COMO CRIAR OS FILHOS DE
|
FORMA POSITIVA
|
Muitos dos métodos deste livro servem para sanar
ou melhorar certos problemas
|
depois que eles já se instalaram. No entanto, é possível utilizar os mesmos princípios
|
para ajudar os filhos a começarem bem a vida. Os princípios da PNL tornam a tarefa de
|
criar filhos mais agradável e mais eficiente. Nós mesmos tiramos muito proveito dos
|
métodos específicos da PNL e de outros métodos mais gerais criados para
ajudar as
|
pessoas a entrar em contato com a sua sabedoria interior e
pedir-lhe ajuda.
|
Criar filhos pode parecer uma tarefa opressiva. Faz com que
procuremos ajuda de
|
especialistas, que apenas nos farão "seguir as boas regras de
criação dos filhos".
|
Entretanto, mais importante do que seguir o conselho de
especialistas é saber como usar
|
nossa própria experiência — nosso especialista interior.
Todos nós temos mais
|
informações do que imaginamos a respeito do estado em que se encontram
nossos
|
filhos. Ter acesso a esse conhecimento, mesmo não tendo consciência dele, nos ajuda a
|
encontrar possíveis soluções para os problemas que possam
surgir.
|
Como ter acesso à nossa sabedoria paterna
|
Antes de mais nada, procure um lugar calmo, onde não possa ser incomodado por
|
algum tempo. Primeiro, relaxe e encontre uma posição confortável.
|
Etapa nº 1. Pense numa situação difícil com seu filho. Talvez seu filho
esteja se
|
comportando de uma maneira com a qual você não saiba lidar ou que o leva à loucura.
|
Você está preocupado ou chateado com algum aspecto da personalidade dele?
Pode
|
escolher algum comportamento ou algo que diga respeito aos
sentimentos da criança.
|
Você obterá melhores resultados se escolher algo que aconteça com freqüência.
|
Etapa nº 2. Veja um filme sobre a situação, do seu ponto de vista.
|
Revivencie o episódio. Imagine que você está vivendo novamente a situação com
|
seu filho. Comece pelo início, vendo tudo através dos seus próprios olhos, revivendo o
|
que aconteceu. Observe que tipo de informação está disponível para você, como se
|
sente e o que pode ver e ouvir. Se for algo que não "consegue" visualizar, não há
|
problema. Apenas "sinta" que está revivendo a situação do seu ponto de vista e o
|
método funcionará da mesma forma. Talvez queira rever
vários exemplos da mesma
|
situação.
|
Etapa nº 3. Reviva a mesma situação, porém do ponto de vista do seu filho.
|
8
|
Este arquivo compõe a coletânea STC
|
Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
|
Acesse – www.megacursos.com.br -
|
73
|
Veja os filmes da mesma situação, porém do ponto de vista do seu filho.
Volte ao início
|
da situação escolhida na etapa nº 2. Pare o "filme" um pouco
antes de começar. Antes
|
de rever o filme,
|
desta vez
|
olhe para seu filho. Observe a postura dele, a maneira como
|
anda, respira etc. Ouça o som da sua voz. Agora, entre na
pele do seu filho. Torne-se o
|
seu filho. Agora, você anda como ele, respira como ele,
sua voz parece-se com a dele,
|
vê o que ele vê e sente o que ele sente. Viva
profundamente esta experiência enquanto
|
revê o filme. Se não tiver certeza de que está sendo "realmente" seu
filho, não há
|
problema. Simplesmente deixe-se levar e observe o que pode
aprender.
|
Leve o tempo que for necessário para reviver a situação
|
como se fosse seu filho
|
e
|
observe que novas informações obtém. Percebe agora sentimentos de seu
filho que não
|
percebia do seu ponto de vista de adulto? O que mais pode
aprender sendo seu filho?
|
Qual a sua sensação a respeito do que seu filho está vivendo em seu mundo e da
|
maneira como ele está lidando com isso?
|
O que observa em seu próprio comportamento, ao ver a situação do ponto de vista
|
de seu filho? Seu comportamento lhe parece diferente desse novo
ponto de vista? Se
|
achar que parte do seu comportamento parece inadequado, fique
contente por ter obtido
|
uma informação nova e útil. Se aprender algo sobre a
maneira como seu filho está se
|
sentindo, alegre-se também.
|
Etapa nº 4. Reviva a situação como "observador".
Reveja o mesmo filme,
|
porém de um ponto de vista externo. Ouça e veja a experiência de um ponto de vista que
|
lhe permita ver
|
tanto
|
você
|
quanto
|
seu filho ao mesmo tempo. Observe a experiência
|
como se estivesse assistindo a um filme como espectador.
|
Observe o que aprende a partir desse ponto de vista. Consegue
notar algo sobre a
|
maneira como você e seu filho reagem um ao outro?
Como parecem as coisas quando
|
você está do ponto de vista do observador? O que consegue ver mais claro
sobre você e
|
seu filho?
|
Etapa nº 5. Como usar a informação. Você acabou de observar a situação
|
problemática de três posições diferentes e muito importantes. Dispõe agora de alguma
|
informação que não conseguia perceber antes? Que idéias tem a respeito de seu filho e o
|
que imagina fazer a partir dessa nova informação?
|
Os pais geralmente obtêm informações muito interessantes quando entram
na pele
|
dos filhos, da forma como foi indicada na etapa nº 3. Às vezes, percebemos o que a
|
criança sente ou quer de maneira diferente. Essa informação é uma mina de ouro para os
|
pais.
|
Ao mesmo tempo, recomendamos muito cuidado ao usar as informações obtidas
|
com este processo. Ninguém sabe com certeza o que outra
pessoa está pensando ou
|
sentindo; portanto, sempre estamos "pressupondo", e é necessário verificar
|
cuidadosamente a nossa impressão. Este processo pode ser de grande
utilidade para
|
desenvolver a intuição sobre os sentimentos de outras
pessoas, mas não devemos
|
esquecer que são
|
elas
|
que sabem mais sobre si mesmas.
|
Por exemplo, se descobrir que seu filho quer se sentir seguro,
talvez queira criar
|
um ambiente de maior segurança para ele. Dedique-lhe alguns
momentos de
|
tranqüilidade à noite, ponha-o no colo, nine-o. Então observe como ele reage. Parece
|
Este arquivo compõe a coletânea STC
|
Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
|
Acesse – www.megacursos.com.br -
|
74
|
mais calmo e confortado? Seu comportamento muda no dia seguinte,
da maneira como
|
você esperava? Se for o caso, talvez você decida continuar com o ritual até que a
|
criança perca interesse por ele. Mas, se seu filho preferir pular do
seu colo e brincar no
|
chão, talvez seja necessário tentar outra coisa.
|
Quase nunca funciona dizer à criança o que acha que ela sente. Mesmo
que esteja
|
com a razão, geralmente a criança fica chateada (da mesma forma que
um adulto
|
ficaria) quando alguém fica dizendo como ela está se sentindo.
|
A pessoa, o outro e o observador:
|
o caminho da sabedoria em muitas situações
|
A base deste método é levar as pessoas a adotarem três "posições" ou "pontos de
|
vista" básicos em suas vidas. Podemos
vivenciar qualquer incidente como nós mesmos
|
(self),
|
como a
|
outra
|
pessoa que participa da experiência
|
(o outro)
|
ou como uma
|
terceira
|
pessoa (o
|
observador).
|
Em geral, vivemos as experiências do nosso ponto de vista. Isso
|
nos dá acesso a um certo nível de informação, porém não a todas as informações
|
disponíveis. Se pararmos para observar as informações disponíveis quando nos
|
tornarmos "o outro", ou quando nos tornarmos "o
observador", conseguimos reunir mais
|
informações sobre as quais basear nossas ações e nossos sentimentos.
Basicamente,
|
tornamo-nos mais "sábios" à medida que temos acesso a uma maior
quantidade de
|
informações. Ser capaz de fazer isso é muito útil não apenas para a educação dos filhos,
|
mas também para criar uma intimidade duradoura com outra pessoa e para
construir
|
relacionamentos de negócios baseados no respeito e fadados
ao sucesso.
|
Talvez algumas dessas posições nos sejam mais familiares do que
outras. E esta
|
também pode ser uma informação valiosa. Algumas pessoas quase
nunca ou jamais
|
adotam o ponto de vista do "observador". Neste caso, a
maioria das informações novas
|
virá dessa posição. Muitas pessoas gostam de falar
sobre suas dificuldades com um
|
amigo, para obterem uma "perspectiva de fora". Quando
adotamos o ponto de vista do
|
"observador", podemos nos oferecer essa perspectiva.
|
Algumas pessoas raramente ou nunca adotam o ponto de vista do
"outro". Em
|
geral, são consideradas pessoas grosseiras ou que não sabem "viver em
sociedade". Às
|
vezes, trata-se apenas de não saberem se colocar na posição do "outro" para que
possam
|
perceber como seu comportamento está afetando os outros. Uma pessoa
assim sairá
|
ganhando se adotar o ponto de vista do "outro" com
mais freqüência, porque é a partir
|
dele que outras informações estarão disponíveis. Sempre se disse o quanto é valioso "se
|
colocar no lugar do outro". Este processo nos fornece uma
forma direta de adotar essa
|
posição. Com um pouco de prática, isto se tornará uma capacidade harmoniosa de
|
observar a reação dos outros.
|
Por mais estranho que pareça, existem pessoas que quase nunca
vivem a vida
|
como elas mesmas. É como se fossem sempre observadoras,
o que as faz parecer
|
"distantes" ou "frias" aos olhos dos outros.
Parecem estar sempre pensando a partir do
|
ponto de vista de outra pessoa, nunca do seu próprio. Essas pessoas poderão aproveitar
|
melhor a vida se aprenderem a viver a partir do seu próprio ponto de vista.
|
É bom observar qual das posições é menos conhecida e adotá-la com mais
|
freqüência. Quando conseguimos um maior equilíbrio em nossa capacidade de adotar
as
|
Este arquivo compõe a coletânea STC
|
www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br
|
Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
|
Acesse – www.megacursos.com.br -
|
75
|
três posições, temos três vezes mais informações e sabedoria do que se ficarmos
apenas
|
com um dos pontos de vista.
|
Relacionamento não-verbal com a criança
|
A maioria dos pais deseja ter um relacionamento profundo com
seus filhos, e
|
alguns conseguem isso. É possível usar um processo não-verbal para criar um
|
relacionamento com seu filho — com o lucro adicional de outros
ganhos positivos.
|
Logo que a PNL começou a se desenvolver, descobriu-se
que
|
pessoas que estão
|
profundamente em contato com outras em geral imitam umas às outras não-
|
verbalmente.
|
Por exemplo, quando duas pessoas estão sentadas num restaurante,
|
profundamente envolvidas uma com a outra, geralmente têm a mesma postura corporal,
|
a mesma cadência e o mesmo tom de voz. Se uma
delas começasse de repente a falar
|
muito mais alto, mais baixo, mais rápido ou mais devagar do que a outra,
o ritmo
|
uniforme da comunicação seria interrompido.
|
O bebê que está na fase de "emitir sons" ficará contente em "conversar"
com
|
alguém que use os mesmos sons, o mesmo ritmo e a mesma cadência. Quando uma
|
criança está passando pela fase da timidez, é muito fácil criar um relacionamento com
|
ela fingindo-nos também de "tímidos". Quando a criança se esconde atrás da mãe ou do
|
pai, podemos nos "esconder" atrás das mãos. Depois, podemos olhar para ela
de
|
maneira desconfiada e voltar a esconder a cabeça atrás das mãos, assim que a criança
|
nos notar. Normalmente, a criança passa a se interessar pela
|
nossa
|
timidez, em vez de
|
prestar atenção à sua
|
própria.
|
Com certeza, você deve imitar seu filho algumas
vezes. Seria interessante
|
experimentar fazer isso mais vezes a nível não-verbal, para ver que impacto tem
sobre o
|
relacionamento de vocês. Pode parecer estranho no início, mas depois torna-se
|
automático. Muitos pais sentem-se de certa forma mais ligados à criança. Pode-se
|
reproduzir a respiração da criança, seu tom de voz e seu movimento
corporal.
|
Quando o adulto se comporta assim, a criança inconscientemente sente estar
|
sendo levada em consideração. Todos nós já passamos pela experiência de receber um
|
"sim" quando o comportamento não-verbal da pessoa gritava "não". Não há nada
|
melhor do que ver uma pessoa aceitar não-verbalmente o que dizemos e também
|
todas
|
as nossas comunicações — a maneira como respiramos,
falamos e nos movemos.
|
Quando reproduzimos a maneira de se comunicar de nosso filho, é como se
|
estivéssemos lhe dizendo: "Eu percebo você. Estou reagindo a você. Reconheço em
|
você uma pessoa especial e diferente de qualquer outro ser humano —
e estou reagindo
|
a isso. Estou deixando de ser quem sou neste momento para
reproduzir o que
|
você é.
|
Estou
|
com você,
|
de uma forma muito básica e essencial".
|
Já participei de várias reuniões de pais em que, quando não se sabe mais o que
|
fazer, se recomenda "ficar mais com a criança". É um conselho excelente. E quando
|
sabemos como reproduzir o comportamento não-verbal da criança, temos uma
|
maneira
|
específica de estar com ela, uma maneira que cria um grande elo de
respeito pela pessoa
|
que ela é. Nesses momentos, não estamos fazendo nada para a criança, nem tentamos
|
mudá-la. Estamos apenas reconhecendo que ela é. E que melhor demonstração de
|
aceitação do que ser seu filho, tornando-se um espelho da sua respiração, de seu tom de
|
voz etc.?
|
Este arquivo compõe a coletânea STC
|
www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br
|
Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
|
Acesse – www.megacursos.com.br -
|
76
|
Convite à mudança gradativa
|
A partir da ligação e da aceitação que surgem do espelhamento não-verbal, a
|
criança pode sentir-se mais receptiva a pequenas mudanças de comportamento. Você
|
estará em melhor posição para estimular mudanças no comportamento de seu filho.
|
Quando nossos filhos eram bebês, com freqüência os carregávamos no colo e
|
reproduzíamos sua respiração, para estabelecer um
relacionamento com eles. É difícil
|
respirar tão rápido quanto um bebê, por isso geralmente colocávamos a mão na
|
barriguinha ou nas costas do bebê e deixávamos que ela acompanhasse os
movimentos
|
da sua respiração. Às vezes, acariciávamos sua cabecinha ou suas costas,
|
acompanhando o
|
ritmo da sua respiração,
|
pressionando a mão a cada expiração.
|
Estávamos reagindo ao bebê de forma não-verbal — fazendo-o saber que estávamos
|
"com ele". Em geral, isso tinha um efeito calmante
evidente. Quando o bebê chorava, ou
|
ficava agitado, começávamos por reproduzir sua respiração. Gradativamente, nossos
|
movimentos tornavam-se mais leves e lentos, levando a criança a um estado de calma.
|
Se ela não quisesse seguir nosso ritmo, não insistíamos.
|
É possível reproduzir a respiração e o movimento dos recém-nascidos. Quando a
|
criança fica mais velha, podemos reproduzir a cadência e o tom de sua voz, e outros
|
movimentos também. Às vezes, basta apenas reproduzir.
Porém, se quisermos ajudar a
|
criança a passar para um estado emocional mais calmo ou mais
|
capaz,
|
podemos
|
primeiro reproduzir seus movimentos e depois lentamente ir
modificando o
|
comportamento dela, levando-a a um estado mais criativo e calmo.
Deve-se mudar o
|
comportamento num ritmo que a criança possa acompanhar. Quando a criança passa a
|
nos imitar, entrando num estado de espírito mais calmo e criativo, ela
sente o seguinte:
|
"Já entendi, ele está reproduzindo o que estou sentindo.
E o que estou sentindo deve ser
|
bom, já que ele está me imitando. Agora, ele está mudando um pouquinho e estou
|
gostando de imitá-lo. Se ele pode ser eu, então posso ser ele, e também segui-lo a um
|
estado de espírito novo".
|
Como descobrir as intenções positivas da criança
|
No capítulo anterior, vimos como funcionava o método da Remodelagem em Seis
|
Etapas, e que descobrir propósitos e intenções positivos, mesmo nos
comportamentos
|
mais "negativos", pode nos ajudar a encontrar novas opções.
|
Isso é muito importante e útil na criação dos filhos. Quando nossos filhos
se
|
comportam mal, é muito fácil pressupor que há uma intenção negativa. Nos nossos
|
cursos para pais, ouvimos às vezes os pais dizerem: "Meu
filho está em uma luta de
|
poder comigo — ele simplesmente quer ter poder". Ou: "Às vezes, parece que meu filho
|
faz de propósito. Ele faz exatamente aquilo que
sabe que vai me chatear". É fácil rotular
|
o comportamento da criança como intratável, agressivo ou até mesmo "mau". Se
|
acharmos que nossos filhos têm más intenções, nos tornaremos seus adversários.
|
Por outro lado, quando partimos do princípio de que nossos filhos sempre têm
|
intenções positivas,
|
nossa tarefa fica mais fácil. Ao invés de pressupormos que nosso
|
filho quer assumir o poder, podemos nos perguntar: "O que o
poder traria de positivo
|
para o meu filho?" Ter poder pode ser para a criança uma maneira de se sentir mais
|
segura no mundo, mais capaz, ou ter qualquer outro propósito positivo. Mesmo quando
|
não sabemos exatamente qual é o objetivo positivo da criança, o fato de sabermos que
|
Este arquivo compõe a coletânea STC
|
www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br
|
Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
|
Acesse – www.megacursos.com.br -
|
77
|
ele existe modifica nossos sentimentos e ações em relação a ela. Não precisamos mais
|
estar em guerra contra o mau comportamento de nossos filhos. Ao
contrário, podemos
|
nos aliar aos objetivos positivos de nossos filhos e ajudá-los a encontrar uma forma
|
melhor de conseguir o que querem — formas mais aceitáveis para nós e para os outros.
|
Aqui vai mais um exemplo de como isso funciona:
|
Quando nossos filhos eram crianças entrei na sala de estar um dia e
vi Mark, de
|
três anos, batendo em Loren, que estava então com um ano. Como Mark estava
batendo
|
forte, intervim rapidamente para evitar que Loren se machucasse.
|
"Não, Mark!", disse, de maneira clara e firme, enquanto
separava os dois. "Não
|
quero que bata em Loren."
|
Ajoelhei-me ao lado de Mark e, mudando completamente o tom de
voz, perguntei
|
com delicadeza: "Mark, o que estava fazendo?"
"Quero que Loren fique longe dos meus
|
blocos de madeira", ele respondeu.
|
Era compreensível. Com apenas um ano de idade,
Loren era bastante agitada e
|
achava muito engraçado derrubar os blocos de madeira.
"Parece uma boa idéia."
|
Concordei inteiramente com a intenção positiva de Mark. "Vamos ver
se podemos
|
colocar sua torre em lugar seguro. Quer que o ajude a colocar a
torre em cima da mesa,
|
para que Loren não possa alcançá-la?"
|
"Quero." Mark achou que era uma boa idéia.
|
"Assim está bem melhor! Agora você pode construir sua torre e ela
estará segura!"
|
Muitas brigas de crianças são variações desse tema. Quando as crianças não
|
conseguem o que querem, passam a empurrar, bater e gritar. Do
ponto de vista da
|
criança, é a única maneira de conseguir o que quer. Nossa tarefa como pais é respeitar
|
sua intenção positiva e oferecer-lhe uma opção melhor para conseguir o que
deseja.
|
As intenções positivas respeitam tanto os filhos como os pais4
|
Quando uma criança se comporta mal, muitos pais dão apenas o primeiro passo:
|
4 Como descobrir a intenção positiva da criança
|
A ser usado quando a criança se "comporta mal" —
correndo o risco de se ferir, machucar
|
alguém ou de cometer um ato de vandalismo.
|
1. Antes de mais nada, limite ou interrompa o comportamento
indesejado tão rápida e
|
calmamente quanto possível.
|
2. Descubra a intenção positiva do comportamento
indesejado. "O que você está tentando
|
fazer?" "O que você deseja?"
|
3. Concorde ou reconheça a intenção positiva da criança: "É importante proteger os seus
|
brinquedos".
|
4. Ajude a criança a encontrar outras formas de
atingir sua intenção positiva. "De que outra
|
maneira você poderia obter o mesmo
resultado?" Com crianças menores, deve-se mencionar
|
outras possibilidades que a criança possa levar em consideração.
|
Este arquivo compõe a coletânea STC
|
www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br
|
Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
|
Acesse – www.megacursos.com.br -
|
78
|
tentam impedir o comportamento indesejado. Se eu tivesse feito
apenas isso com Mark,
|
ele teria se sentido frustrado e ressentido, porque não saberia como proteger sua torre.
|
Era isso o que ele queria. Bater e empurrar era a única forma que ele tinha de atingir
seu
|
objetivo.
|
Se somente impedirmos o comportamento indesejado, as crianças aos poucos
|
passarão a pensar que são "más" ou
"desobedientes". Sentem-se em conflito, porque só
|
têm duas opções: brigar para conseguir o que querem ou serem
"boazinhas" e perder
|
algo importante para elas.
|
Por outro lado, as quatro etapas anteriores nos permitem ajudar
a criança a
|
identificar sua intenção positiva e descobrir novas soluções. Dentre os efeitos a longo
|
prazo temos:
|
• A criança se vê como alguém com boas intenções, em vez de uma pessoa
|
"agressiva" ou "má". Isso ajuda a criar uma
auto-imagem positiva.
|
• A criança passa a ver as outras crianças da mesma forma — mesmo quando
|
fazem coisas que a desagradam, estão agindo com boas intenções.
|
• A criança aprende a pensar automaticamente em soluções alternativas e a usar a
|
sua criatividade sempre que houver um problema.
|
A construção da auto-imagem positiva: personalidade X comportamento
|
É importante saber falar sobre o
comportamento dos filhos para que eles tenham
|
mais facilidade de se comportar e se sentir bem em relação a si mesmos. Infelizmente, a
|
maneira como os pais falam com e sobre seus filhos torna isso
mais difícil para a
|
criança (e para os pais também).
|
Certamente, vocês já ouviram um pai dizer ao filho:
"Johnny, quem dera você
|
tivesse mais consideração!", ou "Não sei como consegue ser tão agitado!" Se falarmos
|
assim com nossos filhos, estaremos agindo como se a
"desconsideração" e a "agitação"
|
fossem traços permanentes da personalidade deles. Estaríamos falando como se nossos
|
filhos
|
fossem
|
assim. "John tem cabelos castanhos, dois braços e é agitado". Chamamos a
|
isso "linguagem da personalidade". Ao ouvir isso,
Johnny pode se sentir mal por não ter
|
consideração ou ser agitado. Mas, já que se trata de algo que ele
|
é,
|
não pode fazer nada
|
a respeito.
|
Ao invés de nos referirmos à
|
pessoa
|
de Johnny, podemos simplesmente comentar
|
seu
|
comportamento,
|
de forma a mostrar a ele que tem opções de mudar. "Johnny, vovó
|
não gosta de ninguém correndo pela sala de estar. Se
quiser correr, pode ir para o pátio.
|
Se quer ficar aqui conosco, pense numa brincadeira mais
calma." Se adotarmos o ponto
|
de vista de Johnny, poderemos perceber que é muito mais fácil reagir a essa observação
|
de forma positiva. Não estamos dizendo que Johnny
|
é
|
alguém que não tem consideração
|
pelos outros ou agitado. Simplesmente estamos falando sobre o
|
comportamento
|
dele e
|
mostrando-lhe outras opções. Se quisermos
|
mudar
|
o comportamento de nosso filho, isso
|
será mais fácil se falarmos de um
|
comportamento
|
que não faz parte da
|
personalidade
|
da
|
criança.
|
Ao usarmos a linguagem da "personalidade" quando a
criança está se
|
comportando bem, podemos ajudá-la a identificar-se com características positivas de
|
Este arquivo compõe a coletânea STC
|
www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br
|
Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
|
Acesse – www.megacursos.com.br -
|
79
|
personalidade, que a ajudarão a construir uma auto-imagem
positiva. Chamamos a isso
|
"auto-estima". Alguns exemplos: "Sara, obrigada
por dar um brinquedo a Allison. Você
|
sabe dividir suas coisas". "Foi ótima idéia a que você teve, você acha sempre uma
|
solução."
|
É aconselhável começar com um comportamento específico, para que a criança
|
saiba o que lhe agrada: "Obrigada por ter posto a
mesa". Depois, pode-se ajudar a
|
criança a pensar nisso como uma característica sua: "Obrigada por ser tão prestativa".
|
Isso ajuda a criança a achar que é assim que ela
|
é e a. se
|
orgulhar disso.
|
Evidentemente, esse tipo de elogio deve ser usado com moderação. Se for usado
|
em excesso, a criança poderá passar a depender demais do elogio
e do apoio dos outros,
|
ao invés de sentir prazer em agir de maneira prestativa e respeitosa.
|
Linguagem temporária e permanente
|
Da mesma maneira, podemos falar do mau comportamento da criança como algo
|
temporário ou permanente. A seguir, damos alguns exemplos da linguagem
|
"permanente": "Você vive implicando com sua irmã".
|
"Sempre
|
que lhe peço para fazer
|
alguma coisa, você recusa." "Você está
|
sempre
|
batendo nos outros." Se usarmos a
|
linguagem permanente, imutável, a criança percebe que tem um comportamento
|
indesejável, sempre o teve e sempre o terá. Mesmo que a criança
|
sempre
|
tenha tido
|
aquele comportamento, a linguagem "permanente" dá a ela a impressão de que não pode
|
mudar.
|
Por outro lado, se quisermos que o comportamento seja temporário, podemos usar
|
a linguagem "temporária":
|
"Agora
|
você está implicando com sua irmã. Se continuar a
|
fazer isso, terá de ir brincar em outra
|
sala por algum tempo".
|
"Sei que não está com
|
vontade fazer isto
|
neste exato momento.
|
Mas será necessário fazê-lo antes do jantar."
|
"Não quero que bata em Sara. Quer ir brincar em outro lugar onde
tenha mais espaço?"
|
A
|
linguagem temporária sobre o comportamento
|
deixa uma porta aberta para que
|
a criança possa mudar. Embora não seja uma solução completa para o problema, oferece
|
uma chance de sucesso quando se usar outros métodos educacionais, como o
|
redirecionamento do comportamento da criança.
|
Quando usar a linguagem permanente
|
• Em geral, quando queremos que a criança faça algo com mais freqüência,
|
devemos usar a linguagem que pressupõe permanência. Quando
|
não
|
queremos que a
|
criança faça algo, devemos descrever seu comportamento como algo temporário. A
|
criança passará a pensar no comportamento negativo como algo temporário e em suas
|
qualidades positivas como permanentes.
|
Alguns exemplos: "Está se divertindo? Que bom que vocês se dão bem!"
|
"Obrigada por ficar quietinho. Que bom que se comporta
assim nos restaurantes". Como
|
nos exemplos anteriores sobre personalidade e comportamento,
podemos começar com
|
algo específico e nos referimos a isso como algo permanente. Quando digo:
"Você
|
fica
|
tão quietinho no restaurante", estou me referindo a esse
comportamento como algo
|
contínuo e permanente. É
|
bem diferente de: "Bem,
|
até que enfim
|
você ficou quieto em
|
um restaurante! Quem dera fosse sempre assim". Nesse caso,
estou partindo do
|
Este arquivo compõe a coletânea STC
|
www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br
|
Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
|
Acesse – www.megacursos.com.br -
|
80
|
princípio de que a criança
|
não
|
fica sempre quieta. A única razão de eu querer que ela
|
fique quieta é justamente o fato de ela geralmente
não ficar.
|
Embora tenhamos apresentado os pares "comportamento e
personalidade" e
|
"temporário e permanente" para
simplificar, eles são mais eficientes quando usados em
|
conjunto.
|
Comportamento
|
e
|
temporário,
|
no caso de mau comportamento;
|
personalidade
|
e
|
permanente,
|
no caso de comportamentos que queremos incentivar.
|
Respeito à criança
|
Neste capítulo, partimos do pressuposto de que os "comportamentos que
|
queremos incentivar" são os que beneficiam também a criança e os "maus
|
comportamentos" são os que a tornam infeliz ou lhe
criam problemas. Esses métodos
|
não funcionarão se não levarmos em consideração os desejos e necessidades da criança
|
e simplesmente tentarmos moldá-la dentro de uma idéia rígida de como achamos que
|
ela
|
deva
|
ser.
|
É por isso que começamos este capítulo ensinando a habilidade de
colocar-se na
|
pele da criança. Com a experiência de adulto
|
e
|
o conhecimento do que é ser uma
|
criança, podemos chegar a soluções adequadas para os problemas.
Conhecendo e
|
respeitando o mundo em que a criança vive, podemos mostrar-lhe como
aprender novas
|
reações e comportamentos que a ajudarão a viver uma vida feliz e satisfatória.
|
Isso é apenas um pequeno exemplo de como os métodos e as descobertas da PNL
|
podem ajudar as crianças a se tornarem adultos felizes,
capazes e responsáveis. Estamos
|
planejando publicar um livro que tratará da educação dos filhos: chamar-se-á
|
Como
|
criar seus filhos de maneira positiva (Parenting
positively).
|
Este arquivo compõe a coletânea STC
|
www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br
|
Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
|
Acesse – www.megacursos.com.br -
|
81
|
COMO SER FIRME DE MANEIRA
|
RESPEITOSA
|
Existe uma antiga anedota sobre um senhor que foi ao médico queixando-se de
|
que tinha um movimento intestinal regular, todos os dias, às 8h30 da manhã. O médico
|
ficou surpreso e disse: "Muitos dos meus pacientes idosos
adorariam ter um movimento
|
intestinal regular. Por que o senhor acha que isso é um problema?" O paciente
|
respondeu: "O problema é que nunca acordo antes das
9h30!"
|
Embora seja uma anedota, trata-se de um exemplo do que chamamos
de
|
remodelagem de contextos: um comportamento que é bom em um contexto torna-se
|
ruim em outro (e vice-versa). Queremos demonstrar dois pontos
com o exemplo acima.
|
Primeiro, a velocidade com que a mente do leitor reavaliou a
situação do senhor quando
|
percebeu que ele só acordava após as 9h30 da manhã. Assim que essa informação ficou
|
clara, a imagem interna da situação do idoso mudou
|
instantaneamente,
|
o leitor passou a
|
vê-la
|
de maneira diferente.
|
O segundo ponto é que a anedota, assim como a mudança na percepção da pessoa
|
que a leu, é o resultado de uma pressuposição. O fato de que ele acorda após as 9h30
|
pressupõe
|
que ele ainda está na cama às 8h30, embora nada tenha sido
|
dito
|
a respeito de
|
ele estar na cama até aquela hora. As pressuposições podem ser usadas para ajudar as
|
pessoas a perceberem situações problemáticas de maneira diferente. Embora
pareça que
|
estou apenas "falando" com os clientes de que trataremos
neste capítulo, o que digo é
|
sempre dirigido para mudar as pressuposições que criam ou mantêm o problema que
|
eles querem solucionar.
|
Para conseguir um aumento de salário
|
Claire, doutora em psicologia, trabalhava num importante
hospital-escola, de uma
|
grande cidade e também mantinha um consultório médico. Ela começara na clínica de
|
psicologia do hospital-escola onde continuava trabalhando.
Achava seu trabalho
|
satisfatório e compensador, e também sabia o quanto era importante.
Entretanto, não
|
conseguia convencer seu diretor a lhe dar a compensação financeira que outros
|
recebiam.
|
Claire estava participando em um dos nossos seminários de PNL e nos pediu
|
ajuda para solucionar esse problema. "Quero ser capaz de
falar com meus chefes,
|
sobretudo os homens, sobre questões de salário." Ela nos fez esse pedido
com um ponto
|
de interrogação na voz. Sem dúvida sentia-se insegura sobre a
possibilidade de
|
conseguir isso.
|
9
|
Este arquivo compõe a coletânea STC
|
www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br
|
Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
|
Acesse – www.megacursos.com.br -
|
82
|
"Já pedi aumentos antes", explicou, "mas não me senti à vontade e não obtive o
|
que desejava. Isto já aconteceu várias vezes com outros chefes. Toda
|
vez
|
que pedi um
|
aumento, nunca o consegui, e a cada vez sinto-me um pouco
pior".
|
Quando lhe pedi mais informações a respeito de sua dificuldade,
percebi que
|
Claire começava a se sentir derrotada muito
antes de entrar no escritório do diretor:
|
"Um outro funcionário, com uma formação igual à minha, foi contratado três anos
|
depois de mim com um salário bem maior que o meu. Ele não tem o mesmo nível de
|
responsabilidade que eu tenho, e ainda assim tem benefícios maiores — mais tempo de
|
férias, mais possibilidades de viajar e assim por diante. Por
isso, da última vez que pedi
|
um aumento, senti como se estivesse jogando com cartas marcadas.
É como se houvesse
|
uma série de coisas acumuladas contra mim". (Claire faz uma série de gestos para a
|
direita.)
|
"Então é assim que você constrói suas imagens internas? De uma série de coisas
|
acumuladas contra você, antes de entrar no escritório do diretor?"
|
"É", respondeu Claire.
|
Após várias perguntas, percebi que Claire construía uma série de imagens mentais
|
em que tudo estava contra ela. Quanto mais imagens ela construía, pior se sentia.
|
Fazendo isso antes de entrar no escritório do diretor, era lógico que Claire sentisse que
|
nada iria dar certo. Antes mesmo de pedir o aumento, fazia com
que seu pedido
|
parecesse hesitante e pouco convincente.
|
A pessoa que julga estar fadada ao fracasso vai agir de forma não-verbal diferente
|
da que tem uma atitude mais otimista. Se alguém entra no escritório do diretor achando
|
que seu pedido será recusado, ficará mais fácil para o diretor recusá-lo.
|
O mesmo acontece em outras áreas de nossa vida. Suponhamos que
duas pessoas
|
nos convidem para ir ao cinema. A primeira chega com cara de
desculpa, com a cabeça
|
baixa, como se esperasse uma recusa e achasse que seu convite não merecesse ser
|
aceito. Essa atitude nos dá vontade de fazer outra coisa?
Imaginemos que a segunda
|
pessoa faça o convite de maneira atraente. Tem um olhar agradável e convidativo e sem
|
dúvida também acha a idéia bastante interessante. Com qual
das duas
|
preferiríamos
|
ir
|
ao cinema?
|
Fiz mais perguntas a Claire sobre o que achava que estava
"acumulado contra
|
ela". O homem que, apesar de ter a mesma formação que ela, ganhava um salário maior
|
tinha um bom relacionamento com o diretor. Os dois saíam para jantar, contavam piadas
|
um ao outro e o diretor o visitava com freqüência. Claire não achava apropriado fazer a
|
mesma coisa.
|
Claire contou que, além desse problema, o diretor
financeiro estava dando falsas
|
informações ao diretor-geral. "Na última vez em que pedi um aumento,
meu chefe disse:
|
'Adoraria dar-lhe um aumento, você merece. Mas nosso diretor
financeiro diz que não
|
temos dinheiro sequer para pagar a conta de telefone este mês'. Quando fui perguntar ao
|
nosso contador, ele me disse que acabáramos de receber 260 mil dólares!"
|
"E por que não voltou à sala do diretor e disse: 'Acabo de
saber que temos 260 mil
|
dólares. Será que nossa conta de telefone é mais do que isso?' " Claire e
o resto do grupo
|
Este arquivo compõe a coletânea STC
|
www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br
|
Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
|
Acesse – www.megacursos.com.br -
|
83
|
riram.
|
"É que isso aconteceu
|
pouco
|
antes de eu vir para este seminário. Portanto, ainda
|
não conseguia fazer nada."
|
Claire continuou a explicar como se sentia mal ao pedir um
aumento. "Há muito
|
mais coisas por trás disso. Em todos esses anos, nunca
fui tratada com consideração por
|
meus chefes. Quando comecei neste último trabalho, tinha de marcar
ponto, fazia
|
muitas horas extras. No final do ano, eles me deviam três meses de horas extras. Mas
|
ignoraram o fato, dizendo: 'Não podemos lhe pagar. De agora em
diante, não precisa
|
mais marcar ponto, mas não pagaremos as horas extras que lhe
devemos'."
|
Neste ponto, eu já tinha exemplos suficientes sobre a
maneira de pensar de Claire
|
para poder ajudá-la a pensar de forma diferente e a
se sentir mais confiante.
|
"Claire,
|
muitas coisas
|
desse tipo
|
aconteceram
|
no passado. Você não tem apenas
|
um
|
exemplo,
|
mas
|
vários."
|
Disse isso com entusiasmo, como se fosse algo maravilhoso,
|
para que ela ficasse curiosa de saber
|
em que sentido
|
era maravilhoso. "A questão é:
|
Como seria possível você pegar todos esses exemplos",
eu disse, gesticulando para o
|
local onde ela via todos eles, e, ao invés de
|
pensar
|
que tudo isso é desvantajoso ao
|
começar uma negociação, pensar: 'Ora, tenho
|
um número imenso
|
de informações e
|
indícios que apóiam o meu pedido' e tirar disso uma
sensação de força e poder?"
|
Embora tivesse colocado a questão como se fosse uma pergunta, meu
objetivo era que
|
Claire começasse a ver sua história anterior "negativa"
sob uma nova perspectiva.
|
Sugeria que ela passasse a pensar em tudo aquilo como uma
vantagem. Enquanto eu
|
falava, fiquei observando bem Claire, para ver se ela aceitava
bem a proposta.
|
Claire começou a sorrir enquanto eu falava.
Estava pensando nos mesmos
|
exemplos que a fizeram sentir-se mal e fracassada antes, mas
agora parecia uma pessoa
|
forte. Sem dúvida, estava mudando o
|
significado
|
dos acontecimentos anteriores. "É uma
|
boa idéia", disse, com um sorriso.
|
"É mesmo. Porque, se eles a tivessem tratado injustamente apenas
uma vez,
|
poderiam lhe dar uma desculpa qualquer do tipo: 'Bom, isto é por causa daquilo'. Mas,
|
com todo esse histórico, o que eles poderiam
dizer?"
|
"Bem..." Claire deixou que a nova perspectiva tomasse
mais forma. Parecia cada
|
vez mais capaz. "Obrigada!"
|
Expliquei ao grupo: " Claire
|
pensa vá
|
que todos os exemplos eram um motivo de
|
desesperança, ao invés de reconhecer que eles justificam o pedido de aumento e são, ao
|
contrário, uma razão para que ela se sinta bem ao pedir
o aumento". Embora eu falasse
|
para o grupo, o som vai em todas as direções, e meu objetivo era, na verdade,
solidificar
|
esse novo significado no contexto da experiência de
|
Claire.
|
Falei do problema como se
|
ele fizesse parte do
|
passado,
|
e enfatizei, de forma não-verbal, sua nova maneira de
|
pensar.
|
Claire estava rindo. "Obrigada. Já posso até ver o memorando que vou
escrever."
|
Claire parecia sentir-se bem. Mas o que aconteceria se ela
continuasse confiante,
|
pedisse o aumento e
|
ainda
|
assim recebesse uma resposta negativa? Será que ia se sentir
|
arrasada? Havia uma possibilidade de recusa, e eu queria ter
certeza de que Claire tinha
|
Este arquivo compõe a coletânea STC
|
www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br
|
Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
|
Acesse – www.megacursos.com.br -
|
84
|
uma maneira positiva de lidar com todas as possibilidades.
Primeiro, falei com o grupo
|
e observei a reação não-verbal de Claire, para ter certeza
de que estava reagindo bem.
|
"Queremos que Claire esteja preparada para qualquer
possibilidade, não é
|
mesmo? Quando entro numa negociação, gosto de saber qual é o meu limite e ter
|
opções positivas. Assim, não me sinto pressionada a aceitar um
acordo que não me seja
|
favorável. Gosto de saber que, aconteça o que acontecer, continuarei tendo
boas
|
alternativas, e que no final ficarei numa boa posição."
|
Antes de mais nada, queria ter certeza de que Claire usaria a
confiança recém-
|
adquirida de uma forma positiva. "Quando peço algo, gosto de apresentar as
|
informações de que disponho de uma maneira positiva, de modo a me tornar
uma aliada
|
da pessoa com quem estou falando. Numa situação como essa, eu diria: 'Estou
|
verdadeiramente comprometida com esta empresa e gostaria de
continuar trabalhando
|
aqui. Imagino que você não soubesse disso. É muito importante para mim, e acho
que
|
também para você, ter funcionários que se sintam realmente
comprometidos com a
|
empresa. Quero continuar da maneira como tenho sido todos esses
anos e é por isso que
|
vim conversar. É importante para mim que isto seja
resolvido de uma forma justa tanto
|
para mim como para você'.
|
"Esse tipo de abordagem tem muito mais possibilidades de
sucesso do que uma
|
atitude de queixa ou censura: 'Você já devia ter feito isto há muito tempo etc.' Com essa
|
atitude, terei muito menos chances de conseguir o que quero.
Mas, se mencionar as
|
intenções positivas da pessoa e descrever meu pedido como algo benéfico para a
|
empresa, tenho muito mais chances de obter o que quero."
Claire concordava com a
|
cabeça.
|
Disse tudo isso para ter certeza de que Claire saberia
apresentar seu pedido de
|
forma que possibilitasse uma aceitação e também lhe desse opções no caso de receber
|
uma negativa. Ao descrever minha própria experiência, ao invés de dizer a Claire o que
|
fazer, eu lhe dei a possibilidade de escolher as partes que ela
achasse úteis, deixando o
|
resto de lado.
|
Depois, quis ter certeza de que ela tinha um plano preparado,
mesmo no caso de
|
mais uma vez ver recusado o seu pedido. "Mas, mesmo quando
me saio muito bem, não
|
posso garantir que a outra pessoa vá ter uma atitude razoável. O diretor ainda pode
|
responder: 'Bom, mas não concordo com você', sem reconhecer o valor da minha
|
participação, mesmo que eu tenha certeza dela. Se isso acontecer, quero
estar preparada
|
para que, independentemente do que ele faça, possa me sentir bem."
|
"Uma opção seria obter maiores informações sobre o que seria necessário fazer
|
para obter um aumento de salário. Claire poderia dizer: 'Veja, há algumas coisas que
|
acho importante dizer agora. Não sei se você realmente dá valor ao que tenho feito. Mas
|
sei o que significa para mim, e queria que entendesse isso. Porém, se você não dá a isso
|
o mesmo valor que eu, gostaria de saber exatamente o que preciso
fazer para que você
|
passe a me valorizar mais. O que preciso fazer para obter um
aumento de salário?"
|
É
|
possível que, embora Claire estivesse trabalhando muito bem, o
diretor tivesse
|
observações a fazer a respeito de algum aspecto do seu trabalho, o que
justificaria a
|
recusa de aumentar seu salário. Queria ter certeza de que
Claire saberia descobrir a
|
prova de que o
|
diretor
|
precisava para julgá-la merecedora de um aumento. Então ela
|
Este arquivo compõe a coletânea STC
|
www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br
|
Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
|
Acesse – www.megacursos.com.br -
|
85
|
poderia decidir se valia a pena tentar fazer o que ele desejava.
Claire continuava a
|
concordar enquanto eu analisava cada uma das possibilidades. Sem
dúvida, estava
|
acostumada a reunir esse tipo de informação.
|
"Então, Claire, e se o diretor disser: 'Sinto muito, mas não acho que isto seja
|
suficiente para a empresa'?. Você já tem outras opções?"
|
"Sim, uma delas seria me dedicar mais ao meu consultório particular." Claire
|
passou a mencionar as outras opções, entre elas trabalhar meio
expediente no hospital e
|
aumentar o número de horas do consultório particular.
|
"E essas outras opções lhe parecem mais atraentes, caso
o diretor dissesse 'não'?"
|
"Sim, são mais atraentes."
|
Muitas pessoas sentem-se mal quando comparam o que acham que
outras pessoas
|
deveriam fazer
|
com o que elas
|
estão fazendo.
|
Como não temos controle sobre o que os
|
outros fazem, isto nos coloca em uma posição de inferioridade. Eu estava
colocando a
|
situação de forma que Claire pudesse fazer uma comparação
|
diferente.
|
Ela iria se sentir
|
mais forte se pensasse em
|
sua própria opção atraente,
|
ao invés de pensar que a diretoria
|
não estava fazendo a coisa certa.
|
Depois, quis saber se faltava algo e pedi a Claire que fizesse
outro teste em sua
|
imaginação: "Claire, queria que imaginasse que vai começar a conversa com seu chefe.
|
Como o fará? Vai marcar uma entrevista?"
|
"Vou. E também escreverei um memorando relatando
minha contribuição para o
|
departamento, todo o meu histórico, e propondo o salário que acho justo."
|
"E acha que vai se sentir mais à vontade e capaz ao fazer
isso?"
|
"Vou me sentir melhor. O que ainda me preocupa é que o diretor financeiro que
|
forneceu aquela informação incorreta vem agindo de maneira
falsa há anos, e talvez eu
|
não consiga a informação a tempo."
|
"E você acha que isso é uma limitação?" Mais uma vez, estou
tratando a
|
informação como oriunda do ponto de vista de Claire, não como verdade. Isso fará com
|
que ela depois possa adotar um ponto de vista mais eficaz.
|
"Sim, porque não terei acesso à informação quando estiver falando com o
diretor.
|
Por exemplo, o caso da conta de telefone. Só soube o que o diretor financeiro
fizera
|
depois."
|
"Como você poderá usar
|
isso
|
como um ponto a seu favor? O fato de que ele já
|
havia mentido antes?" Eu estava convidando Claire a usar o
fato passado para ajudá-la,
|
ao invés de pensar nele como um obstáculo.
|
"Acho que falaria com ele sobre o que aconteceu, dando-lhe
o exemplo da conta
|
telefônica. Acho que será
|
bom,
|
começar com isso porque irá diminuir a credibilidade do
|
diretor financeiro. Se ele tiver dado outra desculpa, não terá a mesma credibilidade
|
porque já mentiu antes." Claire falava com clareza e autoridade.
Voltei a me dirigir ao
|
grupo:
|
Este arquivo compõe a coletânea STC
|
www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br
|
Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
|
Acesse – www.megacursos.com.br -
|
86
|
"Se Claire achasse que não podia conversar sobre isso,
estaria impondo a si
|
mesma uma restrição desnecessária. Então, continuaria a se sentir mal. Mas
não se trata
|
de uma restrição a
|
ela,
|
porque
|
ela
|
não
|
está
|
mentindo". (Claire sorri.)
|
"Ela está
|
colocando as cartas na mesa, e está disposta a falar sobre
|
qualquer coisa.
|
Certo,
|
Claire?"
|
"Sem dúvida! Obrigada."
|
"E agora, quando pensa em ir em frente e colocar todas as
cartas na mesa..."
|
"Eu me sinto bem. Sinto-me
|
muito
|
bem."
|
"Claire não pode sair perdendo. Ela possui um
grande número de informações.
|
Ela
|
sabe o que é justo, do seu ponto de vista, e o
que quer. E, caso não consiga fazer o
|
diretor entender isso, tem opções melhores. Por que iria querer
continuar trabalhando lá
|
se eles não estiverem dispostos a reconhecer sua capacidade, da maneira
que ela merece
|
ser reconhecida? Neste caso, esta opção se tornaria menos atraente. O fato
de saber que
|
tem alternativas atraentes para qualquer eventualidade lhe dá a segurança necessária
|
para ser convincente."
|
"Certo", disse Claire, com confiança.
|
O que acabamos de fazer é juntar todas as pequenas mudanças de pontos de vista
|
que construí, de modo que Claire possa assimilá-las como um só "pacote".
|
Os resultados
|
Oito meses após nossa sessão, falei com Claire e ela relatou o
seguinte, com muito
|
entusiasmo:
|
"Funcionou muito bem. Consegui o aumento praticamente sem o
pedir! Quando
|
estava participando de um seminário em Oregon, a empresa passou por
um período de
|
transição e um novo diretor-geral estava sendo contratado. No primeiro mês depois que
|
voltei, havia dois diretores-gerais, por causa do período de transição. Aí eu pensei! 'Não
|
é o momento de pedir nada'.- Já tinha planejado tudo.
Conscientemente,
|
pensei
|
em
|
marcar uma entrevista quando tudo voltasse ao normal, e me senti
bem com isso.
|
"Então, certo dia, quando estava conversando com o novo diretor a
respeito de
|
outro assunto, me peguei falando sobre um aumento de salário.
|
Nem tinha planejado. Simplesmente, comecei a falar, com tranqüilidade, e ele
|
disse: 'Claro que você terá um aumento'. Foi o
|
meu primeiro
|
aumento. Depois consegui
|
outro. Numa circunstância parecida, estava conversando
com o diretor-geral sobre outro
|
assunto e disse que queria ser promovida a
professora-assistente. Ele disse: 'Claro,
|
vamos fazer algo a esse respeito. Seu cargo na empresa é ridículo'. Então, estou prestes
|
a conseguir essa promoção, junto com a qual virá um terceiro aumento de salário.
|
"Acho que tudo isso tem a ver com a minha mudança em relação ao problema que
|
eu tinha com chefes do sexo masculino. Antes da sessão que tivemos, sentia que não
|
merecia tanto quanto os meus superiores homens, mas agora tudo
mudou. Há uma
|
energia dentro de mim que me diz que 'sou capaz' e 'mereço ser recompensada', e esta
|
energia é notada pelas outras pessoas. Não sou insistente a esse respeito,
mas sei do que
|
Este arquivo compõe a coletânea STC
|
www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br
|
Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
|
Acesse – www.megacursos.com.br -
|
87
|
sou capaz e o que mereço. Deixo que minha capacidade venha à tona, e os outros
|
sentem isso.
|
"Por exemplo, eu estava aplicando um método de PNL para ajudar alguns
|
estudantes de medicina a superar a ansiedade causada pelas
provas, para que pudessem
|
obter resultados melhores durante os exames do Conselho de
Medicina. Há pouco
|
tempo, trabalhei com dois alunos que estavam tão ansiosos quando fizeram os exames
|
regionais que foram reprovados. Eles conheciam a matéria, mas não se saíram bem por
|
causa da ansiedade. Fiz uma sessão de PNL para ajudá-los a superar a ansiedade.
|
Quando fizeram os exames do Conselho Nacional, dois dias depois
de terem fracassado
|
no Regional, eles se saíram bem, com notas de 86
|
e
|
89 sobre 100. Este fato chamou a
|
atenção do nosso diretor educacional, que me pediu que apresentasse
uma proposta para
|
ensinar o método a todos os nossos alunos. E
disse ainda: 'Claro que você receberá um
|
aumento de salário por isso'."
|
O que aprendemos com esse exemplo
|
Claire sem dúvida tinha competência e capacidade suficiente para
justificar seu
|
sentimento de autovalorização. Se não tivesse, talvez tivesse perdido o
emprego, ao
|
invés de obter vários aumentos de salário. Às vezes, as pessoas nos perguntam:
"Mas
|
como saber se tenho capacidade e vou conseguir o aumento ou se
vou perder o
|
emprego?" Do ponto de vista prático, podemos lidar com essa
pergunta mais facilmente
|
se deixarmos de fora a questão do "merecimento". Pensar
sobre "o quanto
|
mereço"
|
pode
|
me colocar numa posição de superioridade que talvez me faça agir de maneira rígida e
|
arrogante — atitude à qual as outras pessoas não reagiriam bem. Conheço muitas
|
pessoas extremamente capazes e que sem dúvida "merecem" ganhar
muito mais do que
|
ganham. Há ocasiões em que achávamos que "merecíamos" ganhar muito mais do
|
ganhamos. Mesmo que tivéssemos razão, isto não significa que o dinheiro estivesse
|
disponível, ou que as outras pessoas tivessem a mesma percepção de valor que nós.
|
Ao invés de tentar adivinhar "Quanto mereço?", é muito mais simples perguntar:
|
"Quanto alguém estaria disposto a me pagar por
isto?" A partir daí, eu poderia
|
simplesmente considerar minhas outras alternativas e decidir
qual delas é a mais
|
atraente. Isso me dá o controle da situação, ao invés de depender dos outros.
|
Há momentos em que escolhemos opções menos lucrativas porque
satisfazem a
|
outros critérios importantes para nós: poderemos aprender algo
interessante com a
|
experiência, nosso trabalho ajudará a construir algo valioso e útil para as pessoas etc.
|
Mesmo que eu "mereça" mais, se alguém não estiver disposto a me pagar mais,
e se essa
|
for a minha melhor opção, então posso me sentir bem aceitando-a,
até que possa criar
|
uma melhor opção para mim mesma.
|
O que fiz com Claire foi muito simples. Mostrei-lhe como todas
as coisas que a
|
faziam sentir-se mal podiam ajudá-la em sua reivindicação. Também certifiquei-me de
|
que ela podia apresentar seu pedido de maneira positiva, que lhe
daria maiores
|
possibilidades de obter uma resposta favorável. E, por fim, fiz com que ela
tivesse
|
alternativas atraentes, no caso de receber uma resposta pouco
razoável, de forma que ela
|
se sentisse bem a respeito de suas opiniões, independentemente do que
acontecesse.
|
De certa forma, isto é o que sempre fazemos em nosso
trabalho: encontrar
|
maneiras de usar o passado a nosso favor, corrigindo o nosso
comportamento atual de
|
Este arquivo compõe a coletânea STC
|
www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br
|
Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
|
Acesse – www.megacursos.com.br -
|
88
|
maneira a ter mais possibilidades de sucesso e construindo opções positivas para todas
|
as possibilidades futuras.
|
Todos nós, às vezes, sentimo-nos sem opções. Mas, com freqüência, isto é
|
verdade de um único ponto de vista. Ver as coisas
de outros pontos de vista pode muitas
|
vezes nos ajudar a usar os mesmos incidentes de forma positiva.
|
Muitas vezes nos aconselham a olhar o "lado positivo das
coisas". Entretanto, esse
|
tipo de conselho só é eficaz quando mudamos nosso ponto
de vista. É desagradável
|
ouvir
|
que devemos olhar o lado positivo da vida quando não conseguimos vê-lo ou
|
quando isso não nos parece verdadeiro. As
ferramentas da PNL nos permitiram usar, de
|
maneira respeitosa, a maneira de pensar em Claire, assim como as
informações não-
|
verbais que ela nos dava, para tornar esse lado positivo muito
|
mais real
|
para ela do que
|
sua antiga maneira de ver a situação. A partir do momento em que isso
aconteceu, a
|
nova perspectiva tornou-se uma parte automática de sua maneira de pensar e de
agir.
|
O ex-marido e sua segunda mulher
|
Roxanne veio me ver, desesperada por encontrar uma maneira
melhor de lidar
|
com o ex-marido, Ron, e sua nova esposa, Sara. Roxanne e Ron
dividiam a custódia de
|
seus três filhos. Embora o acordo parecesse claro no papel, não era tão claro na prática.
|
Os dois anos que se seguiram ao novo casamento de Ron tinham
sido dominados pela
|
raiva, por palavras ferinas, brigas e infelicidade para ambos os
lados. Roxanne tentara
|
ser razoável desde o divórcio, ocorrido quatro anos antes,
esperando ser tratada da
|
mesma forma pelo ex-marido. Do ponto de vista de Roxanne, sua
atitude não estava
|
dando certo: nada estava funcionando. Achava que a pior parte do
acordo sempre
|
sobrava para ela, e estava ficando furiosa com isso.
|
Enquanto ela falava, era óbvio que estava muito chateada com o
fato de nada estar
|
dando certo, sobretudo com um incidente recente no qual Sara
havia decretado, de
|
maneira arbitrária, algumas restrições sobre o contato de Roxanne com
seus três filhos.
|
É muito fácil cair na armadilha do dramalhão, neste caso. Mas, à medida que Roxanne
|
falava, comecei a pensar como poderia ajudá-la a vivenciar a situação de maneira
|
diferente.
|
"Não quero ficar furiosa quando Sara e Ron tomarem atitudes
irracionais", disse
|
Roxanne. Seu descontrole emocional diante do que Sara e Ron
faziam tornava muito
|
difícil lidar com os dois. Mesmo que Sara e Ron fossem as duas
pessoas mais
|
irracionais da face da terra, se Roxanne conseguisse sentir-se
confiante e tivesse certeza
|
de que suas necessidades e objetivos seriam levados em consideração, ela se sentiria
|
bem melhor.
|
Ninguém pode controlar completamente o que os outros fazem, e todos nós já nos
|
deparamos com "situações difíceis", em que tudo parecia
estar contra nós. Podemos
|
ficar chateados, deprimidos ou com raiva porque "tudo está contra nós", ou encontrar
|
maneiras de obter o que desejamos mesmo quando os outros agem de
forma irracional.
|
Tornamo-nos muito mais fortes se observarmos o que podemos
controlar e usarmos este
|
elemento para obter o que queremos do que nos sentimos
desamparados em relação ao
|
que não podemos controlar. Sempre que possível, ajudo os outros a encontrarem
essas
|
opções.
|
Este arquivo compõe a coletânea STC
|
www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br
|
Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
|
Acesse – www.megacursos.com.br -
|
89
|
Fiquei contente ao ver que Roxanne já estava prestando atenção ao fato de ter
|
mais escolhas quanto à sua reação emocional. Eu lhe perguntei:
"Qual sua intenção
|
positiva ao ficar com raiva?"
|
"Bom, preciso ajudar meus filhos a crescerem e a
aprenderem", respondeu
|
Roxanne. "Fico zangada quando Sara e Ron intervém.
|
Suponho que minha
|
intenção positiva
|
seja certificar-me de que é possível levar
|
adiante meus planos. Em outras palavras, ser
|
capaz
|
de agir como desejo."
|
"Então, você acha que 'levar seus planos adiante' e 'ser
|
capaz
|
de agir como deseja'
|
é a mesma coisa?", perguntei. Eu
esperava que, ao lhe mostrar um pressuposto que ela
|
não havia examinado antes, Roxanne passasse a ver a situação com outros olhos. Queria
|
que ela percebesse que é possível agir como desejamos mesmo quando
um plano nosso
|
não pode ser levado a cabo. "Planos" e "ser capaz
de agir como se deseja" são duas
|
coisas distintas. Porém, como Roxanne não teve nenhuma reação ao que eu lhe disse,
|
tentei outra abordagem.
|
"De que forma o fato de não poder levar adiante seus planos
permitiria que você
|
agisse
|
melhor?
|
", perguntei. Ela pareceu confusa, e tive de repetir várias vezes a
|
pergunta até que ela conseguisse responder. Sua
confusão se devia ao fato de eu estar
|
lhe pedindo provas de uma crença
|
oposta
|
à que ela tinha. Ela ficava
incontrolavelmente
|
zangada porque achava que a interferência de Ron e Sara em seus planos fosse
uma
|
imensa limitação para ela.
|
"Suponho que isto estimula a minha capacidade
criativa", respondeu finalmente,
|
depois de pensar.
|
"De que forma isso estimula sua capacidade criativa?",
perguntei, para aumentar a
|
experiência de Roxanne em relação ao seu novo ponto de vista.
|
"Sempre que tenho um problema e não consigo resolvê-lo de imediato, isso
|
estimula a minha capacidade criativa. Acho que isso sempre
acontece", disse Roxanne.
|
Ela estava falando e agindo de forma muito mais positiva do que
pouco antes.
|
"Então, isso
|
sempre
|
acontece", eu disse, enfatizando o que ela dissera.
|
"Sempre. Agora estou me sentindo muito melhor", disse
Roxanne, num tom de
|
voz mais enfático.
|
Talvez
|
pareça
|
que estou apenas brincando com as palavras, mas não é verdade. A
|
experiência
|
de Roxanne estava se modificando, pois ela estava adotando uma
nova
|
crença. Queria reforçar ainda mais essa nova crença, dando-lhe novos meios de
|
sustentar sua reação criativa através de seus novos valores.
|
"De que maneira você acha que, ao demonstrar essa nova
reação, ela será positiva
|
e também funcionará como um ensinamento para seus
filhos?... Por exemplo, sua reação
|
será um exemplo para seus filhos. Eles aprenderão a reagir bem, internamente
falando,
|
mesmo que outras pessoas ajam de maneira irracional. Isto é algo que ficará com eles
|
para sempre. Mesmo que você não consiga levar a cabo seus planos
imediatos, a longo
|
prazo haverá vantagens. Mesmo que lhe cause um
aborrecimento superficial,
|
interiormente você saberá que isso pode se transformar em
algo positivo para seus filhos
|
Este arquivo compõe a coletânea STC
|
www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br
|
Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
|
Acesse – www.megacursos.com.br -
|
90
|
a longo prazo." Já que Roxanne estava preocupava com o
desenvolvimento dos filhos,
|
eu a estava ajudando a criar uma experiência que lhe permitiria usar o que
Ron e Sara
|
fizessem para criar um impacto positivo sobre seus filhos.
Roxanne concordou e me
|
disse que estava satisfeita com essa nova forma de compreensão.
|
A transição de Roxanne me parecia boa e rápida demais para ser verdadeira.
|
Como sua reação anterior tinha sido forte e
persistente, durante tantos anos, queria
|
verificar se seu problema estava completamente resolvido ou se
ainda era necessário
|
fazer algo mais. "Então, ao pensar em toda essa situação, existe algo que poderia
|
impedi-la de se sentir capaz?", perguntei.
|
"Ainda sinto um pouquinho de pânico e dúvida", ela respondeu,
pensativamente.
|
"Tenho uma dúvida persistente: 'E se desta vez eu
não sobreviver?'"
|
"Ah, quer dizer que você vai
|
morrer
|
porque outra pessoa está agindo de forma
|
irracional?", perguntei. Roxanne havia dito algo muito
radical, então exagerei para que
|
ela se desse conta de como aquilo era ridículo.
|
"Na verdade, não", disse Roxanne, rindo.
"É mais como se o mundo estivesse
|
desabando", explicou, mais séria.
|
"Ah, então não é que você vai
|
morrer
|
e sim
|
apenas
|
que
|
o mundo vai desabar?”
|
Estava de novo exagerando o que ela dissera, com um leve tom de
brincandeira na voz e
|
no olhar. Eu a estava convidando a observar o absurdo de algo
que um lado dela levava
|
muito a sério. Roxanne sorriu.
|
"Como é que você lida com esse pânico?", perguntei.
|
"Acho que ele vem do fato de eu não cuidar muito bem de mim",
confessou. Ela
|
contou sua experiência quando jogava basquete.
"Eu peço desculpas e saio do caminho
|
mesmo quando não devo. A vida inteira nunca me
permiti ter minhas próprias vontades.
|
Não me sentia segura em brigar por meus direitos. É como se eu achasse que se alguém
|
quer alguma coisa de mim, tenho de lhe dar o que ele está pedindo."
|
Sem dúvida, eu acabara de encontrar uma segunda crença que precisava ser
|
transformada.
|
Quando lhe perguntei: "Você acredita que as pessoas têm de ser justas?", ela
|
respondeu que sim.
|
Já que o conceito de "justiça" geralmente inclui o de
igualdade e reciprocidade,
|
essa crença de Roxanne podia ser usada para mudar aquela que lhe causava
problemas.
|
"Você acha que todos têm de pensar como você, neste caso? Se alguém quer algo
|
de outras pessoas, elas são obrigadas a lhe dar? É nisso que quer que seus filhos
|
acreditem?"
|
"Não."
|
Ao pedir-lhe que aplicasse seu padrão a outras pessoas, comecei a
diminuir a
|
força da sua crença. Isso geralmente dá certo quando a pessoa tem um
conjunto de
|
padrões para si mesma e outro para as outras pessoas.
|
Este arquivo compõe a coletânea STC
|
www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br
|
Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
|
Acesse – www.megacursos.com.br -
|
91
|
"O que a faz tão especial a ponto de achar que o
que é bom para você não serve
|
para outros?" Já que ela não se achava
|
merecedora,
|
reverti o seu pressuposto. Falei
|
como se ela estivesse recebendo um tratamento
|
especial
|
e disse que não achava isso
|
justo.
|
Roxanne riu.' 'Não sei. Um lado meu sente-se
indignado com isso''.
|
"E se você quiser algo de si mesma?",
perguntei. "Tem de dar isso a
|
si mesma!"
|
Agora, eu estava aplicando a mesma crença de que ela "tinha de dar
algo" de maneira
|
que ela ainda não tinha aplicado antes — a si mesma,
ao invés de aos outros.
|
"Acho que sim", respondeu Roxanne.
|
"O que você quer de você mesma que deva se dar?"
|
"Mais respeito, achar que tenho o direito de existir."
|
Ficou claro que Roxanne sabia do que precisava, mas ainda não estava se dando
|
aquilo. Sabia que ainda não havia conseguido a mudança desejada na experiência
|
interna de Roxanne, pois ainda não via a expressão não-verbal normalmente encontrada
|
nas pessoas que se amam. Vi que precisava mudar a abordagem para
encontrar um
|
exemplo que a fizesse modificar sua experiência.
|
"Na verdade, dar aos outros o que eles querem é uma boa regra a ser seguida",
|
disse, fazendo uma pausa para observar o impacto que lhe
causara. "Basta entender
|
exatamente o que isto quer dizer. Às vezes, as pessoas confundem o que
os outros
|
dizem
|
que querem ou pedem com aquilo que desejam
|
de verdade
|
— o que realmente vai
|
ajudá-las a ter uma vida melhor." Embora eu estivesse aceitando
a sua crença, começava
|
a fazer uma modificação importante no
|
significado
|
de "dar aos outros o que eles
|
querem".
|
"As crianças querem e exigem uma série de coisas. Querem doces, ou
querem
|
fazer o que acham certo. E você sabe que, se fosse dar a elas tudo
o que querem, isso
|
não daria certo a longo prazo. Elas estariam sendo educadas para
se transformarem no
|
tipo de pessoa que ninguém quer por perto. E isso não é o que elas
|
realmente
|
desejam.
|
Essas crianças iam acabar não conseguindo a qualidade de vida
que
|
realmente
|
desejam.
|
"Um adulto irracional não é muito diferente de uma criança irracional. Você sabe
|
como são as pessoas que sempre conseguem o que querem. Como nunca
aprenderam a
|
levar em consideração as necessidades dos outros, acabam
se tornando adultos que não
|
se dão com outras pessoas e têm muitos problemas por causa
disso."
|
"É...". Roxanne estava entendendo o que eu queria dizer. Sua
expressão não-
|
verbal havia mudado, mas eu percebia que a nova crença ainda não estava totalmente
|
"fundamentada".
|
"Da mesma maneira, se você não criar seu próprio espaço e se não estabelecer
|
suas prioridades, é isto que estará fazendo às pessoas que a cercam —
transformando-as
|
em pessoas que acham que todo mundo tem de fazer tudo por elas,
sem saber respeitar o
|
outro. E com isso você não estaria ajudando ninguém. Aliás, é a pior coisa que pode
|
acontecer a alguém que já tem dificuldade de levar as outras
em consideração."
|
Este arquivo compõe a coletânea STC
|
www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br
|
Este E-Book foi distribuído com a Coletânea MEGA CURSOS
|
Acesse – www.megacursos.com.br -
|
92
|
Primeiro, usei o exemplo das crianças, porque sabia que qualquer mãe o
|
entenderia. Depois, englobei os adultos e qualquer outra pessoa
em geral, de forma que
|
Roxanne pudesse reagir diferentemente com
|
qualquer
|
um, não apenas com Sara e Ron.
|
"Portanto, levar em consideração suas prioridades e vontades
|
é,
|
na verdade, o que
|
todo mundo realmente quer", resumi. "Senão,
|
eles
|
não terão um bom nível de vida. Isso
|
lhes trará problemas mais tarde." Neste ponto, Roxanne concordava
inteiramente
|
comigo. Seu corpo reagia a esta nova maneira de dar às pessoas o que elas
|
realmente
|
queriam. Ela estava assimilando a idéia.
|
"De que outra forma esta conscientização afetará a sua maneira de ser?"
perguntei.
|
Não importava o que ela responderia. Meu objetivo era fazer com
que
|
ela
|
pudesse
|
pressupor sua nova reação e aplicá-la de maneira mais abrangente em
outras situações,
|
para fundamentar melhor sua nova maneira de pensar.
|
Os resultados
|
Seis semanas depois, Roxanne contou como estava indo. "Tive
|
inúmeras
|
oportunidades de testar o que fizemos!", brincou.
"Quando Sara ou Ron faziam algo
|
irracional, sentia-me completamente diferente. Ria comigo mesma.
Na maioria das
|
vezes, era engraçado. O fato de me sentir diferente a
respeito do que eles faziam tornou
|
muito
|
mais fácil lidar com o aspecto prático da questão e obter o que queria para meus
|
filhos.
|
"Outra coisa interessante também aconteceu", continuou
Roxanne. "Desde
|
pequena, tinha um pesadelo que se repetia. Nunca conseguia me
lembrar exatamente do
|
que acontecia, mas sentia que ia ficando cada vez pior, até que acordava me sentindo
|
terrivelmente mal. Depois do meu divórcio, tive mais sonhos do mesmo
tipo. Após a
|
nossa sessão, tive o mesmo sonho, só que a sensação foi boa.
|
De certa forma, é o mesmo sonho, só que eu tinha a sensação de que era capaz e
|
acordei com uma sensação boa." Interpretei a mudança no sonho de Roxanne como uma
|
confirmação do seu inconsciente de que uma mudança importante e profunda havia
|
ocorrido.
|
Nos meses seguintes, Roxanne ainda teve certas dificuldades em
lidar com Ron e
|
Sara e algumas decisões difíceis a tomar. Entretanto, havia dado
um importante passo
|
para construir uma base mais sólida para si mesma. Ao mudar a
maneira de pensar sobre
|
si mesma, Roxanne sentiu-se mais
|
capaz,
|
e este sentimento fez com que ela pudesse
|
lidar com mais facilidade com suas dificuldades.
|
O tipo de pergunta que fiz a Roxanne é um aspecto importante no campo da
PNL.
|
O uso da linguagem desta forma específica pode transformar rapidamente
nossas
|
crenças e nos fazer chegar a novos pontos de vista. Quando realmente
vemos as coisas
|
de forma diferente, nossos problemas em geral desaparecem. Da
mesma forma que
|
mudamos rapidamente nosso ponto de vista sobre o idoso da
anedota que contei no
|
início do capítulo, podemos também modificar nossa perspectiva e
nossos sentimentos a
|
respeito da nossa vida. Essas mudanças não são dolorosas ou longas. Exigem apenas
|
que tenhamos uma forma diferente e aceitável de perceber os fatos.
|
Este arquivo compõe a coletânea STC
|
www.trabalheemcasaoverdadeiro.com.br
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário