outro lado, quando partimos do princípio de que nossos filhos sempre têm
intenções positivas,
nossa tarefa fica mais fácil. Ao invés de pressupormos que nosso
filho quer assumir o poder, podemos nos perguntar: "O que o poder traria de positivo
para o meu filho?" Ter poder pode ser para a criança uma maneira de se sentir mais
segura no mundo, mais capaz, ou ter qualquer outro propósito positivo. Mesmo quando
não sabemos exatamente qual é o objetivo positivo da criança, o fato de sabermos que
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ele existe modifica nossos sentimentos e ações em relação a ela. Não precisamos mais
estar em guerra contra o mau comportamento de nossos filhos. Ao contrário, podemos
nos aliar aos objetivos positivos de nossos filhos e ajudá-los a encontrar uma forma
melhor de conseguir o que querem — formas mais aceitáveis para nós e para os outros.
Aqui vai mais um exemplo de como isso funciona:
Quando nossos filhos eram crianças entrei na sala de estar um dia e vi Mark, de
três anos, batendo em Loren, que estava então com um ano. Como Mark estava batendo
forte, intervim rapidamente para evitar que Loren se machucasse.
"Não, Mark!", disse, de maneira clara e firme, enquanto separava os dois. "Não
quero que bata em Loren."
Ajoelhei-me ao lado de Mark e, mudando completamente o tom de voz, perguntei
com delicadeza: "Mark, o que estava fazendo?" "Quero que Loren fique longe dos meus
blocos de madeira", ele respondeu.
Era compreensível. Com apenas um ano de idade, Loren era bastante agitada e
achava muito engraçado derrubar os blocos de madeira. "Parece uma boa idéia."
Concordei inteiramente com a intenção positiva de Mark. "Vamos ver se podemos
colocar sua torre em lugar seguro. Quer que o ajude a colocar a torre em cima da mesa,
para que Loren não possa alcançá-la?"
"Quero." Mark achou que era uma boa idéia.
"Assim está bem melhor! Agora você pode construir sua torre e ela estará segura!"
Muitas brigas de crianças são variações desse tema. Quando as crianças não
conseguem o que querem, passam a empurrar, bater e gritar. Do ponto de vista da
criança, é a única maneira de conseguir o que quer. Nossa tarefa como pais é respeitar
sua intenção positiva e oferecer-lhe uma opção melhor para conseguir o que deseja.
As intenções positivas respeitam tanto os filhos como os pais4
Quando uma criança se comporta mal, muitos pais dão apenas o primeiro passo:
                                                          
4 Como descobrir a intenção positiva da criança
A ser usado quando a criança se "comporta mal" — correndo o risco de se ferir, machucar
alguém ou de cometer um ato de vandalismo.
1. Antes de mais nada, limite ou interrompa o comportamento indesejado tão rápida e
calmamente quanto possível.
2. Descubra a intenção positiva do comportamento indesejado. "O que você está tentando
fazer?" "O que você deseja?"
3. Concorde ou reconheça a intenção positiva da criança: "É importante proteger os seus
brinquedos".
4. Ajude a criança a encontrar outras formas de atingir sua intenção positiva. "De que outra
maneira você poderia obter o mesmo resultado?" Com crianças menores, deve-se mencionar
outras possibilidades que a criança possa levar em consideração.
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tentam impedir o comportamento indesejado. Se eu tivesse feito apenas isso com Mark,
ele teria se sentido frustrado e ressentido, porque não saberia como proteger sua torre.
Era isso o que ele queria. Bater e empurrar era a única forma que ele tinha de atingir seu
objetivo.
Se somente impedirmos o comportamento indesejado, as crianças aos poucos
passarão a pensar que são "más" ou "desobedientes". Sentem-se em conflito, porque só
têm duas opções: brigar para conseguir o que querem ou serem "boazinhas" e perder
algo importante para elas.
Por outro lado, as quatro etapas anteriores nos permitem ajudar a criança a
identificar sua intenção positiva e descobrir novas soluções. Dentre os efeitos a longo
prazo temos:
• A criança se vê como alguém com boas intenções, em vez de uma pessoa
"agressiva" ou "má". Isso ajuda a criar uma auto-imagem positiva.
• A criança passa a ver as outras crianças da mesma forma — mesmo quando
fazem coisas que a desagradam, estão agindo com boas intenções.
• A criança aprende a pensar automaticamente em soluções alternativas e a usar a
sua criatividade sempre que houver um problema.
A construção da auto-imagem positiva: personalidade X comportamento
É importante saber falar sobre o comportamento dos filhos para que eles tenham
mais facilidade de se comportar e se sentir bem em relação a si mesmos. Infelizmente, a
maneira como os pais falam com e sobre seus filhos torna isso mais difícil para a
criança (e para os pais também).
Certamente, vocês já ouviram um pai dizer ao filho: "Johnny, quem dera você
tivesse mais consideração!", ou "Não sei como consegue ser tão agitado!" Se falarmos
assim com nossos filhos, estaremos agindo como se a "desconsideração" e a "agitação"
fossem traços permanentes da personalidade deles. Estaríamos falando como se nossos
filhos
fossem
assim. "John tem cabelos castanhos, dois braços e é agitado". Chamamos a
isso "linguagem da personalidade". Ao ouvir isso, Johnny pode se sentir mal por não ter
consideração ou ser agitado. Mas, já que se trata de algo que ele
é,
não pode fazer nada
a respeito.
Ao invés de nos referirmos à
pessoa
de Johnny, podemos simplesmente comentar
seu
comportamento,
de forma a mostrar a ele que tem opções de mudar. "Johnny, vovó
não gosta de ninguém correndo pela sala de estar. Se quiser correr, pode ir para o pátio.
Se quer ficar aqui conosco, pense numa brincadeira mais calma." Se adotarmos o ponto
de vista de Johnny, poderemos perceber que é muito mais fácil reagir a essa observação
de forma positiva. Não estamos dizendo que Johnny
é
alguém que não tem consideração
pelos outros ou agitado. Simplesmente estamos falando sobre o
comportamento
dele e
mostrando-lhe outras opções. Se quisermos
mudar
o comportamento de nosso filho, isso
será mais fácil se falarmos de um
comportamento
que não faz parte da
personalidade
da
criança.
Ao usarmos a linguagem da "personalidade" quando a criança está se
comportando bem, podemos ajudá-la a identificar-se com características positivas de
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personalidade, que a ajudarão a construir uma auto-imagem positiva. Chamamos a isso
"auto-estima". Alguns exemplos: "Sara, obrigada por dar um brinquedo a Allison. Você
sabe dividir suas coisas". "Foi ótima idéia a que você teve, você acha sempre uma
solução."
É aconselhável começar com um comportamento específico, para que a criança
saiba o que lhe agrada: "Obrigada por ter posto a mesa". Depois, pode-se ajudar a
criança a pensar nisso como uma característica sua: "Obrigada por ser tão prestativa".
Isso ajuda a criança a achar que é assim que ela
é e a. se
orgulhar disso.
Evidentemente, esse tipo de elogio deve ser usado com moderação. Se for usado
em excesso, a criança poderá passar a depender demais do elogio e do apoio dos outros,
ao invés de sentir prazer em agir de maneira prestativa e respeitosa.
Linguagem temporária e permanente
Da mesma maneira, podemos falar do mau comportamento da criança como algo
temporário ou permanente. A seguir, damos alguns exemplos da linguagem
"permanente": "Você vive implicando com sua irmã".
"Sempre
que lhe peço para fazer
alguma coisa, você recusa." "Você está
sempre
batendo nos outros." Se usarmos a
linguagem permanente, imutável, a criança percebe que tem um comportamento
indesejável, sempre o teve e sempre o terá. Mesmo que a criança
sempre
tenha tido
aquele comportamento, a linguagem "permanente" dá a ela a impressão de que não pode
mudar.
Por outro lado, se quisermos que o comportamento seja temporário, podemos usar
a linguagem "temporária":
"Agora
você está implicando com sua irmã. Se continuar a
fazer isso, terá de ir brincar em outra
sala por algum tempo".
"Sei que não está com
vontade fazer isto
neste exato momento.
Mas será necessário fazê-lo antes do jantar."
"Não quero que bata em Sara. Quer ir brincar em outro lugar onde tenha mais espaço?"
A
linguagem temporária sobre o comportamento
deixa uma porta aberta para que
a criança possa mudar. Embora não seja uma solução completa para o problema, oferece
uma chance de sucesso quando se usar outros métodos educacionais, como o
redirecionamento do comportamento da criança.
Quando usar a linguagem permanente
• Em geral, quando queremos que a criança faça algo com mais freqüência,
devemos usar a linguagem que pressupõe permanência. Quando
não
queremos que a
criança faça algo, devemos descrever seu comportamento como algo temporário. A
criança passará a pensar no comportamento negativo como algo temporário e em suas
qualidades positivas como permanentes.
Alguns exemplos: "Está se divertindo? Que bom que vocês se dão bem!"
"Obrigada por ficar quietinho. Que bom que se comporta assim nos restaurantes". Como
nos exemplos anteriores sobre personalidade e comportamento, podemos começar com
algo específico e nos referimos a isso como algo permanente. Quando digo: "Você
fica
tão quietinho no restaurante", estou me referindo a esse comportamento como algo
contínuo e permanente. É
bem diferente de: "Bem,
até que enfim
você ficou quieto em
um restaurante! Quem dera fosse sempre assim". Nesse caso, estou partindo do
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princípio de que a criança
não
fica sempre quieta. A única razão de eu querer que ela
fique quieta é justamente o fato de ela geralmente não ficar.
Embora tenhamos apresentado os pares "comportamento e personalidade" e
"temporário e permanente" para simplificar, eles são mais eficientes quando usados em
conjunto.
Comportamento
e
temporário,
no caso de mau comportamento;
personalidade
e
permanente,
no caso de comportamentos que queremos incentivar.
Respeito à criança
Neste capítulo, partimos do pressuposto de que os "comportamentos que
queremos incentivar" são os que beneficiam também a criança e os "maus
comportamentos" são os que a tornam infeliz ou lhe criam problemas. Esses métodos
não funcionarão se não levarmos em consideração os desejos e necessidades da criança
e simplesmente tentarmos moldá-la dentro de uma idéia rígida de como achamos que
ela
deva
ser.
É por isso que começamos este capítulo ensinando a habilidade de colocar-se na
pele da criança. Com a experiência de adulto
e
o conhecimento do que é ser uma
criança, podemos chegar a soluções adequadas para os problemas. Conhecendo e
respeitando o mundo em que a criança vive, podemos mostrar-lhe como aprender novas
reações e comportamentos que a ajudarão a viver uma vida feliz e satisfatória.
Isso é apenas um pequeno exemplo de como os métodos e as descobertas da PNL
podem ajudar as crianças a se tornarem adultos felizes, capazes e responsáveis. Estamos
planejando publicar um livro que tratará da educação dos filhos: chamar-se-á
Como
criar seus filhos de maneira positiva (Parenting positively).

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COMO SER FIRME DE MANEIRA
RESPEITOSA


Existe uma antiga anedota sobre um senhor que foi ao médico queixando-se de
que tinha um movimento intestinal regular, todos os dias, às 8h30 da manhã. O médico
ficou surpreso e disse: "Muitos dos meus pacientes idosos adorariam ter um movimento
intestinal regular. Por que o senhor acha que isso é um problema?" O paciente
respondeu: "O problema é que nunca acordo antes das 9h30!"
Embora seja uma anedota, trata-se de um exemplo do que chamamos de
remodelagem de contextos: um comportamento que é bom em um contexto torna-se
ruim em outro (e vice-versa). Queremos demonstrar dois pontos com o exemplo acima.
Primeiro, a velocidade com que a mente do leitor reavaliou a situação do senhor quando
percebeu que ele só acordava após as 9h30 da manhã. Assim que essa informação ficou
clara, a imagem interna da situação do idoso mudou
instantaneamente,
o leitor passou a
vê-la
de maneira diferente.
O segundo ponto é que a anedota, assim como a mudança na percepção da pessoa
que a leu, é o resultado de uma pressuposição. O fato de que ele acorda após as 9h30
pressupõe
que ele ainda está na cama às 8h30, embora nada tenha sido
dito
a respeito de
ele estar na cama até aquela hora. As pressuposições podem ser usadas para ajudar as
pessoas a perceberem situações problemáticas de maneira diferente. Embora pareça que
estou apenas "falando" com os clientes de que trataremos neste capítulo, o que digo é
sempre dirigido para mudar as pressuposições que criam ou mantêm o problema que
eles querem solucionar.
Para conseguir um aumento de salário
Claire, doutora em psicologia, trabalhava num importante hospital-escola, de uma
grande cidade e também mantinha um consultório médico. Ela começara na clínica de
psicologia do hospital-escola onde continuava trabalhando. Achava seu trabalho
satisfatório e compensador, e também sabia o quanto era importante. Entretanto, não
conseguia convencer seu diretor a lhe dar a compensação financeira que outros
recebiam.
Claire estava participando em um dos nossos seminários de PNL e nos pediu
ajuda para solucionar esse problema. "Quero ser capaz de falar com meus chefes,
sobretudo os homens, sobre questões de salário." Ela nos fez esse pedido com um ponto
de interrogação na voz. Sem dúvida sentia-se insegura sobre a possibilidade de
conseguir isso.
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"Já pedi aumentos antes", explicou, "mas não me senti à vontade e não obtive o
que desejava. Isto já aconteceu várias vezes com outros chefes. Toda
vez
que pedi um
aumento, nunca o consegui, e a cada vez sinto-me um pouco pior".
Quando lhe pedi mais informações a respeito de sua dificuldade, percebi que
Claire começava a se sentir derrotada muito antes de entrar no escritório do diretor:
"Um outro funcionário, com uma formação igual à minha, foi contratado três anos
depois de mim com um salário bem maior que o meu. Ele não tem o mesmo nível de
responsabilidade que eu tenho, e ainda assim tem benefícios maiores — mais tempo de
férias, mais possibilidades de viajar e assim por diante. Por isso, da última vez que pedi
um aumento, senti como se estivesse jogando com cartas marcadas. É como se houvesse
uma série de coisas acumuladas contra mim". (Claire faz uma série de gestos para a
direita.)
"Então é assim que você constrói suas imagens internas? De uma série de coisas
acumuladas contra você, antes de entrar no escritório do diretor?"
"É", respondeu Claire.
Após várias perguntas, percebi que Claire construía uma série de imagens mentais
em que tudo estava contra ela. Quanto mais imagens ela construía, pior se sentia.
Fazendo isso antes de entrar no escritório do diretor, era lógico que Claire sentisse que
nada iria dar certo. Antes mesmo de pedir o aumento, fazia com que seu pedido
parecesse hesitante e pouco convincente.
A pessoa que julga estar fadada ao fracasso vai agir de forma não-verbal diferente
da que tem uma atitude mais otimista. Se alguém entra no escritório do diretor achando
que seu pedido será recusado, ficará mais fácil para o diretor recusá-lo.
O mesmo acontece em outras áreas de nossa vida. Suponhamos que duas pessoas
nos convidem para ir ao cinema. A primeira chega com cara de desculpa, com a cabeça
baixa, como se esperasse uma recusa e achasse que seu convite não merecesse ser
aceito. Essa atitude nos dá vontade de fazer outra coisa? Imaginemos que a segunda
pessoa faça o convite de maneira atraente. Tem um olhar agradável e convidativo e sem
dúvida também acha a idéia bastante interessante. Com qual das duas
preferiríamos
ir
ao cinema?
Fiz mais perguntas a Claire sobre o que achava que estava "acumulado contra
ela". O homem que, apesar de ter a mesma formação que ela, ganhava um salário maior
tinha um bom relacionamento com o diretor. Os dois saíam para jantar, contavam piadas
um ao outro e o diretor o visitava com freqüência. Claire não achava apropriado fazer a
mesma coisa.
Claire contou que, além desse problema, o diretor financeiro estava dando falsas
informações ao diretor-geral. "Na última vez em que pedi um aumento, meu chefe disse:
'Adoraria dar-lhe um aumento, você merece. Mas nosso diretor financeiro diz que não
temos dinheiro sequer para pagar a conta de telefone este mês'. Quando fui perguntar ao
nosso contador, ele me disse que acabáramos de receber 260 mil dólares!"
"E por que não voltou à sala do diretor e disse: 'Acabo de saber que temos 260 mil
dólares. Será que nossa conta de telefone é mais do que isso?' " Claire e o resto do grupo
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riram.
"É que isso aconteceu
pouco
antes de eu vir para este seminário. Portanto, ainda
não conseguia fazer nada."
Claire continuou a explicar como se sentia mal ao pedir um aumento. "Há muito
mais coisas por trás disso. Em todos esses anos, nunca fui tratada com consideração por
meus chefes. Quando comecei neste último trabalho, tinha de marcar ponto, fazia
muitas horas extras. No final do ano, eles me deviam três meses de horas extras. Mas
ignoraram o fato, dizendo: 'Não podemos lhe pagar. De agora em diante, não precisa
mais marcar ponto, mas não pagaremos as horas extras que lhe devemos'."
Neste ponto, eu já tinha exemplos suficientes sobre a maneira de pensar de Claire
para poder ajudá-la a pensar de forma diferente e a se sentir mais confiante.
"Claire,
muitas coisas
desse tipo
aconteceram
no passado. Você não tem apenas
um
exemplo,
mas
vários."
Disse isso com entusiasmo, como se fosse algo maravilhoso,
para que ela ficasse curiosa de saber
em que sentido
era maravilhoso. "A questão é:
Como seria possível você pegar todos esses exemplos", eu disse, gesticulando para o
local onde ela via todos eles, e, ao invés de
pensar
que tudo isso é desvantajoso ao
começar uma negociação, pensar: 'Ora, tenho
um número imenso
de informações e
indícios que apóiam o meu pedido' e tirar disso uma sensação de força e poder?"
Embora tivesse colocado a questão como se fosse uma pergunta, meu objetivo era que
Claire começasse a ver sua história anterior "negativa" sob uma nova perspectiva.
Sugeria que ela passasse a pensar em tudo aquilo como uma vantagem. Enquanto eu
falava, fiquei observando bem Claire, para ver se ela aceitava bem a proposta.
Claire começou a sorrir enquanto eu falava. Estava pensando nos mesmos
exemplos que a fizeram sentir-se mal e fracassada antes, mas agora parecia uma pessoa
forte. Sem dúvida, estava mudando o
significado
dos acontecimentos anteriores. "É uma
boa idéia", disse, com um sorriso.
"É mesmo. Porque, se eles a tivessem tratado injustamente apenas uma vez,
poderiam lhe dar uma desculpa qualquer do tipo: 'Bom, isto é por causa daquilo'. Mas,
com todo esse histórico, o que eles poderiam dizer?"
"Bem..." Claire deixou que a nova perspectiva tomasse mais forma. Parecia cada
vez mais capaz. "Obrigada!"
Expliquei ao grupo: " Claire
pensa vá
que todos os exemplos eram um motivo de
desesperança, ao invés de reconhecer que eles justificam o pedido de aumento e são, ao
contrário, uma razão para que ela se sinta bem ao pedir o aumento". Embora eu falasse
para o grupo, o som vai em todas as direções, e meu objetivo era, na verdade, solidificar
esse novo significado no contexto da experiência de
Claire.
Falei do problema como se
ele fizesse parte do
passado,
e enfatizei, de forma não-verbal, sua nova maneira de
pensar.
Claire estava rindo. "Obrigada. Já posso até ver o memorando que vou escrever."
Claire parecia sentir-se bem. Mas o que aconteceria se ela continuasse confiante,
pedisse o aumento e
ainda
assim recebesse uma resposta negativa? Será que ia se sentir
arrasada? Havia uma possibilidade de recusa, e eu queria ter certeza de que Claire tinha
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uma maneira positiva de lidar com todas as possibilidades. Primeiro, falei com o grupo
e observei a reação não-verbal de Claire, para ter certeza de que estava reagindo bem.
"Queremos que Claire esteja preparada para qualquer possibilidade, não é
mesmo? Quando entro numa negociação, gosto de saber qual é o meu limite e ter
opções positivas. Assim, não me sinto pressionada a aceitar um acordo que não me seja
favorável. Gosto de saber que, aconteça o que acontecer, continuarei tendo boas
alternativas, e que no final ficarei numa boa posição."
Antes de mais nada, queria ter certeza de que Claire usaria a confiança recém-
adquirida de uma forma positiva. "Quando peço algo, gosto de apresentar as
informações de que disponho de uma maneira positiva, de modo a me tornar uma aliada
da pessoa com quem estou falando. Numa situação como essa, eu diria: 'Estou
verdadeiramente comprometida com esta empresa e gostaria de continuar trabalhando
aqui. Imagino que você não soubesse disso. É muito importante para mim, e acho que
também para você, ter funcionários que se sintam realmente comprometidos com a
empresa. Quero continuar da maneira como tenho sido todos esses anos e é por isso que
vim conversar. É importante para mim que isto seja resolvido de uma forma justa tanto
para mim como para você'.
"Esse tipo de abordagem tem muito mais possibilidades de sucesso do que uma
atitude de queixa ou censura: 'Você já devia ter feito isto há muito tempo etc.' Com essa
atitude, terei muito menos chances de conseguir o que quero. Mas, se mencionar as
intenções positivas da pessoa e descrever meu pedido como algo benéfico para a
empresa, tenho muito mais chances de obter o que quero." Claire concordava com a
cabeça.
Disse tudo isso para ter certeza de que Claire saberia apresentar seu pedido de
forma que possibilitasse uma aceitação e também lhe desse opções no caso de receber
uma negativa. Ao descrever minha própria experiência, ao invés de dizer a Claire o que
fazer, eu lhe dei a possibilidade de escolher as partes que ela achasse úteis, deixando o
resto de lado.
Depois, quis ter certeza de que ela tinha um plano preparado, mesmo no caso de
mais uma vez ver recusado o seu pedido. "Mas, mesmo quando me saio muito bem, não
posso garantir que a outra pessoa vá ter uma atitude razoável. O diretor ainda pode
responder: 'Bom, mas não concordo com você', sem reconhecer o valor da minha
participação, mesmo que eu tenha certeza dela. Se isso acontecer, quero estar preparada
para que, independentemente do que ele faça, possa me sentir bem."
"Uma opção seria obter maiores informações sobre o que seria necessário fazer
para obter um aumento de salário. Claire poderia dizer: 'Veja, há algumas coisas que
acho importante dizer agora. Não sei se você realmente dá valor ao que tenho feito. Mas
sei o que significa para mim, e queria que entendesse isso. Porém, se você não dá a isso
o mesmo valor que eu, gostaria de saber exatamente o que preciso fazer para que você
passe a me valorizar mais. O que preciso fazer para obter um aumento de salário?"
É
possível que, embora Claire estivesse trabalhando muito bem, o diretor tivesse
observações a fazer a respeito de algum aspecto do seu trabalho, o que justificaria a
recusa de aumentar seu salário. Queria ter certeza de que Claire saberia descobrir a
prova de que o
diretor
precisava para julgá-la merecedora de um aumento. Então ela
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poderia decidir se valia a pena tentar fazer o que ele desejava. Claire continuava a
concordar enquanto eu analisava cada uma das possibilidades. Sem dúvida, estava
acostumada a reunir esse tipo de informação.
"Então, Claire, e se o diretor disser: 'Sinto muito, mas não acho que isto seja
suficiente para a empresa'?. Você já tem outras opções?"
"Sim, uma delas seria me dedicar mais ao meu consultório particular." Claire
passou a mencionar as outras opções, entre elas trabalhar meio expediente no hospital e
aumentar o número de horas do consultório particular.
"E essas outras opções lhe parecem mais atraentes, caso o diretor dissesse 'não'?"
"Sim, são mais atraentes."
Muitas pessoas sentem-se mal quando comparam o que acham que outras pessoas
deveriam fazer
com o que elas
estão fazendo.
Como não temos controle sobre o que os
outros fazem, isto nos coloca em uma posição de inferioridade. Eu estava colocando a
situação de forma que Claire pudesse fazer uma comparação
diferente.
Ela iria se sentir
mais forte se pensasse em
sua própria opção atraente,
ao invés de pensar que a diretoria
não estava fazendo a coisa certa.
Depois, quis saber se faltava algo e pedi a Claire que fizesse outro teste em sua
imaginação: "Claire, queria que imaginasse que vai começar a conversa com seu chefe.
Como o fará? Vai marcar uma entrevista?"
"Vou. E também escreverei um memorando relatando minha contribuição para o
departamento, todo o meu histórico, e propondo o salário que acho justo."
"E acha que vai se sentir mais à vontade e capaz ao fazer isso?"
"Vou me sentir melhor. O que ainda me preocupa é que o diretor financeiro que
forneceu aquela informação incorreta vem agindo de maneira falsa há anos, e talvez eu
não consiga a informação a tempo."
"E você acha que isso é uma limitação?" Mais uma vez, estou tratando a
informação como oriunda do ponto de vista de Claire, não como verdade. Isso fará com
que ela depois possa adotar um ponto de vista mais eficaz.
"Sim, porque não terei acesso à informação quando estiver falando com o diretor.
Por exemplo, o caso da conta de telefone. Só soube o que o diretor financeiro fizera
depois."
"Como você poderá usar
isso
como um ponto a seu favor? O fato de que ele já
havia mentido antes?" Eu estava convidando Claire a usar o fato passado para ajudá-la,
ao invés de pensar nele como um obstáculo.
"Acho que falaria com ele sobre o que aconteceu, dando-lhe o exemplo da conta
telefônica. Acho que será
bom,
começar com isso porque irá diminuir a credibilidade do
diretor financeiro. Se ele tiver dado outra desculpa, não terá a mesma credibilidade
porque já mentiu antes." Claire falava com clareza e autoridade. Voltei a me dirigir ao
grupo:
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"Se Claire achasse que não podia conversar sobre isso, estaria impondo a si
mesma uma restrição desnecessária. Então, continuaria a se sentir mal. Mas não se trata
de uma restrição a
ela,
porque
ela
não
está
mentindo". (Claire sorri.)
"Ela está
colocando as cartas na mesa, e está disposta a falar sobre
qualquer coisa.
Certo,
Claire?"
"Sem dúvida! Obrigada."
"E agora, quando pensa em ir em frente e colocar todas as cartas na mesa..."
"Eu me sinto bem. Sinto-me
muito
bem."
"Claire não pode sair perdendo. Ela possui um grande número de informações.
Ela
sabe o que é justo, do seu ponto de vista, e o que quer. E, caso não consiga fazer o
diretor entender isso, tem opções melhores. Por que iria querer continuar trabalhando lá
se eles não estiverem dispostos a reconhecer sua capacidade, da maneira que ela merece
ser reconhecida? Neste caso, esta opção se tornaria menos atraente. O fato de saber que
tem alternativas atraentes para qualquer eventualidade lhe dá a segurança necessária
para ser convincente."
"Certo", disse Claire, com confiança.
O que acabamos de fazer é juntar todas as pequenas mudanças de pontos de vista
que construí, de modo que Claire possa assimilá-las como um só "pacote".
Os resultados
Oito meses após nossa sessão, falei com Claire e ela relatou o seguinte, com muito
entusiasmo:
"Funcionou muito bem. Consegui o aumento praticamente sem o pedir! Quando
estava participando de um seminário em Oregon, a empresa passou por um período de
transição e um novo diretor-geral estava sendo contratado. No primeiro mês depois que
voltei, havia dois diretores-gerais, por causa do período de transição. Aí eu pensei! 'Não
é o momento de pedir nada'.- Já tinha planejado tudo. Conscientemente,
pensei
em
marcar uma entrevista quando tudo voltasse ao normal, e me senti bem com isso.
"Então, certo dia, quando estava conversando com o novo diretor a respeito de
outro assunto, me peguei falando sobre um aumento de salário.
Nem tinha planejado. Simplesmente, comecei a falar, com tranqüilidade, e ele
disse: 'Claro que você terá um aumento'. Foi o
meu primeiro
aumento. Depois consegui
outro. Numa circunstância parecida, estava conversando com o diretor-geral sobre outro
assunto e disse que queria ser promovida a professora-assistente. Ele disse: 'Claro,
vamos fazer algo a esse respeito. Seu cargo na empresa é ridículo'. Então, estou prestes
a conseguir essa promoção, junto com a qual virá um terceiro aumento de salário.
"Acho que tudo isso tem a ver com a minha mudança em relação ao problema que
eu tinha com chefes do sexo masculino. Antes da sessão que tivemos, sentia que não
merecia tanto quanto os meus superiores homens, mas agora tudo mudou. Há uma
energia dentro de mim que me diz que 'sou capaz' e 'mereço ser recompensada', e esta
energia é notada pelas outras pessoas. Não sou insistente a esse respeito, mas sei do que
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sou capaz e o que mereço. Deixo que minha capacidade venha à tona, e os outros
sentem isso.
"Por exemplo, eu estava aplicando um método de PNL para ajudar alguns
estudantes de medicina a superar a ansiedade causada pelas provas, para que pudessem
obter resultados melhores durante os exames do Conselho de Medicina. Há pouco
tempo, trabalhei com dois alunos que estavam tão ansiosos quando fizeram os exames
regionais que foram reprovados. Eles conheciam a matéria, mas não se saíram bem por
causa da ansiedade. Fiz uma sessão de PNL para ajudá-los a superar a ansiedade.
Quando fizeram os exames do Conselho Nacional, dois dias depois de terem fracassado
no Regional, eles se saíram bem, com notas de 86
e
89 sobre 100. Este fato chamou a
atenção do nosso diretor educacional, que me pediu que apresentasse uma proposta para
ensinar o método a todos os nossos alunos. E disse ainda: 'Claro que você receberá um
aumento de salário por isso'."
O que aprendemos com esse exemplo
Claire sem dúvida tinha competência e capacidade suficiente para justificar seu
sentimento de autovalorização. Se não tivesse, talvez tivesse perdido o emprego, ao
invés de obter vários aumentos de salário. Às vezes, as pessoas nos perguntam: "Mas
como saber se tenho capacidade e vou conseguir o aumento ou se vou perder o
emprego?" Do ponto de vista prático, podemos lidar com essa pergunta mais facilmente
se deixarmos de fora a questão do "merecimento". Pensar sobre "o quanto
mereço"
pode
me colocar numa posição de superioridade que talvez me faça agir de maneira rígida e
arrogante — atitude à qual as outras pessoas não reagiriam bem. Conheço muitas
pessoas extremamente capazes e que sem dúvida "merecem" ganhar muito mais do que
ganham. Há ocasiões em que achávamos que "merecíamos" ganhar muito mais do
ganhamos. Mesmo que tivéssemos razão, isto não significa que o dinheiro estivesse
disponível, ou que as outras pessoas tivessem a mesma percepção de valor que nós.
Ao invés de tentar adivinhar "Quanto mereço?", é muito mais simples perguntar:
"Quanto alguém estaria disposto a me pagar por isto?" A partir daí, eu poderia
simplesmente considerar minhas outras alternativas e decidir qual delas é a mais
atraente. Isso me dá o controle da situação, ao invés de depender dos outros.
Há momentos em que escolhemos opções menos lucrativas porque satisfazem a
outros critérios importantes para nós: poderemos aprender algo interessante com a
experiência, nosso trabalho ajudará a construir algo valioso e útil para as pessoas etc.
Mesmo que eu "mereça" mais, se alguém não estiver disposto a me pagar mais, e se essa
for a minha melhor opção, então posso me sentir bem aceitando-a, até que possa criar
uma melhor opção para mim mesma.
O que fiz com Claire foi muito simples. Mostrei-lhe como todas as coisas que a
faziam sentir-se mal podiam ajudá-la em sua reivindicação. Também certifiquei-me de
que ela podia apresentar seu pedido de maneira positiva, que lhe daria maiores
possibilidades de obter uma resposta favorável. E, por fim, fiz com que ela tivesse
alternativas atraentes, no caso de receber uma resposta pouco razoável, de forma que ela
se sentisse bem a respeito de suas opiniões, independentemente do que acontecesse.
De certa forma, isto é o que sempre fazemos em nosso trabalho: encontrar
maneiras de usar o passado a nosso favor, corrigindo o nosso comportamento atual de
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maneira a ter mais possibilidades de sucesso e construindo opções positivas para todas
as possibilidades futuras.
Todos nós, às vezes, sentimo-nos sem opções. Mas, com freqüência, isto é
verdade de um único ponto de vista. Ver as coisas de outros pontos de vista pode muitas
vezes nos ajudar a usar os mesmos incidentes de forma positiva.
Muitas vezes nos aconselham a olhar o "lado positivo das coisas". Entretanto, esse
tipo de conselho só é eficaz quando mudamos nosso ponto de vista. É desagradável
ouvir
que devemos olhar o lado positivo da vida quando não conseguimos vê-lo ou
quando isso não nos parece verdadeiro. As ferramentas da PNL nos permitiram usar, de
maneira respeitosa, a maneira de pensar em Claire, assim como as informações não-
verbais que ela nos dava, para tornar esse lado positivo muito
mais real
para ela do que
sua antiga maneira de ver a situação. A partir do momento em que isso aconteceu, a
nova perspectiva tornou-se uma parte automática de sua maneira de pensar e de agir.
O ex-marido e sua segunda mulher
Roxanne veio me ver, desesperada por encontrar uma maneira melhor de lidar
com o ex-marido, Ron, e sua nova esposa, Sara. Roxanne e Ron dividiam a custódia de
seus três filhos. Embora o acordo parecesse claro no papel, não era tão claro na prática.
Os dois anos que se seguiram ao novo casamento de Ron tinham sido dominados pela
raiva, por palavras ferinas, brigas e infelicidade para ambos os lados. Roxanne tentara
ser razoável desde o divórcio, ocorrido quatro anos antes, esperando ser tratada da
mesma forma pelo ex-marido. Do ponto de vista de Roxanne, sua atitude não estava
dando certo: nada estava funcionando. Achava que a pior parte do acordo sempre
sobrava para ela, e estava ficando furiosa com isso.
Enquanto ela falava, era óbvio que estava muito chateada com o fato de nada estar
dando certo, sobretudo com um incidente recente no qual Sara havia decretado, de
maneira arbitrária, algumas restrições sobre o contato de Roxanne com seus três filhos.
É muito fácil cair na armadilha do dramalhão, neste caso. Mas, à medida que Roxanne
falava, comecei a pensar como poderia ajudá-la a vivenciar a situação de maneira
diferente.
"Não quero ficar furiosa quando Sara e Ron tomarem atitudes irracionais", disse
Roxanne. Seu descontrole emocional diante do que Sara e Ron faziam tornava muito
difícil lidar com os dois. Mesmo que Sara e Ron fossem as duas pessoas mais
irracionais da face da terra, se Roxanne conseguisse sentir-se confiante e tivesse certeza
de que suas necessidades e objetivos seriam levados em consideração, ela se sentiria
bem melhor.
Ninguém pode controlar completamente o que os outros fazem, e todos nós já nos
deparamos com "situações difíceis", em que tudo parecia estar contra nós. Podemos
ficar chateados, deprimidos ou com raiva porque "tudo está contra nós", ou encontrar
maneiras de obter o que desejamos mesmo quando os outros agem de forma irracional.
Tornamo-nos muito mais fortes se observarmos o que podemos controlar e usarmos este
elemento para obter o que queremos do que nos sentimos desamparados em relação ao
que não podemos controlar. Sempre que possível, ajudo os outros a encontrarem essas
opções.
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89
Fiquei contente ao ver que Roxanne já estava prestando atenção ao fato de ter
mais escolhas quanto à sua reação emocional. Eu lhe perguntei: "Qual sua intenção
positiva ao ficar com raiva?"
"Bom, preciso ajudar meus filhos a crescerem e a aprenderem", respondeu
Roxanne. "Fico zangada quando Sara e Ron intervém.
Suponho que minha
intenção positiva
seja certificar-me de que é possível levar
adiante meus planos. Em outras palavras, ser
capaz
de agir como desejo."
"Então, você acha que 'levar seus planos adiante' e 'ser
capaz
de agir como deseja'
é a mesma coisa?", perguntei. Eu esperava que, ao lhe mostrar um pressuposto que ela
não havia examinado antes, Roxanne passasse a ver a situação com outros olhos. Queria
que ela percebesse que é possível agir como desejamos mesmo quando um plano nosso
não pode ser levado a cabo. "Planos" e "ser capaz de agir como se deseja" são duas
coisas distintas. Porém, como Roxanne não teve nenhuma reação ao que eu lhe disse,
tentei outra abordagem.
"De que forma o fato de não poder levar adiante seus planos permitiria que você
agisse
melhor?
", perguntei. Ela pareceu confusa, e tive de repetir várias vezes a
pergunta até que ela conseguisse responder. Sua confusão se devia ao fato de eu estar
lhe pedindo provas de uma crença
oposta
à que ela tinha. Ela ficava incontrolavelmente
zangada porque achava que a interferência de Ron e Sara em seus planos fosse uma
imensa limitação para ela.
"Suponho que isto estimula a minha capacidade criativa", respondeu finalmente,
depois de pensar.
"De que forma isso estimula sua capacidade criativa?", perguntei, para aumentar a
experiência de Roxanne em relação ao seu novo ponto de vista.
"Sempre que tenho um problema e não consigo resolvê-lo de imediato, isso
estimula a minha capacidade criativa. Acho que isso sempre acontece", disse Roxanne.
Ela estava falando e agindo de forma muito mais positiva do que pouco antes.
"Então, isso
sempre
acontece", eu disse, enfatizando o que ela dissera.
"Sempre. Agora estou me sentindo muito melhor", disse Roxanne, num tom de
voz mais enfático.
Talvez
pareça
que estou apenas brincando com as palavras, mas não é verdade. A
experiência
de Roxanne estava se modificando, pois ela estava adotando uma nova
crença. Queria reforçar ainda mais essa nova crença, dando-lhe novos meios de
sustentar sua reação criativa através de seus novos valores.
"De que maneira você acha que, ao demonstrar essa nova reação, ela será positiva
e também funcionará como um ensinamento para seus filhos?... Por exemplo, sua reação
será um exemplo para seus filhos. Eles aprenderão a reagir bem, internamente falando,
mesmo que outras pessoas ajam de maneira irracional. Isto é algo que ficará com eles
para sempre. Mesmo que você não consiga levar a cabo seus planos imediatos, a longo
prazo haverá vantagens. Mesmo que lhe cause um aborrecimento superficial,
interiormente você saberá que isso pode se transformar em algo positivo para seus filhos
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a longo prazo." Já que Roxanne estava preocupava com o desenvolvimento dos filhos,
eu a estava ajudando a criar uma experiência que lhe permitiria usar o que Ron e Sara
fizessem para criar um impacto positivo sobre seus filhos. Roxanne concordou e me
disse que estava satisfeita com essa nova forma de compreensão.
A transição de Roxanne me parecia boa e rápida demais para ser verdadeira.
Como sua reação anterior tinha sido forte e persistente, durante tantos anos, queria
verificar se seu problema estava completamente resolvido ou se ainda era necessário
fazer algo mais. "Então, ao pensar em toda essa situação, existe algo que poderia
impedi-la de se sentir capaz?", perguntei.
"Ainda sinto um pouquinho de pânico e dúvida", ela respondeu, pensativamente.
"Tenho uma dúvida persistente: 'E se desta vez eu não sobreviver?'"
"Ah, quer dizer que você vai
morrer
porque outra pessoa está agindo de forma
irracional?", perguntei. Roxanne havia dito algo muito radical, então exagerei para que
ela se desse conta de como aquilo era ridículo.
"Na verdade, não", disse Roxanne, rindo. "É mais como se o mundo estivesse
desabando", explicou, mais séria.
"Ah, então não é que você vai
morrer
e sim
apenas
que
o mundo vai desabar?”
Estava de novo exagerando o que ela dissera, com um leve tom de brincandeira na voz e
no olhar. Eu a estava convidando a observar o absurdo de algo que um lado dela levava
muito a sério. Roxanne sorriu.
"Como é que você lida com esse pânico?", perguntei.
"Acho que ele vem do fato de eu não cuidar muito bem de mim", confessou. Ela
contou sua experiência quando jogava basquete. "Eu peço desculpas e saio do caminho
mesmo quando não devo. A vida inteira nunca me permiti ter minhas próprias vontades.
Não me sentia segura em brigar por meus direitos. É como se eu achasse que se alguém
quer alguma coisa de mim, tenho de lhe dar o que ele está pedindo."
Sem dúvida, eu acabara de encontrar uma segunda crença que precisava ser
transformada.
Quando lhe perguntei: "Você acredita que as pessoas têm de ser justas?", ela
respondeu que sim.
Já que o conceito de "justiça" geralmente inclui o de igualdade e reciprocidade,
essa crença de Roxanne podia ser usada para mudar aquela que lhe causava problemas.
"Você acha que todos têm de pensar como você, neste caso? Se alguém quer algo
de outras pessoas, elas são obrigadas a lhe dar? É nisso que quer que seus filhos
acreditem?"
"Não."
Ao pedir-lhe que aplicasse seu padrão a outras pessoas, comecei a diminuir a
força da sua crença. Isso geralmente dá certo quando a pessoa tem um conjunto de
padrões para si mesma e outro para as outras pessoas.
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"O que a faz tão especial a ponto de achar que o que é bom para você não serve
para outros?" Já que ela não se achava
merecedora,
reverti o seu pressuposto. Falei
como se ela estivesse recebendo um tratamento
especial
e disse que não achava isso
justo.
Roxanne riu.' 'Não sei. Um lado meu sente-se indignado com isso''.
"E se você quiser algo de si mesma?", perguntei. "Tem de dar isso a
si mesma!"
Agora, eu estava aplicando a mesma crença de que ela "tinha de dar algo" de maneira
que ela ainda não tinha aplicado antes — a si mesma, ao invés de aos outros.
"Acho que sim", respondeu Roxanne.
"O que você quer de você mesma que deva se dar?"
"Mais respeito, achar que tenho o direito de existir."
Ficou claro que Roxanne sabia do que precisava, mas ainda não estava se dando
aquilo. Sabia que ainda não havia conseguido a mudança desejada na experiência
interna de Roxanne, pois ainda não via a expressão não-verbal normalmente encontrada
nas pessoas que se amam. Vi que precisava mudar a abordagem para encontrar um
exemplo que a fizesse modificar sua experiência.
"Na verdade, dar aos outros o que eles querem é uma boa regra a ser seguida",
disse, fazendo uma pausa para observar o impacto que lhe causara. "Basta entender
exatamente o que isto quer dizer. Às vezes, as pessoas confundem o que os outros
dizem
que querem ou pedem com aquilo que desejam
de verdade
— o que realmente vai
ajudá-las a ter uma vida melhor." Embora eu estivesse aceitando a sua crença, começava
a fazer uma modificação importante no
significado
de "dar aos outros o que eles
querem".
"As crianças querem e exigem uma série de coisas. Querem doces, ou querem
fazer o que acham certo. E você sabe que, se fosse dar a elas tudo o que querem, isso
não daria certo a longo prazo. Elas estariam sendo educadas para se transformarem no
tipo de pessoa que ninguém quer por perto. E isso não é o que elas
realmente
desejam.
Essas crianças iam acabar não conseguindo a qualidade de vida que
realmente
desejam.
"Um adulto irracional não é muito diferente de uma criança irracional. Você sabe
como são as pessoas que sempre conseguem o que querem. Como nunca aprenderam a
levar em consideração as necessidades dos outros, acabam se tornando adultos que não
se dão com outras pessoas e têm muitos problemas por causa disso."
"É...". Roxanne estava entendendo o que eu queria dizer. Sua expressão não-
verbal havia mudado, mas eu percebia que a nova crença ainda não estava totalmente
"fundamentada".
"Da mesma maneira, se você não criar seu próprio espaço e se não estabelecer
suas prioridades, é isto que estará fazendo às pessoas que a cercam — transformando-as
em pessoas que acham que todo mundo tem de fazer tudo por elas, sem saber respeitar o
outro. E com isso você não estaria ajudando ninguém. Aliás, é a pior coisa que pode
acontecer a alguém que já tem dificuldade de levar as outras em consideração."
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Primeiro, usei o exemplo das crianças, porque sabia que qualquer mãe o
entenderia. Depois, englobei os adultos e qualquer outra pessoa em geral, de forma que
Roxanne pudesse reagir diferentemente com
qualquer
um, não apenas com Sara e Ron.
"Portanto, levar em consideração suas prioridades e vontades
é,
na verdade, o que
todo mundo realmente quer", resumi. "Senão,
eles
não terão um bom nível de vida. Isso
lhes trará problemas mais tarde." Neste ponto, Roxanne concordava inteiramente
comigo. Seu corpo reagia a esta nova maneira de dar às pessoas o que elas
realmente
queriam. Ela estava assimilando a idéia.
"De que outra forma esta conscientização afetará a sua maneira de ser?" perguntei.
Não importava o que ela responderia. Meu objetivo era fazer com que
ela
pudesse
pressupor sua nova reação e aplicá-la de maneira mais abrangente em outras situações,
para fundamentar melhor sua nova maneira de pensar.
Os resultados
Seis semanas depois, Roxanne contou como estava indo. "Tive
inúmeras
oportunidades de testar o que fizemos!", brincou. "Quando Sara ou Ron faziam algo
irracional, sentia-me completamente diferente. Ria comigo mesma. Na maioria das
vezes, era engraçado. O fato de me sentir diferente a respeito do que eles faziam tornou
muito
mais fácil lidar com o aspecto prático da questão e obter o que queria para meus
filhos.
"Outra coisa interessante também aconteceu", continuou Roxanne. "Desde
pequena, tinha um pesadelo que se repetia. Nunca conseguia me lembrar exatamente do
que acontecia, mas sentia que ia ficando cada vez pior, até que acordava me sentindo
terrivelmente mal. Depois do meu divórcio, tive mais sonhos do mesmo tipo. Após a
nossa sessão, tive o mesmo sonho, só que a sensação foi boa.
De certa forma, é o mesmo sonho, só que eu tinha a sensação de que era capaz e
acordei com uma sensação boa." Interpretei a mudança no sonho de Roxanne como uma
confirmação do seu inconsciente de que uma mudança importante e profunda havia
ocorrido.
Nos meses seguintes, Roxanne ainda teve certas dificuldades em lidar com Ron e
Sara e algumas decisões difíceis a tomar. Entretanto, havia dado um importante passo
para construir uma base mais sólida para si mesma. Ao mudar a maneira de pensar sobre
si mesma, Roxanne sentiu-se mais
capaz,
e este sentimento fez com que ela pudesse
lidar com mais facilidade com suas dificuldades.
O tipo de pergunta que fiz a Roxanne é um aspecto importante no campo da PNL.
O uso da linguagem desta forma específica pode transformar rapidamente nossas
crenças e nos fazer chegar a novos pontos de vista. Quando realmente vemos as coisas
de forma diferente, nossos problemas em geral desaparecem. Da mesma forma que
mudamos rapidamente nosso ponto de vista sobre o idoso da anedota que contei no
início do capítulo, podemos também modificar nossa perspectiva e nossos sentimentos a
respeito da nossa vida. Essas mudanças não são dolorosas ou longas. Exigem apenas
que tenhamos uma forma diferente e aceitável de perceber os fatos.
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